O garoto da frente

Parte II

"Há duas espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos."

Mario Quintana

- Cara estou cansado, não aguento mais levar essas toras de madeira. Eu parei! - Diz Lucas colocando seu lado ator para fora.

Eu e os demais caras estamos arrumando um pedaço da praia em frente à casa de Jorge para fazermos um pequeno luau privado. A ideia foi das meninas, que estão preparando algumas coisas para comer hoje mais tarde lá dentro e nós estamos aqui fora levando as madeiras para o fogo e outras mais planas para poder ser colocado os travesseiros e lençóis.

Não sei de onde aquelas malucas tiraram a ideia, mas achamos bem legal já que vai ser algo diferente do que fizemos nos últimos meses.

- Deixe de ser fresco Lucas, vamos me ajude aqui. - Eu disse zoando ele enquanto levantava parte de uma madeira plana e meio pesada até o local escolhido, que é bem perto do mar, mas estrategicamente pouco antes de onde a água vai estar quando a maré subir.

Os gêmeos, em vez de estarem fazendo algo de útil para o luau, estão brincando jogando água salgada uns nos outros como duas crianças na parte rasa. Gabi joga um punhado de areia molhado em Rafa que tenta desviar e acaba caindo se molhando todo e ninguém consegue conter o riso, a gargalhada foi geral. Ele levanta sorrindo também e corre passando por mim e por Lucas, que já soltamos a taboa para rir, em direção a Leonor que está sorrindo contidamente com uma toalha para ele.

- Do que estão sorrindo mesmo? - A voz doce e levemente manhosa de Laila invade a praia.

Ela está com um short curto verde de bolinhas pretas e uma regata preta, o cabelo negro e logo está se soltando do coque que ela fez e nas mãos ela traz umas cinco almofadas grandes, a pilha chega até o seu queixo. Seu sorriso é amplo e sereno, seus olhos chocolates passam por mim e vejo que eles ainda brilham e crescem mais a me ver, mas logo se desviam e tem um efeito parecido com o olhar que lança a Jorge que está mais atrás de mim no local da fogueira arrumando as toras para montar a fogueira, é mais terno para ele e intenso para mim.

Agora ele passa por mim dando um soquinho em meu braço e bagunçando o cabelo de Lucas como um tio chato e segue em direção a ela que agora sorri mais abertamente. Logo ao chegar a ela, ele toma os travesseiros dela e a beija com suavidade enquanto faz isso.

- Deixa comigo pequena, pegue outra coisa para levar. - Fala piscando para ela que revira os olhos meigamente e replica:

- Ai Jorge! Eu posso levar esses travesseiros até a fogueira! Eu não sou tão fraca assim. - E ao terminar mostra sua linguinha pequena e rosada.

Ele gargalha e a beija novamente.

- Fica mais linda bravinha. Eu sei meu amor que você é forte, mas eu quero fazer isso para você. Vá pegar outra coisa tipo, os lençóis que serão postos também. – Insisteele.

 - Bobo... - Diz ficando nas pontinhas dos pés e ele abaixa um pouco para ajuda-la e o beija.

Aquela cena me revira o estômago, mas não consigo desviar o olhar, pois era para ser eu ali!

- Ei Bela Adormecida - Diz Lucas estalando os dedos na frente dos meus olhos. - Acorda Alê vamos deixar essa taboa hoje ou vamos ficar assistindo os pombinhos beijando? Por que se for assim vou lá dentro pegar um balde de pipoca. Prefere doce ou salgada?

- Não viaja Lucas, vamos logo com isso para terminar o mais rápido possível para você poder voltar correndo para a Lili. Sei que está com saudades... - Falo com um sorriso malicioso que ele sorri e me dá um soco no braço (vou ficar com vários hematomas assim, meu Deus) e continuamos nosso caminho.