O que você faz quando tem uns cinquenta problemas e não tem poder pra resolver nenhum? Era assim que eu estava me sentindo: impotente.
Não sabia o que fazer sobre o Alissom, muito menos sobre o sentimento de apego que eu estava começando a compreender. Como resolver isso?
Liguei para Matheus, pois ele costumava ser um ótimo conselheiro.- O que aconteceu? - ele perguntou.
- Aconteceu tudo! Tá tudo virado, tá tudo errado, tá tudo... Sei lá!
- Como assim? Me explica direito!
- O Alissom me beijou.
- E?
- E ele não sai da minha cabeça! O beijo dele não sai da minha cabeça, o cheiro dele, o rosto dele, o toque dele, tudo! Eu não quero me apaixonar por ele, eu não quero!
- Meu Deus, quanto drama! Se apaixonar é bom, Kate. Tá, você teve uns péssimos exemplos aí, mas não era pra dar certo com os outros. E se o Alissom for o cara certo pra ti? Você vai simplesmente jogar ele fora? - sua voz ficou melancólica.
- Como que eu sei se ele é o menino certo?
- Você não sabe. Vai ter um dia em que você vai olhar pra ele e sentir que é esse o certo. Nada de mistério ou romance.
- Simples assim?
- Simples assim.
- E como eu ignoro o fato de eu estar me apegando à um bebê que, na verdade, não é nada meu? - olhei para Duda, que dormia tranquilamente na cama.
- Bom, com isso eu não posso te ajudar. É uma situação que não depende de sentimento, pois você realmente não tem poder nenhum sobre o bebê. Não pode nem cobrar visitas. Mas se quiser ajuda pra sequestrar ela, conta comigo!
- Ah, sim. Vou precisar de ajuda mesmo. - sorri.
- Fica bem, baixinha.
- Você também.
Olhei para Duda novamente. Ela estava com um body com desenhos de sorvete, ele era branco. Uma de suas mãos estava na boca, e a outra cobria um de seus olhos.
Ela exalava perfume de bebê, não podia ser normal tamanha perfeição.Me deitei ao lado dela, apoiando o cotovelo na cama, ela suspirou alto.
E de repente, abriu aqueles olhos grandes e bem azuis, para mim. Se espreguiçou e choramingou um pouquinho, era a coisa mais linda de se ver. Peguei ela no colo e fui para a cozinha, fazer a mamadeira.O carrinho dela, tinha um brinquedo que ficava girando enquanto ela estava deitada. Ela amava aquilo, às vezes ria sozinha dos bichinhos que apareciam. Coloquei ela lá e comecei a cantarolar uma música para ela se distrair.
Alissom apareceu, ele estava me observando. Um arrepio percorreu minha coluna, e meu coração acelerou. Dentro de mim uma voz me perguntava: como ele conseguiu tamanho poder e controle sobre o seu corpo e mente? Como ele havia se instalado de maneira tão rápida, e feito uma morada sólida no seu coração?
Óbvio que eu nunca conseguia responder, mas algo me dizia que tudo era culpa daqueles olhares quentes dele. Ser humano nenhum poderia resistir àlguem que olhasse dessa maneira.
- Até que você não canta tão mal. - ele disse, sua voz rouca fez cócegas nos meus ouvidos.
- Eu tento. - dei de ombros.
- Vocês se deram muito bem. Estou impressionado! - ele pegou Duda no colo.
- Ela é um doce de menina, não tenho reclamações.
- Ela é um doce quando está perto de você, Kate. A verdade é que eu nunca vi essa bebêzinha tão tranquila, quanto ela está agora. - suas palavras fizeram efeito no meu estômago, pois ele embrulhou. Eu me apegar, ok. Agora, ela? Eu fiz uma criança se apegar à mim? Estava pior do que eu imaginava!
- Não quero que ela se apega a mim...
- Kate, - ele colocou sua mão em meu queixo e me olhou bem no fundo dos meus olhos - é impossível não se apegar à você.
Meu coração disparou, com certeza eu estava tendo um ataque cardíaco, ou algo do tipo; senti minha boca secar e minhas mãos começaram a suar.
O que ele estava insinuando? O que aquele olhar queria dizer?O lugar onde sua mão estava, começou a queimar, parecia que minha pele toda estava em chamas. Mas aí Duda me despertou para a realidade, e eu a peguei dos braços dele.
Ele ainda continuava a me olhar daquele jeito, e eu sabia que se continuasse assim, eu daria meu coração à ele.Isso se eu já não o tivesse feito.
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O irmão da minha melhor amiga
RomanceDizem que o amor e o ódio andam lado a lado. Kate discorda disso totalmente. Alissom também. Kate nunca entendeu por que Alissom parecia odiá-la. Desde criança, ele era sempre distante, grosseiro e fazia questão de evitar qualquer lugar onde ela est...