Doces

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Peguei minha bebezinha no colo e senti seu cheirinho doce.

— Senti saudades, minha pequena.

Senti um vazio tão grande, pois a casa era tão silenciosa sem ele por perto que eu nem sabia como viveria sem sua presença. E mesmo quando ele estivesse aqui, não seria o meu Alissom.

Duda agarrou meu dedo, como sempre fazia e me olhou com aqueles olhos grande e penetrantes. Esfregou-os e começou a chorar.

— Não, não chore meu amor. O papai vai voltar para casa, okay? Ele vai voltar pra gente, só precisamos ter paciência...

Ela fez um beicinho que a deixou mais parecida com Alissom, o que fez meu coração se derreter. Como eu poderia ser responsável por uma coisa linda dessas? Como eu poderia ser mãe, com tão pouca idade assim? E de uma criança que nem mesmo era minha de verdade?

A resposta estava lá, estampada naqueles olhos lindos. Ela era o bebê mais lindo que eu já vira, com suas bochechas rosadas e todo aquele charme manhoso. Ela era o motivo de eu continuar de pé todos os dias.

No outro dia, quando cheguei para ver Alissom, levei Duda comigo. Ela estava com uma das roupas favoritas dele, um body rosa cheio de flores e um laço vermelho na cabeça.

Entrei no quarto e ele sorriu ao me ver.

— Pensei que eu tivesse sonhado com você, mas não, você é real! — Alissom disse, largando sua gelatina.

Duda, que estava dormindo em meu colo, ao ouvir a voz dele, despertou de imediato e abriu um sorriso lindo.

— Você sabe de quem é essa voz, não é meu amor? — falei, mudando a minha voz.

Alissom ficou olhando para mim, enquanto eu trazia ela para mais perto dele. Ele a olhou, familiarizado e a pegou no colo, como sempre costumava pegar, na vertical e a colocou sentada em seu colo.

— Essa é a...

— Duda — ele interrompeu.

Minha expressão congelou, ele lembrava dela? Será que Agnes disse algo antes de eu chegar?

— V-você lembra dela?— gaguejei.

— Sim! —  ele sorriu — eu me lembro dela... É a minha menina, não é? Eu me lembro dela, mas nao consigo me lembrar de você...

Tentei não transparecer a minha frustração, mas se ele lembrava pelo menos dela, então isso queria dizer que havia uma chance dele recobrar a memória.

— Nós só viemos te dar um oi... — falei, percebendo o sorriso que se formou em seu rosto.

— E você não vai me dizer seu nome?— ele perguntou.

— Meu nome é Kate.

— Olha pequena, o nome dela é bonito, não é? Igual ela — ele disse, olhando para Duda como se estivessem em uma conversa só deles.

— Kate, o horário de visitas começa em duas horas. O que você está fazendo? — Agnes disse, assim que me viu.

— E eu nunca estive aqui! — dei um beijo em sua bochecha e saí com Duda.


Quando estávamos na rua, eu comecei a conversar com minha pequena enquanto ela estava no carrinho.

— Claro, ele não tem culpa de não lembrar de mim... tá, eu estou com ciúmes de você. Mas é que... ele me conhece desde que eu era criança e... — parei, quando vi Agnes correndo em minha direção.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora