Os Doze Dons Do Sol

Capítulo XLV: A Energia se foi.

Esther estava dormindo tranquilamente em sua cama, quando escutou a movimentação na casa. Estava prestes a se levantar, quando Anelise chegou no quarto e pulou na cama. Com seus cabelos loiros bagunçados e ainda de pijamas, a garota perguntou:
- Você viu a Tory?

Esther piscou algumas vezes, processando as palavras.
- O quê? Ela não está na cama? Afinal, que horas são? - interrogou a garota.
- São dez e quarenta da manhã. - e então, Anelise apontou para a cama. - Está vazia.

Ao ouvir o horário, a garota pulou da cama, assustada.
- Dez horas!!! O que houve com ela? Tory nunca me deixou dormir tanto! Sempre me acordou depois de sua caminhada, às oito. - confirmou Esther.
- Ela não acordou ninguém. - murmurou Anelise.

Esther respirou fundo. Tinha algo de muito errado ali e ela sentia isso. Mesmo estando de pijamas e boca suja, Esther ignorou o banheiro e saiu do seu quarto. Assim que encontrasse Tory, voltaria e se limparia. Assim que esteve no corredor, ela se deparou com Peter e Gê conversando sérios. Os dois tinham seguido seu exemplo e ainda estavam com suas roupas de dormir. Como Peter era o que mais sentia calor, ele dormia sem camisa, apenas de calça. Já George era oposto: dormia com uma regata e short. A jovem achava que aquilo era um costume adquirido na A-51, já que a Tory também dormia de calça e uma regata e, os dois sempre usavam essas roupas em cores claras.

Ao se aproximar, perguntou:
- O que está acontecendo aqui?

Peter negou com a cabeça, balançando os cabelos azuis.
- Eu acordei faz uma hora, assustado com o horário e desci para ver o que estava acontecendo, por que eu tinha acordado tão tarde. Porém, desci e não encontrei ninguém. Somos apenas nós quatro acordados. Fiz igual a pequena e sai a procura da Tory, mas ela não está na ilha. - comentou ele. Seu tom de voz denunciava preocupação, enquanto colocava suas mãos nos bolsos da calças. Já George estava quieto e olhava para todos os lados, parecendo esperar um trem.
- Estranho. A Tory volta da corrida às oito e me acorda em seguida. Ela só sai para fazer compras às 11:15. Sempre seguiu esse cronograma. - comentou Esther. - Peter e George, acordem os outros e os reúnam na sala. Talvez saibam de algo. Vou descer e ver se acho aquela maluca.

A garota não esperou pelas respostas dos dois e desceu em alta velocidade os dois andares até o térreo. Esther procurou em cada cômodo: na sala de treino, na sala de estar, na biblioteca, oficina do Charles, na lavanderia e cozinha. Foi quando encontrou a carta. Esther leu rapidamente as primeiras linhas e parou, sentindo um pesar por dentro. Decidiu não ler mais alguma palavra até estar junto aos outros.

Não demorou muito até todos estarem lá. A garota dobrou a carta e a segurou firme, indo de encontro aos dez signos na sala. Assim que chegou ali, viu todos confusos. Ela sabia que quem movia aquela casa era a Tory. Ela que fazia todos acordarem no horário, arrumarem suas camas e fizessem as atividades. Era a Tory que fazia suas refeições e distraía os mais novos; fazia o café de todas as tardes e conversava nos crepúsculos. Sem aquela garota, todos estavam perdidos, desnorteados e confusos. Tory era a energia de todos ali.

- O que houve? - perguntou Leon, bagunçando ainda mais sua pequena juba.
- Eu não sei. - respondeu Lindsey, sonolenta.
- Cadê a Tory? - perguntou Courtney.
- Verdade. Cadê ela? - questionou Charles.
- Eu não vi ela hoje. - comentou Violet.
- Tory! - gritou Sam, saindo do sofá.

Assim que o garoto passou por Esther, ela o parou com a mão.
- Volta para o seu lugar. Essa reunião será sem a Tory. - comentou ela, com um gosto amargo na boca.
- Por que? Cadê ela? - perguntou a criança.

Esther não sabia se demonstrou algo em seu olhar ou se Sam também sentia a ausência de Tory, mas o garoto recuou e seus olhos se encheram de lágrimas. George e Peter se aproximaram de Esther e pararam ao seu lado.
- Então? - interrogou Gê. Sua agonia era gritante.
- Vou falar para todos de uma vez. - falou ela.