Capítulo 8 - Um convite

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A família foi embora quando o sol já estava quase sumindo na linha do horizonte, deixando a bagunça toda para trás. O som da porta do carro se fechando ao longe ecoou como um sinal de que a tranquilidade havia retornado, mas a bagunça na casa permanecia. Agnes se demorava na despedida com Gabriel, e dentro de casa, só dava pra ouvir o som das risadas e beijos.

Enquanto isso, Alissom pegou uma vassoura encostada na parede e começou a limpar os restos do dia, jogando olhares discretos para mim.

— Quanto tempo você vai ficar? — perguntei, enquanto recolhia alguns copos da mesa.

— Já te falei, o suficiente.

— Tá, mas... isso é uma semana, um mês?

Ele deu de ombros, com um sorriso preguiçoso, sem desviar os olhos do chão que varria.

— É, por aí. — Ele claramente não queria dar uma resposta direta. — Por que quer saber sobre isso?

Eu hesitei, mas resolvi falar o que estava na minha mente.

— Não quero me acostumar a ter você por perto se, de uma hora pra outra, você for embora. Espero que, pelo menos, me avise.

— Quer dizer que gosta da minha companhia? — perguntou, ainda de costas, claramente numa brincadeira. Demorei alguns segundos para responder.

— Gosto. — A coragem tomou conta por um instante, mas percebi o significado do que disse quando ele virou para mim, com uma expressão incrédula.

— Não brinca comigo. — falou, sério.

— O que você achou que aconteceria quando começasse a agir como uma pessoa normal comigo? Eu realmente nunca te odiei, só respondia aos seus comportamentos. — acrescentei, apressada, tentando amenizar.

Ele riu, o som baixo e sincero, como se não pudesse acreditar no que ouvia.

— Caramba, achei que a coisa mais surpreendente do dia seria o pedido de casamento.

Continuei arrumando a mesa, mas um sorriso bobo escapou, apesar de mim. Ele parecia iluminado, como se aquelas palavras tivessem significado mais do que eu pretendia.

— Vou embora na semana que vem, se quer saber. — ele voltou à varredura, mas sua voz parecia mais suave agora.

— Tão cedo? — A decepção escapou antes que eu pudesse conter.

Alissom parou novamente, encostando a vassoura no canto da porta. Ele olhou para fora, onde Agnes e Gabriel ainda se despediam. A porta estava fechada, mas podíamos ver pela janela que os dois se beijavam apaixonadamente.

— Você acha?

— Ah, é que a Agnes... com certeza vai sentir sua falta. Tipo, você passou cinco anos fora e volta pra ficar só uma semana?

Ele voltou os olhos para mim, intensos, avaliadores.

— Bom, posso ficar se houver um bom motivo. Você tem algum pra me dar? — caminhou em minha direção, e parou a exatamente um passo de distância.

Meu coração deu um salto, e por um momento, a sala pareceu encolher.

— É... claro! A sua irmã! Ela precisa de você. — Respondi rápido, minha voz um pouco mais aguda do que pretendia.

— Pra quê? — perguntou, inclinando a cabeça, a voz baixa, quase rouca.

Ele deu outro passo, e a distância entre nós quase desapareceu. Sua mão subiu lentamente, afastando uma mecha de cabelo que caíra no meu rosto, e o toque foi tão leve que me fez prender a respiração.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora