Capítulo XLII: Fizemos um tour pela a A-51

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Nervosismo era pouco par descrever o que eu sentia. Além de estar com os nervos a flor da pele, também conseguia sentir a energia tensa que vinha dos meninos. Em alguns pontos da viagem, lamentei ter trazido aqueles dois comigo. Eles pareciam estar indo para a morte certa. Aquele tipo de energia não me ajudava muito. Porém, por outro lado, estar com eles por perto me dava mais confiança para seguir em frente. 

Não demoramos a chegar. O tempo de viagem passou como um flash, um piscar de olho. Como combinado com a Doutora Lauren, John tinha que nos deixar em Las Vegas ás 13 da tarde e nos buscaria as 16 da tarde em ponto. Os doutores tinha um certo problema com horas. Para eles tinha que ser números exatos e eram extremamente pontuais. Acho que eles enlouqueceriam se convivence conosco. Sempre perdíamos horário de fazer algo, seja para almoçar ou dormir. Todo dia tínhamos um horário diferente. 

A própria doutora foi nos buscar e nos traria de volta. Antes de descer do carro do doutor, tirei meus tênis amados e coloquei os benditos saltos. Mentalmente, eu torcia para não cair e chamar a atenção. É claro que a Esther tinha me feito andar com aquele negócio algumas vezes, para praticar. Não foi um boa experiência. 

No carro da doutora, ela repassou algumas dicas que John já havia mencionado. Na minha cabeça, fiz uma pequena lista:
- Não falar ou perguntar muito;
- Demonstrar-se curiosa e entusiasmada;
- Não sair da fila se não for preciso;
- Não olhar diretamente para o diretor;
- Anotar algumas coisas para fingir interesse.

Ah, seria mais difícil do que eu estava pensando. De jaleco e pranchetas nas mãos, descemos do carro e nos ajuntamos ao outros jovens ali presentes. Assim que a doutora também se aproximou, um doutor perguntou:
- Esses são aqueles jovens que mencionara, da faculdade de sua cidade natal? 
- Sim. Dá um certo orgulho ver outros seguindo os mesmos passos que segui. - confirmou a doutra, confiante.

Senti até uma pequena dor ao lembrar que tudo aquilo era mentira. Porém permanecemos quietos. Assim, logo o tal tour começou. Não que eu estivesse interessada mas não tinha muita opção. Começamos das partes mais internas. Quando passamos pelo corredor onde minha cela ficava, vi um breu completo e isso me arrepiou. Gê também olhou na direção e engoliu seco tal cena. Era estranho ver um lugar que vivemos por anos tal... deserto.

- O que tem ali? - perguntei sem me conter, indicando a parte do setor. 

Na hora, Gê ficou pálido e Peter acabou me dando uma cotovelada nas costelas, porém o ignorei. Em uma pessoa normal, ela sentiria uma pequena dor incomoda, porém eu não senti nada, a penas o toque. Essa era a vantagem de conseguir controlar a dor: eu mal a sentia.

- Nada demais. Aquele ambiente não  faz parte do nosso tour. - falou o doutor, aparentemente incomodado.
- Tudo bem. - respondi.

 Conforme íamos andando, mais nos afastávamos do corredor escuro. Estávamos em um longo corredor com algumas portas e o doutor-guia dizia tudo sobre a estrutura do prédio, quando uma porta se abriu  silenciosamente ao meu lado e a Doutora Lauren apareceu. Com  um gesto, ela me chamou para dentro da sala. Os meninos também olharam. Antes que me seguisse, falei:
- Fiquem aqui. - anunciei, apertando de leve o pendrive que tinha no bolso do jaleco.

Mesmo relutantes, os dois concordaram. Disfarçadamente, entrei na sala sem ser vista. Eu esperava que algo muito ruim acontecesse comigo, porém havia apenas duas cadeiras, uma mesa repleta de papéis e um computador. A doutora me esperava apoiada na mesa. Assim que entrei, olhei para todos os lados, apreensiva.

- Está segura aqui dentro. - afirmou ela.

Neguei com a cabeça e respirei fundo, colocando as mãos tremulas dentro dos bolsos do jaleco. Em um deles, estava o pendrive.

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