O irmão da minha melhor amiga

Nascer do sol

Parte de mim estava querendo surtar, e a outra parte, a sensata, queria resolver tudo com calma. Alissom e eu tínhamos nos beijado algumas vezes, e até então, beijos não tinham significado de compromisso. Só a ideia de namorar com ele, me causava arrepios e borboletas no estômago.

Por ora, tínhamos uma amizade colorida. Nada de definitivo, nada de certo, eu não era sua namorada. Mas então seria isso? Eu deixaria que as coisas acontecessem daquela maneira? Deixaria que Alissom se tornasse uma pessoa que entraria e sairia a hora que bem entendesse?

Era inegável que tinha um sentimento rolando entre nós, e a minha maior dúvida, e maior preocupação era: paixão ou amor?

— Kate! — Vívian me despertou — A aula.

A mulher de corpo esquelético lia uma tarefa que já tinha dado na semana passada, e que eu sabia que ninguém iria reclamar, apenas para não terem novas atividades. Voltei a atenção a minha amiga que estava com uma cara de culpa horrível!

— Que cara é essa? — perguntei, ela não precisou de um segundo pra começar a falar.

— Preciso te contar uma coisa. — ela disse, e grudou minha mesa na dela.

— Me conta, adoro fofoca.

— Você lembra do Maicon?

Não, eu não fazia ideia de quem era.

— Sim, continua. — menti, eu queria muito aquela informação.

— Então, depois que você saiu pra pista de dança, eu... — ela começou, mas foi interrompida pelo inesperado silêncio da classe.

Arthur e Lorena entraram na sala de aula, atrasados, o que era um milagre. Parecendo que a corte real tinha acabado de chegar, todos os pescoços viraram em direção a eles. Os pombinhos, agora assumidíssimos, caminharam aos seus lugares, parecendo não notar que a aula havia parado para os dois.

Eles flutuavam, exalando amor por onde passavam. Mas esse amor não foi muito bem recebido pelas outras meninas, principalmente por Vitória, que já estava a postos para destilar seu veneno.

— Todas as meninas me odeiam. — Lorena resmungou, sentando-se ao meu lado.

— É o preço. — toquei seu braço, tentando consolá-la.

Eu não entendia aquela disputa toda por um garotinho tão....sem artifícios que o diferenciavam. Arthur era um ótimo amigo, bonito, muito querido e educado, mas era apenas isso. Não tinha algo de especial para explicar o motivo de todas serem apaixonadas por ele.

— E então, Vívian? O que você ia me falar? — voltei minha atenção ao rosto, ainda culpado, de minha amiga.

— O Maicon me beijou.

QUEM ERA MAICON????????

— O Maicon o quê?! —  gritei. Todos olharam pra mim, Vivian quase afundou na cadeira. A professora acabou me xingando, dizendo que eu poderia compartilhar a fofoca com ela e  com a turma.

— Isso, espalha pra todo mundo! — Vivian me deu bronca.

— Foi mal, mas é que você solta uma informação dessas do nada, como queria que eu reagisse? — perguntei, tentando me defender.

— Foi só um beijo!

— Mas do nada? Ele te beijou e foi isso? Nada de arrepios, faíscas, pele quente, coração acelerado? — perguntei, mas obviamente ela ignorou essa parte, respondendo só o que não entregaria seu coração.