É o fim?

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Sim, eu posso ter, agora, 18 anos. Sim, eu posso ter vivido coisas que nem pessoas mais velhas viveram. Sim, eu moro sozinha. Sim, eu sou mãe. Sim, presenciei muitos acidentes.
Mas... existe uma idade certa pra viver?

Com tudo isso que aconteceu, eu acabei me tornando mais adulta. Ganhei novas responsabilidades, ganhei uma nova família... Claro, sem deixar de perder a minha essência, mas sim, eu cresci e muito!

Acabei ganhando, de paraquedas, um bebezinho que agora me chama de mamãe. Acabei me afeiçoado tanto, que as vezes parece que ela saiu de mim, e que ela é realmente minha filha... Mas quem pode dizer o contrário?

E o que dizer sobre Alissom? Um menino que eu conheço desde que tinha cinco anos de idade, e que infernizava eu e a Agnes em todas as nossas brincadeiras. Um menino que se tornou um homem tão rápido e que assumiu o papel de pai de Agnes e de Duda, tão rápido... E que com aqueles olhares, acabou me conquistando sutilmente, pouco a pouco, fazendo eu me apaixonar cada vez mais.

Me lembro como se fosse hoje a primeira vez que eu o vi...

Ele era mais velho e os cabelos eram loirinhos, quase brancos. Eu estava na casa da Agnes, pela primeira vez e ele estava na sala.
Quando ele me viu, a primeira coisa que ele disse, não foi lá muito romântico...

- Ah, sério Agnes? Você trouxe essa garota chata pra nossa casa? - ele se levantou e saiu emburrado.

Eu não entendia porquê ele me achava chata, nunca fiz muita questão de saber, mas a partir dali eu comecei a odiá-lo.
Claro, aquele ódio bobo de criança, mas que depois foi virando algo meio indefinido.

Até que eu descobri que aquelas palpitações, não eram por causa da figura de ódio que ele representava. Mas como eu iria saber que aquelas palpitações que eu tinha quando ele se aproximava, aqueles batimentos errados cada vez que ele sorria, aquele frio na barriga quando ele falava comigo, eram amor?

O fato está exatamente aí, onde eu não descubro sozinha. Onde ele me mostra e me ensina como lidar com todos aqueles sentimentos, como fazer pra não enlouquecer com tanta coisa ao mesmo tempo. Eu acho que é assim que deveria ser. O amor tem que ser uma coisa compartilhada, onde os dois aprendem juntos a lidar com os problemas e sentimentos.

E eu conseguia enxergar exatamente isso! Não só um namorado, mas também um amigo, um confidente, uma pessoa para estar do meu lado a vida toda.


Mas não sabemos o dia de amanhã, afinal, que graça teria viver se não levássemos alguns tombos de vez em quando?


.

..

Olhei para Duda, ainda no hospital, no colo de Alissom. Por um minuto, desejei que aquele momento durasse para sempre, mas depois eu percebi, que seria muito mais incrível, viver outros momentos perfeitos e diferentes com eles. E agora, com a familia tendo aumentado, eu iria apreciar eles muito mais.

- Por que você tá me olhando assim?- Alissom quis saber, ele estava sorrindo.


- Tô só observando o quanto eu sou feliz por ter vocês dois. - respondi.

- Olha, filha! A mamãe tá poeta hoje!- ele disse, e ela bateu palminhas exibindo os dois pequenos dentes.

- Nani nani! - ela gritou.

- É, a Nani! - Alissom disse apertando sua barriguinha.

Ela deu uma risada gostosa e pegou a chupeta da mão de Alissom, depois deitou em seu ombro e começou a se embalar.

- O que tá fazendo Duda? - perguntei, sentando ao lado de Alissom na poltrona.

Ela olhou pra mim e colocou as duas mãos embaixo da orelha, imitando a hora de dormir.
Agnes pegou ela no colo e levou perto da janela, ela adorava janelas.

Muitas coisas mudaram outras nem tanto, muitas brigas, risadas, acidentes, tristezas, momentos felizes, momentos confusos, muitas memórias, boas e ruins, amigos, inimigos, uma vida completamente perfeita ou um conto de fadas com defeitos.

E de uma coisa eu tenho certeza... que isso aqui, não é fim. Afinal, eu só tenho 18 anos.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora