Mãe?

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— Kate, você está bem? — Alissom perguntou, estávamos no carro.

— Eu menti pra você. — baixei a cabeça.

— Como assim mentiu pra mim?

— A conversa com a minha mãe.

— O que ela te disse? — ele parou o carro no acostamento.

— Disse que é apenas questão de tempo até você me expulsar do apartamento como se eu não fosse nada.

— Kate, você não acreditou nisso, não é?

— Acreditei.

— Você só pode estar de brincadeira!

— Ela tem razão. — o interrompi — É a caçada, Alissom. Você me quer porque não pode me ter, ou porque eu sou um desafio pra você. Não é real. E no momento que conseguir o que quer, vai me deixar sozinha.

— Kate, não ouse dizer isso! — ele segurou meu rosto.

— Desculpa, Alissom, mas nada do que você disser agora, vai mudar minha opinião. — olhei uma última vez em seus olhos — Vamos pra casa, perdi a vontade de sair.

Ele tentou argumentar, mas sabia o quão teimosa eu podia ser quando queria. Então, o silêncio reinou o percurso inteiro.

Ao chegar em casa, a porta estava aberta. Tomei um susto em um primeiro momento, mas ela não estava com sinal de arrombamento, então poderia muito bem ser Agnes.

— Segura a Duda, deixa que eu entro primeiro. — Alissom sussurrou.

Ele entrou devagar e avistou minha mãe. Ela estava com um vestido elegante, preto e estava sentada de forma ereta no sofá.

-— Mãe? —  perguntei confusa.

— Sim? — ela levantou.

— Não me lembro de ter te convidado para vir aqui. — cruzei os braços.

— Estou vindo de uma festa beneficente. — ela parecia brava.

— O que você quer aqui?

— Sabe a Jane? A filha dela, Vitória, está prestes a ganhar uma bolsa de estudos no exterior.

— E você veio comunicar a notícia? — perguntei, impaciente.

— Não. Ela me disse que Vitória era das mais indisciplinadas, mas depois que colocou a menina num colégio interno, tudo melhorou. Então eu decidi, você vai pra um colégio interno.

— Você só pode estar brincando, né? Que tipo de brincadeira é essa? — meu estômago de revirou.

— Brincadeira nenhuma, Kate. Arrume as suas coisas, você vai pra lá amanhã de manhã.

— Bem, eu não vou. Caso tenha se esquecido, sou maior de idade, então não, não vou ir coisa nenhuma.

— Eu esperava que dissesse isso. Já que você quer que eu aja como a vilã da história, tudo bem. Você vai pro colégio interno, ou eu faço uma denúncia sobre o Alissom. Ele perde a guarda da Duda, o emprego e esse apartamento. Vamos lá, escolha.

— Como assim, denúncia? Fazer acusações falsas é crime. — Alissom se meteu.

— Não são falsas, Alissom. São suas exs namoradas, menores de idade, relatando vários ocorridos contra você.

Estava a ponto de vomitar. O que era aquilo?

— Ocorridos? — olhei para Alisson, incrédula.

— Você sabe que nunca faria nada desse tipo, Kate! Isso é trama da sua mãe co...

— Eu vou. — falei, decidida.

— Você não pode fazer isso com a sua própria filha! Não percebe o mal que está causando? — Alissom gritou.

— Não me venha dar lição de moral, Alissom. Eu sei o que é melhor pra minha filha, e ponto final. — ela disse, pegando sua bolsa e saindo.

—  Kate, isso é loucura! Não pode acred...

— Eu vou, Alissom. — o interrompi.

— Eu pego você às seis. — foram as últimas palavras dela, antes de deixar o apartamento.

— Vou arrumar as minhas coisas.  — falei e saí rapidamente.

Alissom me olhou, incrédulo. Acho que teria sido pior se eu tivesse dito com todas as letras que iria embora porque eu sabia, agora, que nada mais ali me pertencia. O apartamento não era meu, Duda não era minha. Alissom não era meu.

Ali costumava ser o lugar que eu chamava de lar, mas pensando bem, agora não era mais.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora