O irmão da minha melhor amiga

Balada

Entramos no mercado e pegamos um carrinho para colocar Duda. Era a primeira vez que eu usava aqueles carrinhos de supermercados próprios para bebês, e eu me sentia muito adulta.

Alissom estava procurando o leite da Duda e eu estava no outro corredor procurando roupas para ela, pois Jéssica havia trazido apenas o suficiente para uma semana.
Eu não sabia comprar roupas para bebês, mas estava muito empolgada vendo quanta coisa linda tinha lá.

Para nossa sorte, Duda já tinha o carrinho e o bebê conforto, entao só precisávamos do básico. Mais mamadeiras, chupetas, fraldas e roupas. O difícil era se controlar perto de tanta coisa perfeita.

-

Kate, você já viu o preço de um pacote de fraldas? - Alissom disse, trazendo em suas mãos três pacotes de fralda.

- Mas você já viu essa fantasia de bebê do Capitão América? - mostrei a fantasia.

- Por que eu iria comprar isso? - ele levantou a sobrancelha.

- Ué, não sei. Vai que a Terra precise de ajuda da Super Bebê América.

- É um bom argumento, mas não vai rolar.

Terminamos as compras e fomos para casa. O caminho não era tão longe, então fomos a pé e colocamos as compras no carrinho da Duda e Alissom a carregou no colo.
Quando estávamos quase chegando, vi Mel saindo de um lugar com a música alta. Sua maquiagem estava borrada.

- Mel? - falei, colocando a mão em seu ombro.

- Kate! - ela disse, e me abraçou desesperadamente.

- O que aconteceu? - Alissom perguntou.

- É o Bryan! A gente tava numa festa e estava tudo indo muito bem, mas tinha muito barulho, daí ele disse que ia me levar pro quarto, pra termos mais privacidade na festa. Só que quando chegamos lá, ele começou a me beijar de um jeito diferente, e eu entendi o que ele queria, mas eu disse que não estava preparada e ele saiu furioso. - ela estava falando muito rápido - Aí eu fui atrás dele e ele agarrou a Carolaine na minha frente!

Até o namorado da minha irmã essa garota quer!

- Calma, Mel. Vai ficar tudo bem - falei, limpando seus olhos.

- Calma? Eu acabei de ser traída na frente da escola inteira! - ela gritou.

- Então vamos entrar aí e arranjar um carinha pra você beijar. - Alissom disse.

- Sério? Primeiramente, ela não deveria estar aqui, porque ela tem apenas quatorze anos. - falei.

- Kate, devo te lembrar da festa que eu dei lá em casa e que você bebeu tanto que dormiu no meu quarto?

- Obrigada por falar isso na frente dela. - gruni.

- Vocês duas vão entrar aí e me esperar, porque eu vou colocar Duda na cama e já volto. - Alissom disse.

- Tá bom. - falei.

Entrei na casa onde a música estava alta, eu acho que era uma festa de aniversário.

- O Alissom é muito bonito, será que ele ficaria comigo? - ela falou em meu ouvido, pois a música estava muito alta.

Algo dentro de mim se revirou. Uma parte de mim queria dizer que ele já tinha dona, mas ele não tinha, pois um beijo não dá direito à ninguém. Dois beijos, pra ser mais exata.

- Eu não sei. - respondi, enfim.

Mel começou a procurar meninos, mas era muito criteriosa pra isso. Carolaine e Bryan estavam na outra parede se agarrando ainda, e ver aquilo era nojento!
S

entei no sofá e observei Mel dançando sozinha na pista.

Minha irmã era muito bonita, por que aquele idiota preferiu a Carolaine?

- Eu não gostei desse lugar! - Alissom disse, se sentando ao meu lado. Ele havia chegado, finalmente.

- Você que deu a ideia.

- Foi uma péssima ideia, aliás.

Começamos a conversar e alguém nos deu um copo com alguma coisa muito forte. Isso não deveria estar na boca de uma pessoa de quatorze anos, como a Mel!
O líquido transparente desceu queimando pela minha garganta, o que fez meu corpo todo esquentar. De repente, surgiu uma vontade estranha de dançar e eu me levantei indo em direção à pista.

Alissom ficou me observando de longe, sua expressão tinha mudado. Ele parecia incomodado com alguma coisa.

- Por que você ficou bravo de repente? - falei, puxando ele para a pista de dança.

- Porque você é a garota mais linda da festa, e quando você começou a dançar, todos os meninos voltaram a atenção para você.

- Que pena que a minha atenção está voltada apenas pra você. - não me lembro de ter pensando em dizer isso, acho que eu deveria parar de beber.

- Que bom que você disse isso. - ele sorriu, e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Por quê?

- Porque eu vou te beijar, nesse exato momento. - ele se aproximou.

O beijo dele ainda me causava arrepios, ainda fazia minha pele se incendiar e minha cabeça girar. Seu beijo ainda me tirava o fôlego, me tirava a consciência e me deixava carente, como se eu precisasse dele pra sobreviver.

...

Acordei com uma dor de cabeça terrível, e não me lembrava como eu havia parado na minha cama, muito menos como eu cheguei em casa. Eu só conseguia lembrar daquela bebida horrível que eu tomei.

Desci as escadas mas meu estômago não me permitiu ir muito longe, pois coloquei tudo o que tinha dentro dele, para fora. Depois de me recompor, tentei descer as escadas novamente e encontrei Alissom dormindo no sofá e Mel fazendo café.

- Tô com dor de cabeça. - resmunguei.

- Eu também. - Mel colocou a mão no estômago - Acho que eu vou vomitar! - ela correu para o banheiro, tampando sua boca.

Tomei três remédios pra dor, de uma vez só e me sentei na guarda do sofá.
Deixei o remédio e a água em cima da mesinha que tinha na frente do sofá, caso Alissom acordasse, e fui fazer algo para comer.

-

Kate, eu estou saindo, a Duda tá lá no meu quarto. - Agnes apareceu.

- Dá pra você falar mais baixo? - coloquei os dedos nas têmporas.

- Ninguém mandou você beber! - ela falou, e me deu beijo, depois saiu.

- Nunca mais eu ponho nada que tenha álcool na minha boca! - falei.

- Você disse isso da última vez. - Alissom levantou.

- Eu não me lembro disso. - cruzei os braços.

- O que você está fazendo? É hora do almoço, sai da cozinha. Sou eu quem sempre faz o almoço. - ele me empurrou.

- Eu tô com fome!

- Você está sempre com fome. Toma, come esse pão. - ele me entregou.

Estava pronta pra dizer a ele que não era esse o café da manhã que eu queria, mas Duda começou a chorar, e eu subi para pegar ela.
Seus gritos zuniram no meu ouvido, com certeza minha dor triplicou.