Capítulo II: Fugimos da Área mais restrita e segura dos EUA...Ops!

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Se você nunca acordou com o barulho de muitas pessoas correndo, se considere com sorte! Em transe, devido ao sono, quase levantei e corri junto... A não ser por um detalhe: eu estava trancada!

Levantei da cama com um pulo, colocando-me de pé. Reparei que nosso corredor estava totalmente escuro. Luzes de lanternas apareciam no corredor. Aproximei-me das grades.
-George... -chamei-o sussurrando.
-Estou acordado, Tory.- anunciou ele, se levantou.
-O que você acha que está acontecendo? - perguntei, um pouco assustada.
-Eu ainda não sei, mas já descubro.- e então ficou mudo e colou sua orelha na parede oposta.

Fiquei agoniada. O Setor nunca tinha ficado assim antes. Era um breu total. Eu conseguia sentir a tensão forte no ar.
- Eles disseram que estamos sem energia elétrica. O prédio todo. Que em quinze minutos vão ligar os geradores de emergência. É para todos ficar calmos que tudo está sobre controle. To, as trancas das nossas celas... Elas são elétricas, não são? - perguntou ele.
-Sim, são. Eles digitam uma senha para abri-las e fechá-las.- contei, sentindo meu coração bater forte.
-Será?-perguntou George para si mesmo, indo na direção de sua porta.

Observei-o mexer em alguma coisa que meus olhos não conseguiram identificar o que era. De repente, ele sumiu na escuridão e eu não ouvi mais barulhos dele. Oh, meu Deus! O que estava acontecendo? Toda a A-51 estava uma grande bagunça. Minha porta foi aberta com violência e Gê apareceu na passagem.
-O que você está fazendo? - perguntei.
-Vamos fugir, Tory. É a nossa chance. - anunciou ele, animado.
-O quê? Não... Não vai dar certo. - exclamei, inspirando grandes porções de ar.
-Vai sim. Vamos sair daqui e ter uma vida normal. Estou cansado de ser tratado como um maldito experimento nesse lugar. Eu sei que você também está. Vem,Tory! Foge comigo!- afirmou ele determinado, esticando a mão.

Olhei para os dois lados, preocupada e segurei firme em sua mão. Ele me puxou para fora da minha cela e disparamos pelo corredor. Os corredores estavam extremamente cheios. Corríamos, tropeçamos e desviamos de lanternas a todo momento. Naquela hora, o escuro era nosso esconderijo. Gê parou do nada, parecendo perdido. Tomei a iniciativa e o puxei em direção a outro corredor.
-Tem uma saída lateral por aqui. É por onde os funcionários saem! Já vi algumas pessoas a usarem. - expliquei, correndo.

Ele assentiu e apertou mais minha mão. Eu ia reclamar que daqui a pouco eu não teria meus dedos se continuasse a apertar daquele jeito, mas decidi que ali não era o melhor lugar para isso. Paramos diante a uma porta grande e a empurramos, forçando sua abertura. Tinha um caminhão parado e dois soldados conversava ao seu lado.
- O quê? Vou ter que voltar com essas armas para Las Vegas? Mas porque? - perguntou um soldado.
-Isso mesmo. Estamos sem energia aqui e lá dentro está um caos total. É melhor você ir e voltar amanhã, antes que algo de ruim aconteça e te culpem por isso. - respondeu o outro soldado.
-Claro. Um dos et's que eles tem guardado podem sair correndo e eu não quero atrapalhar a sua fuga. Vai que ele quer fazer contato!- propôs ele ironicamente.

Olhei o caminhão e vi sua traseira com a porta aberta. Desviei o olhar e voltei a atenção para George. Ele concordou com a cabeça. Transporte de Fuga:OK. Equipamentos: não! Plano: Também não!

-Exatamente isso. Também descobri que eles tem umas crianças aí que são meio diferentes. -contou o soldado 1.
-Então, vou nessa. Não esquece de ligar para a mamãe a noite. Tchau, mano!- despediu-se o soldado 2.
-Ok. Se cuida!- e o Soldado 1 abraçou seu irmão.

Era agora ou nunca. Enquanto eles se despediam com um abraço, puxei Gê em direção do caminhão, mais rápido que pude. Abrimos a porta devagar e pulamos para dentro. Encostamos na parede mais próxima e ficamos completamente mudos, assim que ouvimos o soldado 2 vindo trancar a porta. Ele caminhou em direção a cabine e logo estávamos em movimento. Apontei para umas caixas no canto da carroceria que serviriam perfeitamente como bancos. Sentamos parecendo robôs. Eu não acreditava naquilo. Realmente estávamos fugindo, fora das grades do Setor H, longe da A-51. Isso ia dar uma confusão pra lá de grande. George me olhava atentamente. Certo! Eu estava muito, mas muito mesmo preocupada com nosso destino incerto e quase sai correndo, gritando sem noção do que ia acontecer. Mas por fora, tentei parecer confiante.

A viagem durou algumas horas, mas para mim pareceram anos. Foi difícil abandonar tudo que eu conhecia, mas ao mesmo tempo, foi relaxante. Sem horários para seguir, exercícios para fazer, sem pessoas lhe olhando, avaliando, medindo. Finalmente o caminhão parou e nos escondemos atrás das caixas. Escutei vozes e carros passando a toda velocidade. O motor foi desligado e o soldado desceu. Sem fazer som, gesticulei as palavras: Acho que ele saiu! Vamos embora! Gê assentiu e com cuidado abrimos a janelinha que dava acesso a cabine.
-Primeiro as damas!- sussuro Gê, sorrindo.
-Hora errada para ser cavalheiro, Senhor George. Muito errada.- afirmei, começando a passar pela janela.

Cai deitada no banco. Em menos um minuto, surgiu um corpo pela mesma janela e caiu sobre mim, esmagando-me.
-Ai!- exclamei, parecendo um gato com dor de garganta.
-Desculpa.- disse ele, sentando no banco.
- Sem problemas. Acho que posso viver sem um estômago. Vamos dar o fora daqui logo!- afirmei, decidida.

Passei a mão na porta, acompanhando o design com a ponta dos dedos. Puxei o trinco e a porta se abriu. Espiei para fora, observando as pessoas.
-Preparado para correr?- perguntei ao Gê.
-Sim. E você ?- questionou ele de volta.
-Sempre!- respondi, abrindo totalmente a porta. Imagina só! Passei treze anos da minha vida correndo. Era claro que eu estava pronta para correr!

Desci e o Gê parou do meu lado. Nos posicionamos para a corrida e disparamos pelas ruas.

Os Doze Dons Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora