Despedida

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— Apresento a vocês: o Amor. Ele pode se mostrar tímido e demorar a aparecer, ou ele pode simplesmente brotar de uma hora pra outra na sua vida. É imprevisível o jeito que ele vai surgir, assim como é imprevisível o modo como ele vai te moldar. Sim, ele vai te mudar de alguma maneira, seja para o bem ou para o mal. É aquele sentimentozinho que você ignora no começo, e depois quando olha já tem vida própria e manda em você. Faz você fazer coisa idiotas, igual nos romances dos livros, faz você gostar de coisas que você não gostava antes...— enxerguei Alissom na porta e paralisei completamente.

— Continue, está indo bem. — a professora incentivou.

— Amor é aquela faísca, — continuei, com a voz trêmula — aquela esperança de que a vida não é ruim, e que tudo pode dar certo. Te faz acreditar em você, te faz querer ser você mesma e mostrar pro mundo como esse sentimento é bonito. E por isso talvez as pessoas não dizem tanto essa palavra, por medo do poder que ela tem sobre todos. Porque ela te sim, um poder imenso pra reverter qualquer situação... — não conseguia mais aguentar, eu precisava sair.

Saí correndo, passei por Alissom e ele gritou meu nome, mas segui direto para o banheiro e tranquei a porta.

— Kate, o que foi? — ele bateu na porta.

— Sai daqui!

— Eu não vou sair até você abrir, e eu sou louco o suficiente pra arrombar essa droga. Então, abre logo!

Destravei a porta e ele entrou.

— Alissom você não pode entrar no banheiro feminino. Tá maluco?

— Eu não tô nem aí, eu vou embora amanhã. Mas não posso ir embora antes de saber se você vai ficar bem.

Amanhã? Ele estava indo embora amanhã? Eu nem tive tempo pra me despedir direito, eu não entendo...

— Meu vôo é às 7h, a propósito.

— Sai daqui, Alissom. — minha voz saiu fraca.

— Já falei que não vou sair até...

— Não tá vendo que é você que tá me deixando assim. — o interrompi.

— Eu... eu...

— Me leva pra casa, eu não quero mais ficar aqui.

Ele não falou mais nada, só assentiu e me levou sem qualquer gesto maior.
Eu esperava que ele dissesse algo, fizesse algo, qualquer coisa, mas ele não fez nada. O caminho todo, ele nem sequer olhou para mim.

Isso estava doendo demais, eu não sei se iria aguentar toda essa dor. Eu só queria parar ela de algum jeito...

Deitei a cabeça no travesseiro, junto com Duda que nem ouspu se mexer, e fiquei ali o dia todo. Alissom não voltou para a escola, ao invés disso ficou arrumando suas malas e batendo na minha porta a todo segundo perguntando onde estava tudo. (Desculpas)

Também não parava de me pedir pra comer alguma coisa, mas nada do que eu comesse iria preencher essa vazio que eu estava sentindo.
Qual era o sentido de continuar existindo se aquela dor não queria sumir?

Quando inseperadamente Vitória entrou no quarto.

— Tudo bem, eu estraguei sua relação com o Alissom por ciúmes, admito. Mas você não pode ficar assim. — ela disse.

— E por quê?

— Porque ele pode ser o amor da sua vida, mas ele não é a sua vida. Sim, vai doer perder ele, mas acontece que você vai ficar bem, porque existem 7 bilhões de pessoas no mundo e uma delas pode ser o seu novo amor. Assim como o seu novo amor pode ser você mesma, entende?

Ah tá, agora você quer me passar um discurso motivacional feminista. Você literalmente acabou de falar que destruiu minha relação com o Alissom por puro ciúmes! Eu não preciso que você me diga que eu não preciso do Alissom pra viver, eu já sei disso. A única diferença é que eu quero ele, mesmo que eu possa viver sem, eu não quero! E eu não sou menos feminista por causa disso. Agora sai daqui!

Duda começou a chorar, Alissom entrou correndo no quarto.

— O que foi? Quer ajuda?

— Alissom, qual é o problema? Você tá querendo me dizer alguma coisa?

— Não. Você quer?

— Não.

Ah, o orgulho. Por que tão presente na minha vida?

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora