Que festa?

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Aula, aula, aula e mais aula. Seria difícil não pensar em um momento que eu não esteja em aula, isso sem contar nas provas que são sábado. Que tortura, meu Deus!

- Kate, acorda! Tá na hora da aula, você vai se atrasar! - Vívian gritou no meu ouvido.

- E quem disse que isso é problema meu? - resmunguei.

- Kate, eu vou te bater. Não me irrita logo de manhã! - Vívian disse puxando meu cobertor.

- Como se você já não fosse irritada 24 horas. - resmunguei novamente.

Ela me derrubou da cama e depois me arrastou pelo corredor até o banheiro.

- Você tem cinco minutos pra se arrumar, ou eu vou vir aqui e te afogar na pia. - ela saiu.

Ótimo.

A sala de aula estava silenciosa, aquilo parecia mais uma prisão do que uma escola.

- Você vai na festa? - Arthur perguntou.

- Que festa? - não sabia que os presos tinham direito de ter festas.

- A festa para comemorar o aniversário da escola. - ele disse empolgado.

- Não tô no clima. Acho que não vou ir.

- É uma pena... vai ter comida liberada, sabe? - ele disse, esperando minha resposta.

- Talvez eu vá. - disse, Arthur sorriu.

Entrei no quarto e larguei os cadernos na cama, verifiquei meu celular umas 39 vezes para ver se tinha mensagem do Alissom, mas nem sinal dele.
As meninas entraram no quarto e largaram suas coisas também.

- E essa tal de festa que tem amanhã e ninguém me avisou? - bronqueei.

- A festa da Elite, você quis dizer? A gente não vai. - Janaina disse.

- E por quê? - perguntei.

- Porque nós não temos roupa, dã! - Pérola fez uma careta.

- Bom, eu tenho um cartão de crédito, e ele tem bastante dinheiro. - falei.

- E isso quer dizer que? - Pérola perguntou.

- Que a gente vai fazer compras. Alguma sugestão de lugar?

- Eu sei de um, mas é bom ter muito dinheiro aí mesmo. - Vívian.

- Não se preocupe.

Depois, fui até a biblioteca. Gostava de ficar perto dos livros, eles me acalmavam, pois me lembravam de Alissom. Sentei no chão com uma pilha deles ao meu redor.

- Então você gosta de ler? Que interessante, dona Kate. - Dudu falou se aproximando

- É, me lembra alguém.

- Bom, eu não sei muito sobre livros, quero começar a ler um romance, mas não sei qual. Algum pra me indicar? - ele disse pegando um dos livros que estava ao meu lado.

- Então, para começar você deveria ler esse aqui. - dei em suas mãos o livro.

- Simplesmente acontece?

- Sim, ele não é tão romântico, por isso acho que deveria começar com esse, para preparar seu estômago com as fofuras extremas dos outros livros. É da Cecelia Ahern, você não vai se arrepender.

- Já que você diz... - ele disse, abrindo o livro.

Quando voltei, todas já estavam na cama dormindo, menos a Vívian, que estava jogando no meu celular.

- Eu não lembro de ter deixado vc pegar o meu celular! - disse me ajeitando para dormir.

- E quem disse que isso é problema meu? - ela repetiu a mesma frase que eu.

- Não sou o Capitão América, mas peguei a referência.

Me atirei na cama, eu estava exausta, parecia que dormir nunca era o suficiente.

O sinal soou às 7h30, juntei todas as minhas forças pra não matar alguém, e me levantei da cama. As meninas levantaram, e em um segundo estavam prontas. Admiro a capacidade que elas tem de fazer isso.

Como era um colégio interno, não podíamos sair sem autorização, e a minha mãe, com certeza, não tinha dado ela pra Diretora, mas as meninas sabiam como contornar a situação.

O guarda do portão dos fundos era tio de Pérola, então foi só ela fazer uma carinha triste, e já estávamos livre daquele lugar, pelo menos por algumas horas.

O ponto se ônibus mais próximo dali, era muito longe, tivemos que caminhar pra caramba.


- Kate, vão ter vários gatinhos na festa, a gente tem que se arrumar muito! - Pérola disse entusiasmada.

- Quem disse que eu preciso de um "gatinho"? - perguntei.

- Ué, você não quer um namorado? - Lorena perguntou dessa vez.

- Qual é! Meninas, que droga de pensamento é esse? Nós vamos nos arrumar pra ficarmos bonitas, não para os meninos, e sim para nós mesmas. Por favor, nada de pensamento machista aqui. - Vívian ralhou.

- É isso aí. Hoje, o dia é só nosso. - falei.

Só faltava uma trilha sonora legal, pois estava parecendo cena de novela.

O ônibus demorou pra chegar, estávamos muito ansiosas, nem tivemos tempo de nos lembrar dos meninos, quer dizer, elas não tiveram tempo. Minha cabeça só pensava em uma pessoa, e isso já estava me incomodando.

Por outro lado, estava preocupa da com a Duda. O que seria dela? Alissom era um ótimo pai, mas precisava de alguém por perto, ou seja, como ele estava lidando com ela sozinho?
Mas não adiantava, pra quaquer caminho que eu seguisse, minha mente chegava em Alissom.

Ô vida!

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora