O irmão da minha melhor amiga

Memórias

E finalmente, era a hora do almoço!
Confesso que estava com pena da pessoa que iria lavar toda aquela louça, mas eu estava bem feliz com meu prato gigante, cheio de comida.

Vívian foi a primeira a comer, óbvio, foi a tia dela que preparou tudo. Com todo aquele calor, as pessoas começaram a tomar todo o refrigerante antes do almoço, aí na hora de comer, ele começou a faltar.

Alissom se prontificou a buscar mais, e ele e Jonathan saíram.

Aproveitei para ficar um tempinho com Duda, na sala.

— Fala papai! Pa-pai — eu dizia, e ela babava os dedos e sorria.

Ela grunia e resmungava uma porção de sons comuns de um bebê. E quando Alissom voltou, era a hora do parabéns.

— Kate, você poderia me ajudar com um novo curativo? — ele falou, enquanto eles cantavam o "com quem será?".

— Claro, vem comigo! — puxei ele pela mão e o levei até a cozinha, onde tinha uma caixinha com primeiros socorros.

Abri a caixinha e ele me olhou daquela maneira. Aquela maneira como ele sempre me olhava, um olhar quente que me dava frio na barriga. Um olhar que fazia minha garganta secar e meu corpo esquentar.
Adorava quando ele me olhava assim.

Ele se aproximou, com os olhos nos meus e me prendeu no balcão da cozinha.

— Ei, o que você está fazendo? — sorri, com as mãos apoiadas na ponta do balcão.

— Apenas apreciando sua beleza mais de perto... — ele tirou uma mecha do meu rosto.

Era praticamente impossível tirar os olhos daquela boca dele, ela me chamava cada vez que estava tão perto assim. Porém, antes que eu tomasse a iniciativa, ele grudou sua boca na minha, com voracidade.

E colocou toda a sua paixão em cada toque. E eu, o puxando para mais perto, até que não sobrasse nenhum centímetro entre nós.

Por um minuto, ele parou de me beijar e me olhou nos olhos. Daquele jeito.
E outra vez me beijou, fazendo algo dentro de mim, borbulhar.

— Não consigo mais ficar um minuto longe de você, Kate! — ele falou, ofegante.

— Eu nunca quis que você ficasse longe!

Ele sorriu, me dando ainda mais certeza de que eu o amava com todas as minhas forças.

— Kate, você tá aí? — ouvi a voz de Agnes.

— Eu tô aqui na cozinha! — gritei e Alissom se afastou, me dando passagem.

— Te achei!

— O que foi?

— É a Duda, ela tá berrando...

Minha pequena tinha uma guela que desestabilizava qualquer pessoa.
Cheguei até Gabriel, que nem sabia como segurá-la e a peguei no colo. Ela logo se aquietou e ficou com as mãos enroladas em meu pescoço.

Passei alguns bons minutos com ela no colo, me lembrando das músicas que meu pai cantava quando eu era pequena.

Ela acabou adormecendo e eu não quis colocar ela no carrinho, queria ela ali comigo, quietinha...
Sentei no grande sofá e acabei cochilando junto com ela. Quando acordei, estava escurecendo e Alissom me carregava no colo, até o carro.

Duda já estava na cadeirinha, e estava desperta, já eu...

— Ela não tá com cara de quem vai dormir cedo... — Alissom falou, no carro.

— Deus me ajude! — resmunguei.

— Você tá linda assim... com o cabelo desarrumado e com essa carinha de sono.

Ele me fez sorrir, como sempre faz.

O trajeto não foi longo, e Duda começou a gritar vários blás, que eu achei a coisa mais linda do mundo.
Quando chegamos, Alissom a pegou no colo, admito, ele tinha jeito pra isso.
Já dentro do elevador, eu estava arrumando meus cabelos no espelho e Alissom não parava de me olhar e sorrir.

— Por que você tá me olhando assim?— falei, me virando para ele.

— Porque uma vez nós ficamos presos no elevador e eu lembro que te olhava exatamente assim — ele disse, beijando minha testa.

— Nossa, aquela vez eu quase morri de sus... — paralizei — Espera! Você lembrou! — gritei.

Meu peito ameaçou explodir, não conseguia me contar de tanta emoção.

— Não sei se lembro de tudo, mas com certeza de você eu me lembro! — ele me beijou e Duda colocou sua mão babada na minha bochecha.

Não sabia o quão feliz eu poderia ser com apenas duas coisas, com coisas que nem mesmo eram materiais.
Não sabia que minha vida seria assim, e quer saber? Eu faria tudo de novo!