Antes das crianças acordarem, eu e Esther saímos para comprar o café da manhã. Escolhemos pães fresquinhos, frutas e um bolo. Retornamos rapidamente e acordamos os demais. Todos comemos em silêncio e arrumamos a bagunça que fizemos. Vi o momento que Leon puxou a Anelise para um canto do cômodo e começaram a conversar. Não precisei escutar a conversar, para saber que falavam sobre Anelise ter vindo me procurar de madrugada. Também não entendi o motivo de ter ido logo eu , a escolhida para protegê-la dos maus sonhos, porém não vi problemas nisso.
Quando enfim nos reunimos, foi para decidir nosso próximo destino:
- Como acontece? - perguntou Anelise.
-Todos fecham os olhos e deixam a mente bem vazia. A imagem vai aparecer para um de nós. - comentei.
- Certo. - concordou Leon.Esperei todos fecharem realmente os olhos e fiz o mesmo. Com a mente livre, esperei por algo. Todavia , algo parecia me dizer que não era a minha vez. Então, abri os olhos antes dos outros e esperei o resultado. Joguei meus braços para atrás e passei a dar passos curtos, esperando. Era uma ação que os doutores faziam toda vez que iam fazer grandes e precisos exames em mim.
Em poucos minutos, todos foram abrindo os olhos. Peter foi o primeiro. Ele me olhou e negou com a cabeça. Esther também gesticulou um "não" silencioso. Gê apenas abriu os olhos e observou os demais. Sam saiu do seu lugar e parou ao meu lado, negando também. Courtney balançou a cabeça em negatividade e Anelise seguiu seu exemplo. Leon foi o único a continuar concentrado e todos já sabiam que o próximo destino seria dito por ele. Por fim, ele suspirou e abriu os olhos.
- Isso foi estranho. - comentou ele.
- Então? - perguntei.
- As garotas vão adorar. Vamos para Paris. - confessou ele.Sorri e assenti.Eu nunca tinha ido para França. Só tinha visto poucas fotografias e ouvido uma ou duas história sobre o país. Antes que eu me empolgasse mais, disse:
- Vamos fazer as malas e partir.Se sairmos antes das nove, estaremos em Paris ao anoitecer. - afirmei.
- Então, vamos nos apressar. - concluiu Esther.Guardamos os sacos de dormir e aconselhei a todos que fossem ao banheiro pela última vez antes que partíssemos. Após tudo estar pronto e todos preparados, dei dinheiro para Peter e Gê pagarem nossa estadia no hotel. Assim que saíram, eu e Esther nos dividimos para descer. Esther achou melhor eu ir por último junto com Leon, enquanto ela ia na frente com as crianças. Logo, ela desceu com Anelise, Sam e Courtney. Assim que o elevador subiu de volta, entrei com Leon e apertei o botão de subsolo. As portas se fecharam e o elevador começou a descer.
- Eu sei que isso é errado, mas ontem á noite, acabei ouvido a conversa de vocês. - comentou Leon, quebrando o silêncio.
- Ouviu? Achei que todos estavam dormindo. - afirmei.
- Sim. Não estava conseguido dormir muito pesado. Fiquei muito feliz ao ver que se preocupam com todos e se organizaram da melhor maneira pelo bem do grupo. Estava um pouco preocupado sobre não saber nada de vocês, porém consegui confiar pela Anelise. Ela tem um faro bom para boas pessoas e como logo gostou de vocês, parecia que finalmente estávamos salvos. - contou ele.
- Fico mais tranquila ao saber que não nos acha pessoas perigosas; que está começando a confiar em nós. E caso tenha alguma duvida, basta perguntar que vamos te responder. Queria que nossa história fosse mais normal, assim seria mais fácil de acreditar. - confessei.
- Mas assim não teria graça. - exclamou ele com um sorriso.
- Acho que você tem razão. - e então me preparei para sair do elevador.As portas se abriram e logo estávamos todos reunidos. Andamos pelas ruas a procura de um bom acesso a terra para abrir o túnel. Quando finalmente achamos, o relógio denunciava dez da manhã. Mentalizei a entrada do túnel e ela se abriu.
- Vamos entrar aí? - perguntou Leon.
- E você conhece melhor jeito de se viajar se não for por um túnel mágico? - interroguei de volta, brincando.
- Não. Mas minha cadeira não desce nesses degraus. - confessou ele.Olhei, decepcionada para a escada e imaginei que seria melhor descer se fosse uma rampa. Não demorou um segundo até os degraus se desfazerem e uma rampa lisa aparecer em seu lugar.
