Estávamos tranquilos, andando pelo túnel até Anelise parar de repente. Olhei para ela, preocupada.
- Tudo bem ? - perguntei.
- Sim. Eu estou sentindo água por perto. Muito perto. - comentou ela, olhando para os lados.
- Em cima de nós? - questionou Peter se aproximando.Ela fechou os olhos e ficou quieta por alguns minutos.
- Vem tanto de cima quanto de baixo. São águas diferentes, mas estão ocupando quase o mesmo lugar. Estamos entre duas formas de água. - falou a garota.
- Como é possível? Estamos no subterrâneo. - confessei.
- Eu não sei. Podemos ver se é verdade? - perguntou ela.
- Não custa nada. - afirmei, olhando para meus amigos.Todos concordaram. Eu via a curiosidade em seus olhos, assim como brilhava nos meus. Empurrando o Leon, fui guiada por Anelise na profundidade do túnel. Descemos calmamente. Anelise estava certa. Enquanto nos aproximávamos pela rampa, víamos claramente muito líquido a nossa frente. Peter pegou sua lanterna e tentou ligar, sem muito sucesso.
- Não está acendendo. - comentou ele.
- Estamos percebendo. - falei, rindo.
- Eu posso ajudar. - disse Arys.Ele se posicionou na nossa frente e levantou a mão. Observei com cuidado e vi chamas aparecer na sua palma. Eles começaram timidamente, mas logo se formaram uma chama grande, chegando a iluminar o túnel completamente.
- Você sempre fez isso? - perguntei, hipnotizada pelas chamas.
- Sim. É o meu dom. Não posso ver as chamas, mas as sinto e sei controlá-las. - confessou ele, sorrindo.
- É um dom muito bom. Agora, você é a nossa lanterna. - falou Peter, guiando Arys.Todos expressávamos sorrisos e logo dirigimos nossos olhares para a água que brilhava a nossa frente. Gê foi primeiro a se aproximar.
- Não acredito que é real. Eu li sobre esse aquífero, mas não sabia que veria ele um dia. - murmurou ele, sonhador.
- Você sabe sobre esse aqui...aqui- alguma-coisa? - perguntei.
- Sim. Aquífero. É um rio subterrâneo. Vocês estão diante ao maior rio subterrâneo do mundo: o gigantesco Rio Hamza. Li que ele tem 6 mil quilômetros de extensão e que corre embaixo do Rio Amazonas...- explicou Gê.
- Rio Amazonas? Isso fica no ...- comecei.
- ...Brasil. - completou ele.
- Estamos em território brasileiro, então. - analisou Peter.Mil perguntas explodiram na minha cabeça. Por que o túnel que nos levava para casa passaria pelo Brasil? Será que Sam estava certo e nosso destino final seria na Argentina? Eu adoraria morar em alguns dos países sul-americanos. Mesmo sem respostas, seguiríamos em frente.
Como alguns de nós já estavam cansados, decidimos montar acampamento perto rio e aproveitar a água. Como estavamos acostumados com a montagem, o processo foi rápido.
Eu estava sentada, encostada as costas na parede de terra, quando Gê se sentou ao meu lado.
- Estamos bem fundo. - comentou ele, oferecendo-me uma garrafa d'água.
- Quanto? - perguntei, pegando a garrafa.
- Uns quatro quilômetros. - confirmou ele, sério.
- Isso traz algum risco para nós? - interroguei, preocupada.
- Não, mas na hora de subir, vai ser complicado até a superfície. - exclamou ele.
- Vou cuidar disso. Vamos subir aos poucos. - conclui, olhando para nosso grupo.
- Sabe o que é mais legal? Também estamos perto do mais velho vulcão da Terra. Também fica na Amazonas. Ele faz parte dos lugares que queria conhecer. - confessou Gê.
- Calma, Gê. Deixe as coisas acalmarem e vamos fazer muitas viagens. Algo me diz que teremos tempo suficiente para isso futuramente. - murmurei.Eu não podia negar. Estava tão feliz por ver todos ali. Como a vida muda. Há meses, eu não acreditaria que realmente teria mais dez signos; não entraria nessa aventura para procurá-los e protegê-los. Demorou para eu entender que era esse nosso propósito. Eu só não queria que a A-51 os achasse; não queria que passassem pelas coisas que passei.
Charles se aproximou com cuidado e se sentou a minha frente.
- Eu reparei que estávamos fugindo da polícia. Por que? - perguntou ele.Vi todos se aproximarem, menos Peter e Esther.
- Eu e Gê somos foragidos do governo dos Estados Unidos. - contei.
- O que vocês fizeram?
- Nada. O governo sabe de nós; sabe que somos diferente. Por quinze anos, ficamos sobre os cuidados deles. Foi no último mês que vimos a oportunidade de termos uma vida descente e fugimos. Nessa fuga, esbarramos com Peter e Esther que nos ajudaram e decidimos procurar pelos demais. Nesse meio termo, descobrimos que o governo decidiu colocar nossas cabeças a prêmio e dar uma recompensa por nós. - explicou Gê.- E os demais estão ajudando? - interrogou Violet.
- Só o governo italiano e venezuelano. - afirmei.Eles apenas concordaram. Não tinha o que discutir sobre aquilo e era um daqueles assuntos que deixava todos sem palavras e a atmosfera tensa.
Após alguns minutos, sugeri que continuássemos. Seguimos subindo, calmamente. Porém eu sentia que o final do túnel estava próximos. Estranhei pelo fato que fazia pouco tempo que estávamos ali. Isso não fez nosso ritmo diminuir ou parar. Continuei guiando os demais. Assim que a porta apareceu, todos se assustaram.
- Já? Mal andamos. - comentou Esther.
- Tory, o que você estava em mente? Que lugar nos mandou? - perguntou Peter.
- Só pensei em casa. Na palavra "casa". - falei, analisando a porta.
- Então, vamos ver que casa é essa. - confirmou Violet, parecendo confiante.Abri a porta e vi que estávamos em uma floresta. O mar se tornava abundante na nossa frente e o vento fresco vinha até nós.
- Onde estamos? - perguntei.
- Não estou reconhecendo o lugar. - confirmou Gê, totalmente perdido.Olhei em volta e vi um portal de pedras a nossa frente.
- Aquilo ali é normal? - interroguei, apontando para o portal.
- Não. - respondeu Peter. - Nada normal.Aproximei-me, estudando cada passo meu. O território era desconhecido e isso me assustava. Assim que estava a centímetros do portal, vi o símbolos de nossos braços entalhados na pedra. Com o coração a mil, toquei na pedra e vi o símbolo do meu braço brilhar. O símbolo de touro também brilhou.
- Acho que é para passarmos por aqui...- falei.
- Será? - perguntou Esther.
- É uma intuição. - confessei. - Vamos tentar. Peter, você pode ir na frente?
- Por que tenho que ser o primeiro a morrer? - perguntou ele.
- Porque você sabe lutar. Não sabia que tinha tanto medo. - comentei.
- Está me chamando de covarde? - então respirou fundo. - Eu vou.
- Vou se a última e ajudar os demais a passarem. - orientei.Organizei todos em uma fila e um por um, passaram pelo portal. Eles sumiam assim que atingia o limite do portal. Assustei-me no começo, mas depois que o Peter gritou que estava bem, continuei atravessando meus amigos. Por último, dei uma última olhada em volta e passei também.
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Os Doze Dons Do Sol
AventuraDoze crianças nasceram especiais. As crianças zodiacas. Uma para cada signo, planeta e constelação. Duas delas estão sobre a supervisão e cuidados do Governo. A A-51 era seu lar, mais precisamente o Setor H. Após um blecaute em todo prédio, Tory(Tou...