Babá?

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Alissom

Mais uma vez, Kate não me esperou para ir embora. A questão toda que eu já estava começando a entender estava em seu humor matinal, nada fácil de lidar, admito. Certo, se eu quisesse que ela se apaixonasse por mim, e eu queria muito, teria que começar não a irritando logo pela manhã.

Não deveria ter dito aquilo sobre me mudar, eu nem ao mesmo queria me mudar, mas como ficaria perto dela tanto tempo? Não queria forçar ela a nada, queria que ela me desejasse tanto quanto eu a desejava, por isso precisava me afastar, antes que cometesse alguma loucura e perdesse ela para sempre.

Por mais que doesse admitir, sentia que minha presença a incomodava, e como de costume, ela não ousava me olhar nos olhos por muito tempo para que eu visse algo além daquilo. Era exatamente isso que me torturava! Vê-la todos os dias e saber como se maltratava por dentro por causa daquele... daquele... filho da mãe do Thales!

Ela não se abriu para mim, nem mesmo depois de eu ter tentado expressar tudo o que eu sentia com aquele beijo, muito pelo contrário, se fechara mais ainda. Conhecendo ela do jeito que eu conheço, sua cabeça estava a todo vapor, pensando em coisas absurdas, motivos pelo qual a beijei, mas nenhum era o verdadeiro.

Eu a desejava! Queria que ela se mostrasse para mim, de uma maneira que nunca ousou fazer com nenhum outro, queria ela em meus braços! Mas, não! Eu tinha que ter escolhido a pessoa mais cabeça dura pra gostar, não é?

Mesmo assim, Kate era meu mais belo desafio.

— Kate, eu preciso falar uma coisa com você. — falei, assim que a avistei na cozinha, obviamente tinha chegado primeiro do que eu.

— Pode ser depois? É que agora eu tô com um pouco de dor de cabeça.

— Claro, eu... estarei esperando você.

Ela parecia magoada, mas pressiona-la só a deixaria mais irritada, e isso era o que eu menos queria, então a deixei ir. De novo.
Assim que vi sua porta se fechar devagar, alguém começou a apertar freneticamente a campainha. Corri para atender a porta, me lembrando da súbita dor de cabeça de Kate, mas ao ver quem era, fiquei surpreso.

Minha tia Jéssica, havia a visto pela última vez no enterro dos meus pais, meu estômago se revirou, odiava lembrar disso.
O rosto de minha tia estava vermelho, e ela tremia conforme colocava o carrinho gentilmente na sala

— Como assim, tia? — perguntei, quando começou a explicar o porquê de o seus olhos estarem tão inchados. Me encolhi no sofá, estava com uma sensação ruim sobre toda aquela história.

— Ele estava viajando a trabalho, naquela refinaria que seu pai indicou ele... e-e-e a plataforma simplesmente explodiu! Seu tio estava bem perto da explosão, ele está realmente ferido... — ela explicou, em meio à soluços.

— O que houve? — Kate disse, descendo a escada, estava secando o rosto. Espera, ela havia chorado?

Mas o que... Tá, não era hora para pensar nisso. Minha tia havia me procurado por um motivo, não podia me distrair.

— O marido da minha tia sofreu um acidente grave, ela precisa ir vê-lo em outra cidade e... quer minha ajuda pra? — arquiei a sobrancelha, a espera de uma resposta.

— Alissom, eu preciso que você cuide de Duda até que eu volte.

Olhei para a imagem tranquila no carrinho. Não podia simplesmente dizer não à minha tia, mas eu, com certeza, não sabia cuidar de uma criança sozinho!

— Kate? — olhei para ela.

— Tudo bem, a gente cuida dela. Não tem problema, espaço é o que não falta.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora