O irmão da minha melhor amiga

Aula

Combinamos de atacar o armário mais tarde, porque se nos descobrissem, não iriamos poder comer os doces. A aula já estava para começar, tive que colocar o uniforme ridículo que me deram, e ir para a sala.

O uniforme era totalmente cinza, com uma saia que passava do joelho, era muito grande. Eu parecia uma puritana, meu Deus!

Chegando na sala, todo mundo ficou me olhando, como se eu fosse uma aberração.

— Por que vocês estão me olhando? —  perguntei.

— Porque você chegou atrasada, Kate.— Vitória disse.

—  Como é o seu primeiro dia, eu vou deixar passar, mas na próxima você não entra. —  a professora disse —  Vamos, sente-se!

— Kate, senta aqui. —  Arthur, o filho da diretora, sussurrou.

Fui até a mesa ao lado dele, Vitória me seguiu com o olhar, ela estava furiosa.

— Kate, em qual quarto você ficou? —  ele perguntou.

— Vinte e dois, eu acho.

— O quarto da Lorena... —  ele disse baixinho.

— Você conhece a Lorena? —  arqueei a sobrancelha.

— Não, não. Eu nunca falei com ela, só vi de longe. —  ele se atrapalhou.

— Ah, entendi. Você gosta dela.

— Tá tão na cara?

— Sim, muito. Mas, tudo bem, eu posso te ajudar, se você quiser, claro.

— Quero. Eu quero muito!

— Fica perto de mim, no recreio, e eu faço a coisa acontecer. — pisquei.

Aquela aula não acabava nunca, que ódio! E por que a primeira aula tinha que ser de matemática? Tenha santa paciência!

Quando finalmente acabou, fomos para o refeitório, o cheirinho de tempero me deu água na boca. Mas a decepção veio logo em seguida, me lembrei que a comida era vegetariana.

Sentei em uma mesa, as meninas sentaram logo em seguida, Arthur não foi nada discreto, sentou do lado de Lorena. Pessoas apaixonadas e suas vergonhas alheias.

— Então, você sentou aqui por causa do plano? —  Vívian sussurrou.

— Como assim? —  perguntei.

— Essa é a mesa da Vitória, sente aqui e arranje confusão com a diretora.

— Eu não sabia, mas já que isso pode me ajudar, vou sentar aqui todos os dias.

— Eu posso saber porquê as donzelas estão sentadas na minha mesa? — a loira gritou.

— Bah, não tô vendo teu nome escrito na mesa, desculpa. —  falei.

— Agora você já sabe que a mesa é minha, já pode sair.

—  Quem vai me obrigar? Você? —  perguntei.

Ela me olhou, os olhos fumegando, parecia brasa viva. E então, ela derramou meu copo de suco, e olhou para as amiguinhas como se tivesse feito história.

Levantei sua bandeja de comida e joguei-a nela. Me senti muito confortável, essa menina precisava de várias lições.

— Só pode estar de brincadeira! Isso não vai ficar assim. —  a loira disparou pelo corredor, e por onde passava, deixava seu rastro de comida.

Mais ou menos uns cinco minutos depois, fui chamada na sala da diretora. Eu estava enganada, iria ser fácil fácil sair daqui.

— Kate, não vai agora, termina de comer. Faça elas esperarem, ficarão muito bravas por você as desobedecer. — Janaína disse.

— Boa ideia. O que será que a loira disse pra ela? —  Pérola perguntou.

— Diretora, você não sabe o quanto eu estou magoada! — Vívian imitou sua voz.

— Tá tentando ser expulsa? —  Arthur perguntou.

As meninas ficaram em silêncio, por um minuto, nos esquecemos de que ele era o filho da diretora.

— Sim, estou. —  respondi.

—  Isso é fácil, minha mãe não tem muita paciência pra aguentar bagunça. É só arranjar encrenca todo dia e puff, considere-se expulsa. — ele disse, Arthur estava oficialmente no nosso grupo.

— Então é isso que eu vou fazer, arranjar briga até não poder mais. Quero só ver a cara que a minha mãe vai fazer quando souber que eu consegui ser expulsa de um colégio desses.

— Ela vai te matar, com certeza. —  Vívian disse.

— E a minha também. —  Arthur falou, todas nós rimos.

Lorena e ele trocaram olhares, pelo visto, o sentimento era recíproco. Isso me lembrou de Alissom, o coração apertou, precisava sair rápido dali.