- Uau! Como fez isso?- perguntou ele, enquanto descíamos.
- Controlo o túnel e em que direção ele vai. - respondi.
- E lá vamos nós, rumo à Paris. - comentou Esther, descendo também.
- Tory, você está bem para fazer isso? - interrogou Peter, aparecendo do meu lado.
- Estou legal. Não se preocupe. - confirmei.
- Certo. Porém nos avise, caso se sinta diferente. - orientou ele.
- E podemos fazer paradas de duas em duas horas. As crianças não estão acostumadas com longas caminhadas e não vão aguentar andar muito. - exclamou Gê.
- É uma boa ideia, cara. - concordou Peter e seguiu na frente.Gê colocou a mão no meu ombro e olhei para ele.
- Você está bem mesmo? - perguntou ele, parecendo preocupado.
- Tão forte quanto um touro. - confessei.
- Você é terrível. - afirmou ele com um sorriso.Anelise veio do meu lado direito e segurou firme em meu pulso, conforme íamos andando. Peter seguia na frente com a lanterna, na companhia de Courtney. Já o Sam ia do meu lado esquerdo, entre mim e Gê. Esther ia atrás, assobiando. E assim a viagem seguia. Paramos assim que Gê anunciou as primeiras duas horas.
- Como você sabe que já deu duas horas? - perguntou Sam, curioso.
- Antes de sairmos, deduzi que nossa velocidade média seria de 8 km/h e como cada passo nosso é equivalente a meio metro, estou contando os passos. - explicou ele.
- Nossa. O seu dom é uma super inteligência? - interrogou o garoto.
- Sim. - afirmou meu amigo.
- Legal. E o seu, Leon? - questionou Sam.
- Meu o quê?- perguntou Leon.
- Seu dom. Cada um de nós tem um dom especifico. O da Tory é a superforça; do George é a super inteligência e o meu é visão aguçada, tipo de águia. E o seu? - questionou novamente.
- Sou bom com animais. Consigo entendê-los e me comunicar com eles. - confessou Leon.
- E você, Anelise? - continuou Sam.
- Consigo manipular qualquer tipo de líquido. - respondeu ela.
- Esther? - perguntou.
- Vejo padrões cerebrais das pessoas e pelo tom de voz, junto com as batidas do coração, sei identificar se a pessoa está mentindo ou não. - explicou Esther.
-Peter?
- Sou um ótimo lutador. Consigo aprender qualquer tipo de luta com poucas horas de treino. - respondeu Peter.
- Courtney?
- Consigo dar vida a seres inanimados por vinte e quatro horas. - afirmou ela.
- Que incrível. Todos nós temos dons legais, porém não sabemos o porquê de termos eles. - pensou ele.
- Tem certeza que seu dom é a visão aguçada? Acho que é a de fazer interrogatório. - comentou Courtney.
- Sou bom com perguntas também. - confessou ele com um sorriso.E depois de quarenta minutos sentados, decidimos continuar caminhando. Estava focada no caminho, quando senti o momento em que Anelise soltou do meu pulso e colocou a mão no chão. Parei e agachei junto a ela.
- Tudo bem? - perguntei.
- Não muito. Eu torci meu tornozelo. - afirmou ela.Esther agachou também.
- Consegue andar? - questionou ela.
- Sim, mas dói. - respondeu a garota.
- Vamos ter que parar? - sugeriu Sam.
- Não vai ser necessário. - confessei e virei de costas para Anelise. - Anelise, suba nas minhas costas e segure firme no meu pescoço, sem me matar asfixiada.E assim ela fez. Seus pequenos braços fizeram contornou no meu pescoço e suas pernas se fecharam na minha cintura.
- Quer que eu empurre o Leon por um tempo? - perguntou Gê.
- O solo está irregular. É melhor não, Gê. Eu sou bem mais forte do que pensam. Consigo aguentar tranquilamente até o final da viagem. - respondi.
- Só não queremos que desmaie de novo. - afirmou ele.
- E não vou. Se me senti fraca, vou parar. - falei, tranquilizando-o.Ele apenas assentiu e voltamos a andar.
- Segura firme, macaquinha. - brinquei com a Anelise.Seria uma longa caminhada.
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Os Doze Dons Do Sol
AdventureDoze crianças nasceram especiais. As crianças zodiacas. Uma para cada signo, planeta e constelação. Duas delas estão sobre a supervisão e cuidados do Governo. A A-51 era seu lar, mais precisamente o Setor H. Após um blecaute em todo prédio, Tory(Tou...