Dois meses se passaram. Infelizmente, antes de completar quarenta e cinco dias, John tinha desistido de achar uma outra maneira de conseguir o que eu queria. Como não tínhamos outra escolha, decidimos investir no meu plano. Ok! O doutor mudou boas partes, pois achava que assim diminuiria as chances de eu ser pega. Também conseguimos ajuda de uma doutora que John disse ser confiável dentro do Setor H.
Tudo ia bem, até dois seres extremamente curiosos descobrirem. Eles ficaram furiosos e eu não me importei muito. Na verdade, já esperava por essa reação. Olhei para John esperando um apoio de sua parte, porém ele apenas cruzou os braços e disse:
- Vão em frente e tentem fazê-la mudar. Tentei durante um mês todinho e aqui estamos nós.Olhei para ele, surpresa.
- Uau! Muito obrigada. Ajudou bastante. - respondia, irônica.
- Sempre que precisar, pode contar comigo. - brincou ele, rindo.Revirei os olhos e também cruzei os braços. Gê deu um passo pra frente, indignado.
- Eu não sabia desse seu lado suicída. - comentou ele.
- Só é suicída se eu morrer e isso é o oposto do plano. - afirmei.
- E que plano seria? - perguntou Peter.Doutor passou a contar o plano. Teoricamente, eu iria me infiltrar na A-51 e discretamente, entraria na sala de comando geral e veria o que o governo tem sobre nós. A doutora colocaria meu nome em uma lista que serve para quase-doutores visitarem na instituição e futuramente serem recrutados. Vi e ouvi esses tipos de visitas durante toda a minha vida. Seria pouco tempo, mas o suficiente para entrar e sair sem ser notada. Provavelmente, nem me perceberiam lá.
Bom, os meninos pareciam relutantes no começo, mas depois de um tempo conversando, eles concordaram com o plano, porém (Por que sempre tem que ter um porém? ) eles queriam ir junto, proposta que neguei na hora. Eu não precisava de duas babás no meu pé. Por outro lado, o doutor falou que teríamos mais chances se fossemos os três. Acho que com isso, o doutor até conquistou um pouco da confiança deles, mas mentalmente, eu queria socá-lo.
O grande dia chegou. John havia conseguido ternos para Gê e Peter e Esther tinha me arrastado até São Paulo comprar um vestido social. Lilith me ajudou com uma peruca loira e lentes. Tudo para não ser reconhecida. Eu tinha ficado mais tempo na A-51 e seria mais fácil para eles me reconhecer do que os meninos. Também conseguimos jalecos e identidades falsificadas feitas pelo Gê. Meu amigo também fez outra coisa incrível.
- O que é isso? - perguntei, olhando para o pequeno pendrive que havia colocado em minhas mãos.
- É um vírus bem poderoso. Passei a noite trabalhando nele. Assim que for conectado no computador, precisará de quinze minutos para ser instalado. Depois disso, teremos acesso livre para todos os documentos da A-51. Vamos poder acessar tudo daqui. Assim será mais fácil. - comentou ele.
- Mandou bem. - falei, impressionada.
- É, eu sei. - confirmou ele, rindo.Revirei os olhos.
- Convencido. - murmurei.
- Às vezes, é necessário. - disse ele.Guardei o pendrive no bolso e encostei na mesa, pensando.
- Está preparada para voltar? - perguntou ele, parando ao meu lado.
- Nem um pouquinho, mas preciso ir. - confessei.
- Eu sei. Está com medo, certo? Só não queria ser o único estar. - falou, sem graça.
- Estou. Não posso negar isso. Estou com bastante medo. - afirmei.Gê alcançou minha mão e a segurou firme, como fazíamos antigamente em momentos de medo. Com o passar do tempo, havíamos perdidos alguns costumes que tínhamos adquirido no nosso tempo de isolamento, como por exemplo, esse de darmos as mãos. No entanto, aquele pequeno ato pareceu me acalmar um pouco.
- Sabe qual é a melhor parte de sentir medo? É quando você supera ele. Vai dar tudo certo. Vamos entrar e sai do jeito que o doutor disse. Peter e eu vamos proteger você. - falou ele.
- Eu preciso dessa escolta? Realmente acha isso? - perguntei, rindo.
- Não apenas para te manter segura, mas também para manter o juízo dentro dessa cabeça oca.- exclamou ele, batendo os dedos na minha testa.Respirei fundo e decidi ignorá-lo. Com mochilas arrumadas, os meninos me esperavam na sala enquanto Esther retocava o reboco no meu rosto que ela insistia em dizer que era uma maquiagem simples. Eu perguntei algumas vezes se precisaria de algum cimento ou massa corrida para terminar, mas ela apenas riu e continuou. Desci as escadas com os sapatos nas mãos. Tinha certeza que machucariam meu lindo pés acostumados com tênis.
- Vamos. O doutor bugiganga já está nos esperando no portal. - anunciei, pegando minha mochila.
No entanto, os meninos continuaram parados como estátuas. Esther parou na escada e disse, orgulhosa:
- Fiz um ótimo trabalho.Revirei os olhos e senti as lentes me incomodar. Ah, seria um longo dia.
- Vamos, antes que eu enlouqueça....mais! - afirmei, colocando meu all star vermelho que estava na porta.Por sorte, saímos antes das pulgas acordarem e estaríamos de volta antes de dormirem a noite. Olhei para Esther e sorri.
- Cuida das crianças e não estrague minha cozinha. - pedi, olhando para trás.
- Deixa comigo. Garanto que todos estarão vivos e a cozinha intacta quando voltarem. E, vocês não se arrisquem muito e se algo de ruim acontecer, corram direto para casa, sem olhar para trás. - falou ela e nós três concordamos.Saímos rumo a floresta. Não estávamos muito confortáveis com aquilo,mas eu também sabia que não seria fácil. Caminhamos em silêncio até o portal. Do outro lado, John nos esperava com um sorriso tímido no rosto. Assim que nos aproximamos, ele assentiu.
- Animados? - perguntou ele.
- Super. - respondeu Peter ironicamente, indo na direção do carro.
- A pergunta correta é "se estamos com medo?" e a resposta é "sim". - falou Gê, seguindo o exemplo de Peter.
- Eu não estou com medo. - gritou Peter do carro.Sorri e virei para o meu tio.
- Todos estão com um mal-humor básico hoje. Só queremos acabar com isso e voltar para casa. - comentei, também indo para o carro.
- Será uma viagem divertida, então. Eu comprei um café para ajudar vocês. - disse ele, entrando no carro.E lá íamos nós. Antes de partimos pedi para quem tivesse me ouvindo para nos proteger e voltar os quatro para casa.
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Os Doze Dons Do Sol
AventuraDoze crianças nasceram especiais. As crianças zodiacas. Uma para cada signo, planeta e constelação. Duas delas estão sobre a supervisão e cuidados do Governo. A A-51 era seu lar, mais precisamente o Setor H. Após um blecaute em todo prédio, Tory(Tou...