Capítulo XXXI: Não é que a vaca foi pro brejo?!

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Tory passou boa parte do caminho, calada. Ela estava indignada, zangada e também com bastante medo. Após os signos terem sido jogados dentro de um forte carro, ela não sabia mais o que fazer. Tudo passou como enorme mancha em seu cérebro, fazendo-a se lembrar de poucas coisas. 

Tory analisou novamente a estrutura do carro, mas tudo que conseguiu ver foi as expressões assustadas de todos. Então bem ali, ela percebeu que seu maior pesadelo tinha se tornado realidade (e ela achava que isso só acontecia com sonhos): a A-51 havia encontrado ela e Gê e pior, estavam com mais signos. Tory pensava rápido. Era quase possível ver a fumaça que saia por seus ouvidos. Ela tinha que arrumar um jeito de tirá-los dali em segurança, antes que os doutores colocassem as mãos nos seus irmãos. Tory era forte e sentia que poderia aguentar o que fosse, mas ela sentia que os outros não conseguiriam suportar por muito tempo. Até poderia apostar um pouco no Gê ou no Peter, mas sabia que até mesmo o Arys não suportaria a pressão que a A-51 poderia fazer sobre eles.

Enquanto pensava, Tory mantinha os olhos fixos nas algemas que tinha nos pulsos. Três para ser exata. Os guardas sabiam de sua força e tinham a consciência de que apenas uma algema não a seguraria. Ane havia parado de chorar, mas isso tinha demorado longos minutos. A pequena estava assustada e a grosseria dos guardas a fez chorar tanto que Tory desejou poder bater em cada um. Já Sam parecia estar em um estado de choque, pois mal falava ou se mexia. Tory só tinha certeza que estava vivo por que conseguia ver seus ombros levantarem conforme respirava. Arys apesar de ser cego, sabia que a situação era de urgência e não parava de pedir desculpas. Ele sentia que tudo aquilo tinha sido sua culpa e tinha um remorso gigante nas costas. O mesmo pediu tantas desculpas que chegou a irritar a todos, incluindo Gê que quase nunca ficava bravo. Porém foi Peter que não aguentou mais e mandou o garoto se calar. Não que estava satisfeita com a atitude do amigo, mas ficou agradecida quando o silêncio reinou no carro. Já Violet parecia nervosa. Ela mexia na barra da blusa o tempo inteiro, muitas vezes passando os dedos em cima dos pontos na tentativa de se acalmar. Gê estava muito calado, mas Tory não sabia dizer se era por que estava em choque ou com medo do que o Setor H poderia fazer com eles. Portanto, Tory pedia mentalmente que tivesse bolando um plano para tirá-los dali. Peter estava quieto também, mas ao contrário dos demais, ele parecia focado e de olho em cada movimento ao seu redor. Ela estava admirada de como o rapaz de portava diante aquele momento. Ele parecia confiante e de certo modo, aquilo fez o cérebro de Tory trabalhar mais rápido. Se Peter confiava que tudo poderia dar certo, é por que existia uma certa probabilidade das coisas acaberem bem.

Tory sentia que estavam perto da A-51, então olhou mais uma vez na direção do George esperando que ele se pronunciasse, mas ele apenas negou com a cabeça, afirmando não ter nada a comentar. Então, a garota não teve escolhas: teria que por seu plano maluco em ação. Tory reconhecia que havia muitas falhas nele, mas era tudo que tinha e  melhor que nada. Ela havia estudado as melhores opções que os doutores optariam, e para cada uma, ela tinha um plano. 

- Eu tenho um plano, mas precisamos trabalhar juntos para ele ter êxito.- cochichou Tory para eles. Só tinha os sete naquela parte do carro, fechados como sardinhas enlatadas. 

Aquilo pareceu atiçar a atenção dos demais, já que até Sam parecia atento as palavras.

- Quando eu der o sinal, vocês vão correr em direção contrária a que tivermos. Provavelmente vai ter uma saída. Preciso que confiem mim. - pediu Tory, séria.

Os signos se olharam, apreensivos e no final, concordaram. Tory conhecia bem o lugar para onde iriam e se tinha alguém poderia tirar eles dali era ela. Gê a olhou algumas vezes, tentando descobrir o plano por completo, mas  sentia que muitas lacunas estavam incompletas. 

Por fim, não demoraram a chegar no enorme prédio cinza e sem vida. Tory olhou para aquele lugar e uma onda de pura tristeza a invadiu. Não queria voltar para lá, mas mesmo assim, parecia que seu destino era aquele. Tory e seus amigos foram tirados do carro com grosseria. Ela pensou em dizer alguma, porém seu queixo caiu ao ver tantos doutores e doutoras ali. Parecia ter centenas. Todos com seus jalecos brancos e caras sérias. Alguns rostos ali eram familiares para Tory e Gê, já outros eram completamente estranhos.

Os Doze Dons Do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora