Capítulo 7 - O pedido

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Era quase meia-noite quando voltamos para casa. Minhas pernas pareciam de chumbo, e minha cabeça rodava com o tanto de assuntos que tínhamos conversado. Alissom estava mais falante do que o normal, quase como se tivesse feito uma promessa de não deixar um único silêncio acontecer entre nós. Ele quis saber tudo sobre os garotos de quem eu tinha gostado na adolescência. Queria detalhes: nomes, histórias, o que eu via neles. Era um interrogatório estranho, e mais estranho ainda foi perceber que eu não tinha respostas convincentes.

Quando entramos, a casa estava quieta, exceto por Gabriel, que nos esperava na sala, com as mãos nos bolsos e uma expressão inquieta no rosto.

- Ah, finalmente! - exclamou, endireitando-se no sofá, como se estivesse de plantão.

Eu franzi o cenho, confusa. - O que aconteceu?

Gabriel me ignorou completamente, indo direto até Alissom. Segurou os ombros dele com força, sacudindo-o com urgência.

- Cara, preciso falar uma coisa muito importante com você.

- Meu Deus, não me diga que a minha irmã tá grávida. Se estiver, eu juro que te mato - respondeu Alissom, tentando se desvencilhar.

- Não é isso! - Gabriel soltou os ombros dele e suspirou, revirando os olhos como se tivesse ouvido algo absurdo. Então marchou até a cozinha, abrindo o pote de porcelana onde guardávamos bolachas.

Eu cruzei os braços, observando. - Por que diabos você tá mexendo aí?

Gabriel ignorou minha pergunta novamente e puxou uma pequena caixinha preta de dentro do pote. Ele voltou para a sala com passos firmes, mas hesitantes. Com um gesto rápido, abriu a caixinha, revelando um anel de noivado.

Eu e Alissom nos entreolhamos. Mesmo que tivéssemos uma ideia do que esperar, ver o anel ali foi impactante. Ele era lindo, delicado, totalmente o estilo da Agnes.

- Eu não quero casar com você, gosto de mulher - soltou Alissom, de repente, com uma expressão séria que logo desabou em risadas.

Eu explodi em gargalhadas, mas Gabriel permaneceu imóvel, o rosto vermelho de nervoso.

- Tô falando sério. Preciso da sua bênção, cara. - Ele fechou a caixinha com um estalo e a segurou firme, como se fosse um escudo. - Já pedi pro seu pai, e ele aceitou depois de me ameaçar muito - Só que a Agnes... ela só vai aceitar se você também concordar.

- De repente, parece que estamos no século XIX - resmunguei, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha.

- Fala isso porque você não tá namorando a filha de um militar! - Gabriel rebateu, nervoso, gesticulando demais.

- Cara, ela acabou de começar a faculdade. Por que pedir ela em casamento agora? - Alissom perguntou, o rosto sério, os braços ainda cruzados. Ele tinha colocado em palavras o que eu mesma estava pensando.

Gabriel deu um passo para trás, como se a pergunta o tivesse atingido. Ele esfregou o rosto com as mãos, respirando fundo antes de responder.

- Porque eu tô enlouquecendo sem ela, cara! - Ele ergueu a voz, mas não de raiva, e sim de desespero. Os olhos estavam marejados, e a dor em seu rosto era genuína. - Só consigo ver ela nos finais de semana, e às vezes nem isso. Não tenho dinheiro pra gasolina. Não aguento mais essa distância.

O irmão da minha melhor amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora