Bronca

5.4K 338 7
                                    

Entrei na sala da diretora, seu humor não era dos melhores. Estava com as sobrancelhas franzidas e de braços cruzados.

— Nos chamou, diretora? — a loira perguntou.

— Sim, sentem -se, por favor. — ela apontou as cadeiras.

— Olha, diretora, primeiramente eu queria diz... — a loira começou, mas foi interrompida com um sinal da diretora para parar de falar.

— Vocês sabem porque estão aqui, não sabem?

Assentimos com a cabeça. As duas em silêncio.

— Nossa escola tem três troféus estampados na entrada, vocês sabem o que eles querem dizer? — ela perguntou e logo continuou — Querem dizer que por três anos consecutivos, nós ganhamos o prêmio de melhor escola. Agora, imaginem o nível que nossos alunos tem que ter pra poder estudar aqui.

— Desculpa, mas o que isso tem a ver? Uma escola boa não tem a ver com o "nível" dos alunos, e sim, com a persistência dos professores de ensiná-los. Se um aluno vai mal, isso quer dizer que ele não tem nível? É isso? Idiotice! — resmunguei.

— Se um aluno vai mal, quer dizer que ele não está apto para estudar nessa escola. — a loira rebateu.

— Então eu não quero mais ficar aqui, pois eu acho que não sou apta a tanta besteira. — encarei-a.

— Calem a boca! — a diretora gritou — Eu não quero saber o que você pensa sobre essa escola, Kate, sua mãe a colocou aqui, e acredito que tenha tido seus motivos. Mas eu não vou fazer corpo mole com você, só porque ela é minha amiga, então, se arrumarem briga mais uma vez, as duas serão expulsas. Agora podem sair.

Saí da sala pisando duro, que tipo de escola era essa?
A loira me encarava, dava pra sentir a raiva de longe.

— Você não vai sossegar até estragar tudo, não é garota? — ela segurou meu braço.

Eu juro que estava tentando não odiar ela, mas não conseguia controlar essa raiva.

— Não, eu não vou sossegar, e se você ficar no meu caminho, vou te levar junto comigo.

Ela largou meu braço e saiu resmungando pelo corredor. Meus olhos encontraram o de Arthur, ele estava escorado na parede sorrindo.

— O que que é? — perguntei.

— Você não tem tamanho pra ser tão brava desse jeito.

— Ah, cala essa boca. Eu tenho um tamanho normal, tá legal?

— Pra uma criança de sete anos, sim.

— Deus, tira essa vontade de matar esse menino.

— Não pode matar alguém por ser mais bonito do que você.

— Você não tem jeito né, Arthur.

— Eu teria jeito se a sua amiga Lorena me desse bola.

— Como você é dramático! Já falei que vou te ajudar, é só ter paciência.

Fomos conversando até chegar no meu quarto, depois ele foi embora com medo de que Lorena aparecesse. Homens!

Lorena estava espiando pela fresta da porta, pois quando fui abrir, acidentalmente acertei a cara dela.

—  Aí, Kate! — ela resmungou.

— Quem mandou você ficar aí? A culpa não foi minha.

— Eu ouvi a voz... — ela pressionou os lábios — a sua voz. Eu ouvi a sua voz e...

— Minha voz? Tem certeza? Será que não foi a do Arthur? — ela corou.

— Era ele?

— Sim, ele só queria saber o que a mãe dele falou pra mim. — não iria revelar o real motivo de ele ter vindo, Lorena também tinha que tomar atitudes.

— Ah, entendi. — seu semblante caiu — E Como foi?

— Só um "blá, blá, blá" sobre regras. E se eu fizer de novo sou expulsa. Então provavelmente vou fazer de novo.

Sim, eu iria tentar mais uma vez, ou quantas vezes fossem necessárias. O que eu temia era reação da minha mãe depois que eu conseguisse sair daqui. Ela ainda teria coragem de me tirar a Duda? Ou iria chantagear o Alissom para ele se manter longe de mim? De qualquer forma, estar presa nesse lugar não me ajudaria em nada, pois se eu quisesse mostrar para a minha mãe que eu era realmente capaz de ficar com a Duda, não conseguiria daqui de dentro.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora