Madrinha!

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Kate

Faltavam poucos dias para o casamento e Agnes estava muito ansiosa. Eu e ela ficávamos noites inteiras resolvendo alguns assuntos pendentes sobre o casamento, depois eu perguntava sobre suas expectativas e ficava horas ouvindo suas histórias malucas.

Como o casamento foi em cima da hora, começamos a caçar salões pra realizar a recepção. Felizmente, mamãe tinha um amigo que abriu uma exceção para nós e disponibilizou o salão.

Eu ainda não havia escolhido o meu vestido,  Agnes estava me infernizando para ver isso logo. Eu não queria ter que usar um vestido, pois coisas ruins acontecem quando eu uso um vestido. Da última vez que usei um, eu fui traída.


— Agnes, o que você está fazendo? — perguntei, pois ela estava fazendo o maior barulho.

— Estou arrumando minhas coisas pra levar pro apartamento. — ela falou, guardando seus livros em uma caixa de papelão.

— Mas já?! Tão rápido! — fiz beicinho.

— O Gabriel pediu, ele já está terminando tudo por lá. — Agnes suspirou.

— Essa festa vai ser incrível! — falei, e a abracei.

— Vai ser incrível se a minha madrinha comprar logo o seu vestido.— ela disse, cruzando os braços.

— Ah, ninguém vai me notar ali na festa, o que importa é você. — falei, disfarçando.

— Eu vou notar! Vamos logo comprar esse vestido, dona Kate!

— Precisa mesmo ser um vestido?—falei, chorosa.

— Você é minha madrinha, lógico que tem que ser um vestido! — ela disse impaciente.

— Mas eu posso ser uma madrinha diferente!

— Kate, para de fazer birra de criança e vamos logo comprar esse vestido. — ela falou, me arrastando.

Agnes não deixou eu levar Duda, pois disse que eu iria me distrair. Então ela ficou com Alissom, e confesso que estava com o coração na mão, pois da última vez que os dois ficaram sozinhos, Duda quase estourou suas cordas vocais.

— Por favor, não mate ela. — pedi, e dei um beijo nos dois.

Passei pela porta e Agnes me olhou com uma cara maliciosa.

— Quer dizer que agora você dá beijo de despedida no meu irmão?

— Agnes, eu beijei a bochecha dele, pelo amor de Deus! — revirei os olhos.

Olhamos tantas lojas que eu estava tonta, nenhum dos vestidos me agradava. Era complicado ser mulher e madrinha de casamento.
Mas ao passar por uma vitrine, encontrei o tal vestido que Agnes queria, e até que eu fiquei bonita nele. Agora era só esperar a catástrofe acontecer.

Quando estávamos no elevador, de volta para casa, Agnes começou a me olhar estranho.

— O que você tá olhando? — perguntei.

— Você e o meu irmão estão apaixonados um pelo outro, não estão? — ela disparou.

— Ai Agnes, nada a ver! — sorri nervosa.

— Você tá vermelha! — ela colocou a mão na boca — Vocês se gostam! Meu Deus, minha melhor amiga e meu irmão. Eu vou pirar! — ela começou a pular.

— Agnes, para de pular no elevador. Eu não estou apaixonada, ninguém está apaixonado aqui! — falei, impaciente.

— A primeira etapa é a da negação! — ela deu um sorrisinho.

A porta do elevador abriu, me dando chance de escapar da conversa.

Quando entrei, a casa estava uma bagunça. O leite estava virando no fogão, tinham fraldas espalhadas por toda a parte e ele estava desesperado com ela chorando em seu colo.

— Meu Deus. — Agnes disse.

— Pelo menos ela está viva.

Ele imediatamente colocou Duda em meu colo e limpou a baba em seu pescoço.  Sua fralda estava do avesso.

— Qual o seu problema?! Você tem alguma deficiência que não consegue distinguir os lados de uma fralda?! — Agnes disse, impaciente.

— Eu avisei, Agnes! — falei rindo e desvirando a fralda.

— Alissom você é a pior pessoa do mundo! — Agnes disse, dando um tapa na testa dele.

— Eu não tive culpa. — ele resmungou.

— Eu vou ir resolver algumas coisas do casamento, não mate a minha prima, por favor. — Agnes beijou sua testa.

Ela saiu e bateu a porta.

— Acho que não sou um bom pai. —  ele disse, abaixando a cabeça e sentando no sofá.

— Como seria esse "bom pai"? — perguntei, enquanto vestida a Duda.

— Um pai que, pelo menos, saiba colocar a fralda do jeito certo.

Quando Agnes voltou para a minha casa, acabei me distanciando de Alissom para não deixar pistas sobre meus sentimentos sobre ele. Eu não sabia se ele havia percebido, mas me doeu muito me afastar dele.
Assim como me doía ver ele se achando insuficiente.

Coloquei Duda em seu colo, pois ela adorava o jeito desengonçado que ela a segurava.

— Por enquanto, seja apenas um pai. O resto você aprende com o tempo. — sorri.

Ele deu um de seus mais lindos sorrisos, e aqueceu meu coração. Em algum momento, perdi a noção do espaço e deixei ele chegar perto de meu rosto.

— A gente precisa ir no mercado! — falei, saindo de perto.

— Fizemos compras semana passada.

— Mas já acabou tudo. E também, precisamos comprar coisas pra Duda, ela está crescendo rápido.

— Então vamos. — ele colocou Duda em meu colo e me puxou pela mão.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora