Feliz e completa

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— Dinheiro pra passagem? — Lorena mordeu o lábio.

— É sério? Vocês querem pegar ônibus sem dinheiro? — bati com a palma da mão na testa.

— Não esquenta, Kate. O motorista é primo da Pérola. — Vivian disse.

Bufei. Como todas nós passaríamos de graça em um ônibus?

— Ele tá vindo. — ela disse.

Toda se levantaram e arrumaram as mochilas. O ônibus era menor do que os que eu estava acostumada e era marrom. Que esquisto!
Logo que entramos, entendi como iríamos andar de graça. Ele estava total e completamente vazio.

Pérola deu um beijo no tio e logo pulou a catraca, e nós imitamos ela. A estrada de interior era péssima, cada buraco enorme e com a estrada de chão batido, estava me sentindo uma batida, sendo chacoalhada pra todos os cantos.

Enfim, chegamos ao centro e eu dei graças a Deus.

— Bom, temos um cartão de crédito para todas nós, isso quer dizer que não podemos entrar nas lojas caras. — Vívian disse.

Pérola murchou.

A Kate cuida das mochilas enquanto nós experimentamos as roupas, certo?

— Como assim? Ela não vai provar nenhum? — Lorena perguntou.

— Ah, eu já tenho roupa. Podem ir, eu espero.

Vívian encheu a sacola de roupas, mas em cada vestido encontrava um defeito. Esse é curto de mais, comprido de mais, rosa demais, sem graça demais, apertado demais, etc. Experimentou a loja inteira e não gostou de nenhum.

— Que ódio! Todo mundo já achou o seu, menos eu! — ela disse, bufando.

— Calma, você tem várias roupas bonitas. Ou pode usar uma das minhas, não tem problema.

— Aquele idiota vai estar lá. Eu tenho que estar perfeita. — ela resmungou.

Que idiota?

— Um menino que vive enchendo o meu saco. Nem vale a pena falar dele.—  ela disfarçou.

— Tô sentindo que essa festa vai ser ótima. — falei, me levantando.

Ficamos dando voltas pelo pequeno centro comercial, com várias sacolas, rindo e gritando no meio da rua.

— Já está na hora do ônibus, temos que voltar. — Pérola alertou.

Fomos até o ponto de ônibus, e novamente ele estava vazio. Que estranho.

O quarto ficou uma bagunça. Roupas pra cá, sapatos pra lá, algumas maquiagens... caos total!

— Ei, como se usa esse negócio aqui? - Vívian disse com o modelador de cachos em suas mãos.

— Deixa que eu te ajudo! —  Lorena disse.

Logo já estavam prontas e maravilhosas. Vívian ainda estava emburrada em um canto, dizendo que não queria mais ir para a festa. Drama, pois ela não faltaria essa festa por nada.

Depois de uns minutos, elas saíram, deixando eu e Vívian sozinhas. Entrei no banho, a fim de me arrumar para essa tal festa, que na realidade não me serviria de nada. Mas elas estavam tão empilhadas que não quis ser chata e dizer não.

— Ai meu Deus! — Vívian gritou.

Abri a porta do banheiro o mais rápido possível.

— O que foi? Se machucou? — falei, ofegante.

— Achei minha roupa! — ela balançou um dos meus vestidos nas mãos — Você me empresta?

— Vívian, pelo amor de Deus, nunca mais grita desse jeito. Eu pensei que você estivesse, sei lá, passando mal! — bronqueei.

— Foi mal. Ei, você não vai se arrumar? —  ela perguntou.

— Mas eu já estou pronta, ué! —  falei, colocando meu all star branco.

— Você não vai ir desse jeito. Eu sei que o seu "namoradinho" não vai estar lá, e você não quer se arrumar por causa disso, mas você tem que ficar bonita pra você. Se até eu coloquei um vestido, você também pode. Vai se trocar que eu espero.

Saí do banheiro novamente , e ela tinha acabado de colocar o seu sapato de salto preto e estava tirando fotos no espelho quando me viu com uma roupa mais apropriada para a festa, mas ainda com meu all star branco.

— E aí? Como eu estou?  — perguntei, dando uma voltinha.

—  Agora sim, meu amor. Estamos destruindo corações hoje. — Vívian disse, corrigindo seu batom vermelho.— Podemos ir?

—  Podemos. — falei, acompanhando ela até a porta.

A música estava tão alta que meu coração começou a pular no mesmo ritmo. De repente, Vivian paralisou e arregalou os olhos para mim.

— O que foi? — perguntei, assustada.

— Ai. Meu. Deus. Eu amo essa música!— ela berrou, me arrastando para dentro.

Entramos no salão sem dar bola pra ninguém, somente seguimos reto até a pista de dança, onde não havia ninguém. Vivian não se importou e começou uma coreografia muito esquista e contagiante, pois quando virei, a pista estava cheia.

Havia muito tempo que eu não me sentia assim, feliz. As meninas me mostraram uma coisa muito importante: que apesar de eu gostar muito do Alissom, eu não preciso dele pra ser 100% feliz e completa.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora