Não gosto de surpresas

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Estávamos no carro fazia vinte minutos, e eu já havia começado a estranhar. Gabriel ficava olhando pelo retrovisor o tempo inteiro, suas mãos estavam escorregando no volante, suadas...

— Gabriel Eduardo Almeida, pra onde você tá me levando? — perguntei, ele se encolheu.

— Kate, não faça perguntas. — ele disse, visivelmente nervoso.

— Diz logo ou eu vou ligar pra mamãe e dizer que foi você que derramou vinho no tapete dela. — ameacei.

— E eu digo que o Alissom dorme na mesma cama que você! — ele rebateu.

— E eu vou dizer...

— Kate, senta nesse banco e cala boca. — ele me interrompeu — Deus, maldita hora que eu fui me meter. É uma surpresa, agora vê se me deixa dirigir.

— Bom, eu não gosto de surpresas! — murmurei, cruzando os braços.

Mais alguns minutos na estrada, o carro de Gabriel finalmente parou. Ele deabredesceiu a porta para mim e me entregou um envelope vermelho.

— Que merda que você tá fazendo, Gabriel? — abri o envelope com raiva.

— Mas você é muito teimosa. Eu não sei o que esse garoto tem na cabeça! — ele murmurou, dando um tapa em sua testa.

Dentro do envelope tinha um mapa e um bilhete com as escritas " Siga as instruções".

— Ah, entendi! Mamãe e papai fazendo a caça aos ovos. — fui irônica, Gabriel bufou.

— Kate, vai logo bancar o Indiana Jones antes que eu esguele você. — ele me empurrou.

Segui as instruções, tinha quase certeza de que eu estava na direção errada, pois só conseguia ver mato. Até eu entrar em um jardim secreto bem aleatório no meio do nada , repleto de árvores com pisca-pisca.

What the fuck? Eu quase me matando pra pagar a conta de luz e esses desgraçados colocando luzinhas nas árvores o ano inteiro? O mundo era mesmo um lugar doido.

Andei um pouco mais e vi Agnes de longe. Quando cheguei bem perto, notei que ela segurava um cartaz que dizia "A princesa que trocou os sapatinhos de cristais pelo All Star..."

— Que coisa brega. — falei, fazendo uma careta — Isso é coisa do seu irmão, né?

— Ah, para! Eu achei fofo. — ela olhou para a folha, sorrindo.

— Foi você que deu a ideia, né? — constatei, ela fechou a cara.

— Vai logo antes que eu bata sua cabeça nessa árvore.

Obedeci, vendo que todos estavam dispostos a me matar. Mais alguns passos, podia ver a trilha de pessoas que eu tinha que enfrentar. De longe, pareciam Callie, Giovanna e Larissa.

O cartaz de Callie dizia " A menina que tem medo de trovões..."

Me perguntei o que isso tinha a ver com tudo o que estava rolando. Árvores com pisca-pisca, mapas, cartazes... será? Se fosse o que estava imaginando...

— Droga, Kate! Você anda devagar de mais, sabia? — ela falou, se sentando na grama.

— Por que não esperou sentada? — perguntei, notando as escritas no cartaz.

" A menina que eu realmente amo. Você, Kate..."

Sorri, era tão bom ler que eu era amada. Depois de tudo aquilo, finalmente eu podia deitar no travesseiro e dormir, sabendo que um gato loiro de olho azul, me amava.

— Eu não pensei nisso. Anda logo, eu estou com fome! — ela me empurrou.

Alisson havia escolhido as pessoas certas para me fazer uma surpresa. A única que não quis me matar, até o momento, foi Callie, mas sabia que era por causa do "você é minha cunhada e se você me odiar, meu namorado vai me odiar também".

Apressei o passo, com o coração na boca de tanta ansiedade. Eu iria matar Alissom, com certeza. Depois de beijá-lo, óbvio.

O próximo cartaz, que estava com Larissa, dizia: " Quero tornar esse momento único..." .

Hum. Tá, duas opções: a primeira ele vai dizer que está grávido, ou a segunda ele vai me pedir em namoro do jeito mais brega possível.

Olhei o mapa mais uma vez para ter certeza de que estava no caminho certo, pois não via mais nenhum cartaz. E então, olhei para uma das árvores havia outro envelope vermelho pendurado. Puxei o força, abrindo com expectativa.

" O seu prêmio por essa caminhada toda está aí".

— O quê? Eu ganhei uma árvore com pisca-pisca? Sério, ela não cabe no meu apartamento. — falei para o nada.

De repente, ouço a risada de Alissom por trás de mim, seu hálito de encontro com minha nuca me fez arrepiar. Me virei para ele, que estava usando uma camisa social cinza, o cabelo bagunçado, segurando um girassol na mão esquerda. Uma caixinha preta na mão direita.

— Antes que você me mate, eu preciso dizer algumas coisa, tá? — ele me entregou a flor.

— Tá, mas eu também quero falar.

— Tudo bem, um de cada vez. — ele colocou a mão no meu rosto — Bom, eu pensei em várias maneiras de te falar isso, mas só tem um jeito: você vai ter que namorar comigo. Isso é só mais uma formalidade porque eu sei que você aceita, mas eu não poderia perder a oportunidade de te irritar com uma surpresa brega. E também, de colocar uma aliança nesse dedo. — ele sorriu —Não quero que você ache que você é uma das minhas "conquistas", porque você sempre foi o meu desejo. As outras garotas não me importam, meu coração sempre foi seu, Kate. Sempre será seu. — ele falou, abrindo a caixinha com duas alianças finas, na cor prata.

— Bom, eu até esqueci o que queria falar. — sorri, ele ficou me olhando —Põe logo isso no meu dedo e me beija. — mandei.

Alissom sorriu, colocando o anel no meu dedo, e eu no dedo dele. E finalmente me agarrou, selando aquele momento da melhor maneira possível.
Eu queria até xingar ele por toda aquela baboseira brega com cartazes e flores, mas para a falar a verdade, eu havia gostado.

Ele me conhecia, era fato. Sabia que se me pedisse durante o café da manhã, eu estaria mais do que satisfeita. Ou se enroladas um pedaço de barbante em meu dedo, também adoraria... mas ele fez desse jeito. O jeito Alissom de fazer as coisas, sempre pensando em uma maneira de me irritar. Gostava do jeito que ele fazia isso, me sentia mais desafiada, sabendo que minha vida acabaria por se tornar um clichê.

— Está com fome, namorada? — Alissom perguntou.

— Sempre, namorado. — pronunciei aquela bela palavra.

Finalmente era o meu namorado.

E eu só tinha uma coisa pra dizer: Chupa essa, Carolaine!

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora