Laila - Parte I

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"No amor somos injustos, porque supomos que o outro é perfeito."

Jean Paul

Ainda lembro com perfeição o dia em que o Alê despedaçou meu coração. Agradeço todos os dias por ter minha prima Beatriz comigo.

Bia uma vez me disse que se um dia meu coração fosse destroçado, ela me ajudaria a catar e a colar todos os meus caquinhos, desde os maiores aos microscópicos. E foi o que fez, juntamente com minhas demais amigas e irmã: Alice, Leonor, Emily, Lilian e Joana. 

Alê havia me enviado uma mensagem (isso era bem raro, tipo extremamente) vendo se podíamos assistir algum filme na casa dele. Aceitei de primeira, claro, já que todas as demais vezes que havia ido a sua casa era para fazer pesquisas ou enviar trabalhos na sua internet quando a minha estava ruim, sendo visitas bem curtas e todas marcadas por mim. Éramos amigos, mas não colados para um viver na casa do outro ou algo do tipo. Essa é a descrição da minha amizade com as meninas. Com ele só saia às vezes e era quando a barra já estava pesada demais para nós dois.

Assistimos a um filme de romance que havia sido lançado há pouco tempo. Li o livro ao qual o mesmo foi baseado e o adorei. Depois de relutância dele o assistimos, ele queria assistir ao com muito sangue e armas e guerras, mas venci a batalha de pedra-papel-tesoura! No final do filme, eu já havia chorado feito um bebê e ele sorria de mim demasiadamente.

Fiquei rapidamente brava e ele ria ainda mais.

- Fica linda bravinha Laila. – Disse sem fôlego se dobrando de tanto rir.

Mostrei a língua para ele como gesto de desdém, ele apenas sorriu por mais alguns minutos e depois de ter ameaçado tocar fogo na casa dele enquanto dormia ele parou e decidiu por assistirmos vídeos na internet. Desta vez rimos juntos das loucuras que encontramos na rede.

- As pessoas fazem cada coisa para ganharem seus 5 minutos de fama. Dói a barriga de tanta bobagem. - Disse sem ar de tanto rir.

- Não é?! - Alê disse rindo também. - Ei, mas mudando COMPLETAMENTEFalou como o Otaviano Costa do Vídeo Show e continuou – quer ouvir algumas músicas que achei quando bestava na internet e gostei?

- Claro, mas não podemos demorar muito. Meus pais me matarão se chegar muito tarde. – Informo já me arrumando na cama para ficar mais confortável. Minhas costas estavam me matando por ter ficado tanto tempo na mesma posição.

Mas depois de meia hora ouvindo música, Alê começou com uma brincadeira besta de cócegas. Ele fazia mais em mim que eu nele, já que seu corpo grande e atlético para um cara de dezessete anos me impossibilitava de me mover. Demos um tempo para poder respirar. Meu corpo estava coberto por uma leve camada de suor e percebi que o dele também. O vento frio do ar-condicionado grudava na pele e era uma coisa muito excitante. 

- Cara, isso cansa muito! – Constata Alê ofegando.

- Eu que o diga! Você não me deixava nem me mexer! – Falo bufando. – Isso não é justo! Tem que ter igualdade nesta bodega. – Concluo com firmeza e sorrimos da minha atuação.

Paramos de sorrir quando nossos olhares se encontraram. Seu corpo estava próximo ao meu, mas não se tocavam, então ele levantou a mão e começou a contar minhas costelas. Para uma pessoa que se acha extremamente magra como eu isso magoa um pouco, mas o empurro num gesto de brincadeira e o repreendo.

- Ei Alê, deixa de ser babaca. - Ele sorri, mostrando seus dentes branquinhos e retinhos para mim emoldurados por uma boca bem desenhada e carnuda. - Isso não é legal, me sinto mais magra que já sou.

- Mas você não é tão magra boba. Seu corpo é lindo para uma pessoinha tão pequenininha. - Disse ele enquanto o mostrava a língua e revirava os olhos.

Parecíamos duas crianças, mas sempre quando estávamos juntos éramos assim.

- Não sou não. Sou magra demais. – Insisto com braveza. 

- Não... Gorda! – Exclama se aproximando mais ainda de mim.

Uma sirene começou a tocar na minha cabeça, minhas mãos começaram a transpirar demais e meu rosto recebeu uma grande irrigação, porque ficou scarlet e ele simplesmente me beijou. Fiquei tensa, pois não esperava que isso fosse acontecer assim, mas logo me deixei levar por ele. Seu corpo tão grande me acolhia tão bem, suas mãos quentes percorriam meu corpo e meu cabelo, enquanto as minhas estavam em seu peitoral e braços definidos, sua boca era tão suave e firme ao mesmo tempo na minha. Ele estava em todos os lugares.

Não podia me reter com ele. 

Não com ele.

Ficamos nos beijando por minutos a fio, ou talvez fossem horas, ou dias. Não sei! O tempo não importava quando tudo se resumia em mim e ele, juntos, nos beijando e nos contorcendo nos braços um do outro.

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora