Chegamos em Cãza, a capital de Tartarizão, na Rússia. Estávamos passando embaixo da cidade, Peter pediu para que subíssemos. Lá estávamos novamente, andando pelas ruas. Mais uma nova cidade, nova cultura, idioma, pessoas e, principalmente,novas comidas.
Passamos por uma festa em um estabelecimento e parei para olhar. As pessoas sorriam e dançavam, celebrando o aniversário. Aquilo mexeu comigo. Assustei ao sentir uma mão no meu pulso.
- Vamos, To? - perguntou Gê, puxando-me.Voltei minha atenção para festa e sorri, sem graça.
- Você já viu tantas pessoas felizes em um lugar só? Todos estão se divertindo. Nunca tivemos uma festa de aniversário. Antigamente, isso não pareceu importante, mas...- e respirei fundo. - Deve ser legal comemorar mais um ano de vida rodeada por pessoas que gostamos.Gê parou ao meu lado e suspirou.
- Deve ser sim. - e colocou a mão no meu ombro. - Esse ano podemos fazer uma festa assim, Tô. Já que somos doze e um nasceu cada mês, teremos um aniversário todo mês.Sorri para ele, animada.
- Vai ser bom quando estivermos juntos. - confirmei.
- Temos que continuar. - comentou ele.
- Tudo bem. - falei.Esther apareceu e nos chamou:
- Vamos conversar depois, certo? Precisamos encher o estomago primeiro. - comentou ela.Assentimos e a seguimos. Entramos em uma lanchonete simples de um bairro pouco movimentado. Depois dos guardas correndo atrás de nós, prefiro não apostar outra corrida daquela. Não queríamos chamar a atenção. Sentamos na mesa do fundo e fizemos nossos pedidos. Não demorou para chegarem. Quando meu draniki, minha boca salivou. Era uma panqueca de batata servida com creme de leite azedo. Sam estava ao meu lado e em intervalos de segundos, olhava para frente. Estranhei tal comportamento.
- Sam, tudo bem? - perguntei.
- Tem um cara brigando com uma garota fora da lanchonete. Ele está muito bravo e segurando forte no braço dela. O garoto que a acompanha está aflito, mas não consegue fazer nada da sua cadeira de rodas. - explicou ele.Olhei na mesma geração e mal conseguia ver. Eles estavam bem longe.
- Como? - perguntei.
- Cada signo tem uma habilidade. Estou usando a minha. Vejo além das pessoas normais. - e então ele se virou para mim, sorrindo. - Visão aguçada.
- Faz sentido. - afirmei.Sam voltou olhar para fora e seus olhos verdes se arregalaram.
- Eles sumiram. - comentou ele.
- Não! - comentei, levantando.
- Tory, onde você vai? - perguntou Peter.
- Já volto. - respondi, correndo para fora da lanchonete.Sai na calçada, quase caindo.
-Para, Tom! - escutei a voz da garota.Segui o som e dei em um beco ao lado da lanchonete. Encostei-me no muro e passei a observar. A garota tinha uma pele clarinha, bochechas rosadas e os cabelos loiros que dava um maior destaque para seus olhos cinzas. Ela era uma criança, cerca de sete a dez anos. O garoto que Sam mencionará aparentava ser mais velho, cerca de quinze anos. Tinha uma pele parda e rosto redondo. Seu cabelo castanho era todo bagunçado e caia em seus olhos castanho claros, parecendo uma pequena juba de leão. Ele parecia nervoso, enquanto a garota aparentava medo.
- Estou cansado de vocês, suas aberrações. Ninguém no mundo quer vocês por perto. EU! Eu fui a nunca pessoa que os aceitou e agora estão me desobedecendo? Se forem para o mundo lá fora sem mim, serão presos em gaiolas e vendidos ao circo. - gritou o homem.
- Para! Não somos monstros. - disse a menina.
- Vocês são, sim. São monstros que não dão valor no que eu faço por vocês! - continuou ele, empurrando a garota no chão.
- Você que é o monstro! - contra-atacou a menina, com toda sua fúria.Vi a hora que ele ergueu o braço para bater nela. Corri e segurei seu pulso.
- Não encoste nela! - ordenei, gritando. Aquela situação havia me deixado maluca e pior: fiquei enfurecida.Ele me olhou assustado.
- Que-em você pensa que é? - perguntou ele.
- Alguém que você não vai querer ver zangada. - respondi.
- Não se mete em uma situação que não lhe interessa ou poderá sair prejudicada. - disse ele, virando sua atenção para mim.
- É só assim que consegue as coisas, não é? Na ameaça; na agressão. Não tem argumentos suficientes para usar. - afirmei, séria.A primeira coisa que percebi foi o barulho da sua mão ao atingir meu rosto. Outra coisa foi minha visão do chão e a água da calçada entrar em contato com as minhas mão. Terceira e última foi a ardência no canto da minha boca.
- Falei para não se meter. - disse ele para mim.Levantei o olhar e vi meus amigos a metros de distância, olhando me assustados. Neguei com a cabeça e passei o dedo na boca, vendo sangue. Quando vi que era meu , senti uma energia nova e grande. Minha marca tinha sido ativada. Levantei bufando do chão. Fui até o homem e o segurei pela camiseta, jogando-o na parede próxima. Ele se chocou com os tijolos e caiu no chão.
- Não diga que eu não te avisei. - falei, indo em sua direção.Ele começou a se levantar.
- O que é você? - perguntou assustado.
- Nem queira saber. Só digo uma coisa: sou muito mais forte que você. - afirmei e então segurei firme em seu braço: - E posso ser má quando quero.Ele segurou um pedaço de ferro com seu outro braço e tentou me acertar. Segurei o ferro como se fosse uma cartolina de tão frágil.
- Sério? - perguntei, sarcástica.Ele não respondeu, mas eu via claramente o medo em seus olhos. Sua respiração acelerada o denunciava. Soltei-o e virei para os meus amigos. Na hora, vi sua sombra atrás de mim e abaixei a tempo d desviar do golpe. Revirei os olhos e chutei bem no diafragma, deixando-o sem ar temporariamente.
- Você é chato. - falei.Segurei em sua blusa e o empurrei em direção da rua. Ele parou de quatro na calçada.
- Torça com toda sua fé para que nossos caminhos não se cruzem novamente. Talvez, da próxima vez eu não esteja tão legal como estou hoje. - comentei, sorrindo.Ele me olhou e depois saiu correndo. Meus amigos se aproximaram, mais assustados ainda.
- O que foi isso? - perguntou Esther.
- Nunca na minha vida quero te deixar brava. Jamais. - confessou Peter.Sorri e voltei minha atenção para os dois no beco. A garota correu e me abraçou.
- Obrigada. Obrigada. Obrigada. - disse ela, chorando.
- Vem. Vamos pagar um lanche para vocês. - chamei os dois.O garoto sorriu e se aproximou. Em um clima mais leve, retornamos a lanchonete.
Queridos leitores,
Devido a minha nova rotina de férias, decidi mudar o dia de postagem dos capítulos de segunda para sexta, à noite. Agradeço a atenção e espero que gostem. Boa leitura.

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Os Doze Dons Do Sol
AdventureDoze crianças nasceram especiais. As crianças zodiacas. Uma para cada signo, planeta e constelação. Duas delas estão sobre a supervisão e cuidados do Governo. A A-51 era seu lar, mais precisamente o Setor H. Após um blecaute em todo prédio, Tory(Tou...