Capítulo 5 - O jantar

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Durante os primeiros trinta minutos, Alissom desapareceu de dentro de casa, e tudo ficou absolutamente silencioso. Depois, ouvi barulho na cozinha, mexendo nos armários e resmungando.
Uns minutos depois, ouvi os passos em direção ao meu quarto, mas ia e voltava, parava na porta, suspirava e voltava.

Abri a porta, quando percebi que ele ficou parado por mais de dois minutos só suspirando.

— O que você quer, Alissom? — perguntei, ele levou um susto.

— Nada. Só quero cozinhar e não encontro nada nessa bagunça de vocês. — disse, parecia irritado.

— Bagunça é o seu cabelo. — falei, soei mais irritada do que realmente estava.

— Ninguém nunca reclamou. — resmungou.

— Você não sabe que é falta de educação vir na casa da pessoa e mexer nas coisas dela sem pedir?

— Eu pedi pra Agnes.

— Duvido muito. Não mexe na minha cozinha, por favor. — fechei a porta.

— Então me diz onde eu arrumo comida nesse inferno de lugar? — ele gritou na porta.

Respirei fundo, porque aquele "inferno de lugar" agora era o meu lar, e por algum motivo tive vontade de voar no pescoço dele por falar mal da minha cidade Mas me contive; coloquei uma roupa decente pra sair e abri a porta de novo. Ele ainda estava montando guarda e reclamando como uma velha com uma colher de pau na mão.

— Coloca um tênis, vamos sair.

— Sair onde?

— Pra um bar que tem comida e a melhor cerveja da cidade.

— Você bebe cerveja?

— Ocasionalmente. Mas só um copo, não gosto de ficar bêbada.

— Então tira toda a graça da coisa.

— Eu acho muita graça em não ter dor de cabeça no outro dia. E eu te dou quinze minutos pra se arrumar.

— Rá. Não preciso nem de cinco. — disse ele, caminhando tranquilamente até a mala do lado do sofá.

— Quanto tempo você pretende ficar?

— O suficiente. — se agachou, de costas para mim.

— Suficiente pra?

— Quando menos perceber já vou ter ido embora. — disse, ainda de costas fuçando a mala.

— Espero muito por esse dia. — falei, ele não respondeu e se enfiou no banheiro.

...

Contei no relógio e levou apenas três minutos pra ele sair. Usava uma camisa de manga curta preta, calça jeans reta de lavagem escura e tênis. Por algum motivo, penteou o cabelo para trás, e se não fosse tão branco eu diria que ficou parecendo um mafioso italiano de Hollywood.

— Caramba. — pensei alto, mas acabei falando.

— Muito arrumado?

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora