"O ciúme tem as suas raízes, mais no egoísmo do que no amor."
Henry Longflellow
Vejo a cara de Rodrigo de indignação ao ver o irmão levantar e sair desfilando até a casa sem dizer nada. Ele ficou lá sozinho e sento um pouco de pena, apesar de ele não precisar já que ele que não participa das nossas brincadeiras, mas enfim, tinha que bancar o anfitrião.
Olho para Laila que está no meu colo e vejo que também estava observando ele.
- Quer ir comigo "fazer sala"? - Pergunto a ela que está com sem óculos e precisa franzir um pouco o rosto para poder enxergar um pouco melhor de longe.
- Hmm, não. Prefiro ficar aqui curtindo minha cegueira, já que as meninas me obrigaram a vir para a piscina sem meus óculos. Você sabe, fico muito incomodada sem ele! - Responde chateada e perturbada. É tão linda com óculos e sem fica mais linda ainda, apesar de que perdida.
Sorrio dela e assinto uma vez. Pouso minha mão que está livre, já que a outra está em sua cintura, em seu rosto e ela o desce até topar sua testa a minha, esfrega seu nariz pequeno no meu em um beijinho de esquimó e logo a puxo para um beijo de verdade. Tento me controlar, já que ela está simplesmente um pedaço de bom caminho (pense num bom caminho) e ainda por cima sentada em meu colo.
Quase tive um derrame ao vê-la com aquele biquíni, ela é minha namorada e não deveria está mostrando o corpo assim, a não ser para mim! Controlo meu ciúmes ao mesmo tempo quero puxá-la para mim e fazer tudo que imagino um dia fazer com ela, mas a respeito e prometi a mim que esperaria o seu tempo. Depois de o susto ter passado, veio o deleite. Ah, como era bom ver Laila assim!
É um paraíso, suas curvas são cartões postais, como diria Projota. É tão baixinha que parece uma boneca que de algum jeito sinistro criou vida e pulou da prateleira. Sua pele bronzeada, seus cabelos negros e longos, seus olhos castanhos que diz tanto. Tudo fecha um pacote perfeito.
Enfim. Dou uma leve palmada abaixo da sua cintura para que ela levante-se de mim, para que eu possa me levantar também. Ela logo toma a espreguiçadeira e puxa o livro que trouxe para ler enquanto suas amigas não a notem sozinha e a arrastem para a piscina. Eu vou fazer companhia a Rodrigo.
Sento ao seu lado e graças a Deus o cigarro que ele estava fumando havia acabado e não se via nenhum maço com mais. Odeio o cheiro, pelo menos o dele era disfarçado com a hortelã, na verdade esse era seu cheiro desde que me lembre.
Ele é mais velho uns sete anos e ele sempre foi assim "na dele", mas lembro de uma época ao qual eu e Alê éramos pirralhos com os rostos cheios de espinhas e magricelos, em que ele era mais feliz e depois que ela passou ele voltou a ser como era, só que pior. Parecia devastado e continua assim até hoje.
Amargo, seria a palavra que usaria para descrevê-lo.
Ele que nos ensinou como "pegar e não se apegar", a conquistar e ter quem quiséssemos aos nossos pés. Eu era bom. Alê era bom. Rodrigo era ótimo. Ele sabia descartar uma garota sem nem piscar como se ela fosse às bitucas de cigarro que ele esmaga com o pé. Nós o achávamos um máximo, mas depois mudou para cruel e por isso eu, os caras e até mesmo Alê não o seguíamos como cães adestrados.
Vendo ele aqui deitado nessa espreguiçadeira com um óculos estilo aviador e uma sunga verde, me mostra que faz muito tempo que isso aconteceu. Ele se tornou mais solitário depois de um tempo, mas precisamente três anos. Nem ao menos ele segue o que nos ensinou quatro anos atrás, pelo menos não como antes.
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O garoto da frente
Teen FictionLaila é uma menina meiga, estudiosa, linda, pequena, muito forte já que tem que ser a normal da sua família complicada demais e perdidamente apaixonada por Alê, o garoto da frente. Alê é um o filho mais novo de uma família workaholics (viciados em...