- Eureka! Consegui!- afirmei, saindo correndo da biblioteca.
Desci as escadas em uma velocidade grande, quase caindo no sofá. Assim que me recompus, recebi olhares de espanto. Afinal, não era normal descer daquele jeito.
- Está tudo bem, Tory? - perguntou Gê que desgrudava de seu livro para me olhar.
- Eu preciso que todos vocês estejam na biblioteca em quinze minutos. - pedi, dando meia volta e subindo novamente.Enquanto estava arrumando a biblioteca, comecei a pensar. Todas as imagens, todos os vídeos, tudo fazia sentido agora. Se encaixavam perfeitamente. Eu estava feliz com o fim de todo aquele mistério, porém as respostas que achara me deixaram preocupada. Nosso destino era mais sério e frio do que pensávamos. Enquanto devolvia os livros no lugar, pensei em como minha família reagiria a tudo que estava prestes a contar. De certo modo, queria protegê-los daquilo tudo. Era impossível e eu sabia disso. Sabia que todos tínhamos um papel a cumprir e se eu fosse esperta e ágil o suficiente, as coisas acabariam bem.
De repente, as palavras de Taurus vieram na minha mente: "Todavia, também sei do potencial de cada um e se serve de consolo, muitas gerações venceram os primórdios. Não é algo impossível..." Ok. É algo perigoso, não impossível. Eu teria que ficar repetindo isso durante os próximos dias até entrar na minha cabeça-dura. Tinha que ser positiva.
Olhei em volta, surpresa por ter conseguido arrumar a bagunça feita há dias. Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, escutei-os subindo.
- Está na hora do show.- murmurei.Assim que começaram a entrar na biblioteca, falei:
- Sentem-se.Esther se aproximou com cautela. No seu olhar, eu via uma espécie de medo com preocupação. Sorri para ela, na tentativa de passar confiança.
- O que está acontecendo? - questionou ela.
- É o que vou explicar. - respondi.Ela apenas assentiu e permaneceu do meu lado. Os demais signos se acomodaram pelo cômodo. Gê sentou na poltrona; Peter, em cima da mesa. Arys, Violet, Courtney, Charles e Lindsey sentaram no sofá. Leon apenas acomodou sua cadeira entre a poltrona que Gê estava e o sofá com os demais. Ane e Sam se contentaram em ficar sentados no chão a minha frente.
- Então...- começou Peter. - Por que estamos aqui?
- Ok. Chegou a hora. O que eu descobri vai nos deixar mais tranquilos...- afirmei, mexendo as mãos. Estava um pouco nervosa. - ...ou não. Isso depende muito. Contudo é o seguinte: estamos destinados a uma guerra onde lutamos contra seres antigos para provar nosso valor. Lembram daqueles filmes antigos onde tinham aquelas batalhas que só saíam apenas uma pessoa viva? Então, é basicamente isso.
- E contra o que lutaremos?- perguntou Charles, mexendo uma pequena chave inglesa nos dedos.
- Eu pesquisei em vários locais e ouvi muitos relatos, principalmente de pessoas bem idosas. Todavia, todos tinham algo em comum: eles descreviam seres gigantes e monstruosos que poderiam arremessar carros ou destruir prédios. Eles também relataram que algumas pessoas tentaram deter esses seres...- contei, mostrando algumas fotos.
- Pessoas como nós?- perguntou Gê.
- Nossos antepassados. Os que tiveram êxito nessa batalha, conseguiram viver tranquilamente suas vidas depois. - confirmei.
- E os que não conseguiram? Que falharam? - interrogou Esther. Conseguia ver nitidamente o medo em seus olhos.
- Eu não quis pensar nessa parte inicialmente, porém...- suspirei.- a cidade que a luta ocorre é devastada e se torna inabitável. Aconteceu com Chernobyl. Aquela história toda de usina nuclear foi apenas um disfarce para encobrir as consequências da guerra. Aquilo aconteceu porque os descendentes daquela época foram massacrados. Afundaram junto com a cidade. Se perdemos, levamos São Paulo conosco.
- Mais de 45 milhões de pessoas morrerão. - respondeu Gê.
- Sim. Exatamente isso. Por isso, perder não é nossa opção. Eu farei de tudo para que possamos ganhar; garantir nossa casa e as vidas daquelas pessoas, incluindo as nossas também. - confirmei.
- E como fará isso? Vai lutar contra esses doze monstros sozinha? - interrogou Arys. Ele estava preocupado, por isso não liguei para o sarcasmo na pergunta.
- Na verdade, lembra daquela história de ampulheta? Aquele antigo apetrecho era usado para marcar o tempo? No nosso caso é similar. Assim que eu avançar para o campo de batalha, oficialmente a guerra começa. E a luta para quando algum dos lados ganhar. Assim que eu destruir o Primórdio destinado a lutar comigo, os que estão lutando com vocês param os ataques, porém vocês ainda tem que os matar. Se caso eu perca, assim que meu coração parar de bater, todos nós morremos. - anunciei.
- E caso você ganhe, apenas você? O que acontece? - perguntou Courtney.
- Teoricamente, nosso lado terá ganhado e São Paulo será salva, mas não sei o que acontecerá com vocês. Isso não está em nenhum livro ou documento. - respondi.
- Não vai ser nada bom perder. - murmurou Sam.
- Só para eu entender melhor, vamos lutar contra seres bizarros e gigantes que claramente querem nossa morte para salvar nossa pele e outro estado? Estamos carregando o peso de 45 milhões de vidas e mais as nossas? - perguntou Peter.
-Resumidamente? É exatamente isso. Pelos meus cálculos, temos noventa e cinco horas até isso acontecer a partir das sete horas desta noite que é daqui a quinze minutos. - contei.
- Isso dá 3 dias e 15 horas a partir da meia noite. - simplificou Gê.
- Então, a partir de amanhã, todos irão aprender autodefesa e alguns golpes a mais. Eu e Peter vamos treiná-los. - afirmei.
- Por mim, Ok. Reunião na biblioteca acabou? Esse assunto todo me deu fome. - afirmou Peter, saindo da mesa assim que confirmei com a cabeça.Os demais o seguiram, mesmo estando com medo e preocupados. Eu queria garantir a eles que tudo acabaria bem, mas eu não tinha essa certeza. Não podia fazer isso. Contudo, também tinha a noção de que eles precisavam de um tempo para assimilar e se conformarem com a situação. Então, de braços cruzados, esperei todos saírem.
Quando estava prestes a segui-los, deparei com Gê se aproximando.
- Você está bem com tudo isso?- perguntou ele, abraçando-me.
- Para falar a verdade? Não. É como se entregassem uma bomba para nós e tivéssemos minutos para desarmá-la. - resmunguei.
- Vai ficar tudo bem. - afirmou ele.Queria questionar, perguntar como ele tinha essa certeza se nem eu a tinha, porém já sabia seus argumentos e que não adiantaria nada discutir.
- É preciso ter fé, não é? - questionei.
- É. - disse ele. - A propósito, precisamos conversar.
- Eu já vi isso em filmes e não termina bem. - confirmei, afastando-me.
- É sobre nós...
- Não. A resposta é não. Isso não vai dar certo e no final, vamos acabar convivendo na mesma casa, porém sem falar um com o outro.
- Como pode saber que esse é o final?
- Eu...eu... eu... não sei. Não parece ser algo que vá dar certo, Gê.
- To, tem alguém nesse mundo que te conheça melhor que eu?
- Não.
- Convivemos quatorze anos juntos. Conhecemos e respeitamos um ao outro. Sabemos nossos pontos fracos e fortes. Aprendemos juntos; crescemos juntos e vamos ficar assim pelo resto de nossas vidas, porque eu não me imagino longe de você. Não quero ignorar meus sentimentos. Continuar chamando de amizade algo que é mais além do que isso. Sei que falhei no passado, mas prometo não errar mais para poder ficar ao seu lado.Apenas o olhei. Não sabia o que responder a ele.
- Viu? Não consegue argumentar contra isso, porque sabe que é verdade. Sei que sente algo parecido. - falou ele. - Eu sei que é muita coisa para você agora. Podemos resolver isso depois dessa batalha. Afinal, precisamos vencê-la.Suspirei e neguei com a cabeça.
- Isso não é um sim. - afirmei antes de sair da biblioteca e escutar sua risada.
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Os Doze Dons Do Sol
AdventureDoze crianças nasceram especiais. As crianças zodiacas. Uma para cada signo, planeta e constelação. Duas delas estão sobre a supervisão e cuidados do Governo. A A-51 era seu lar, mais precisamente o Setor H. Após um blecaute em todo prédio, Tory(Tou...