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Voltei naquela noite para o apê feliz da vida, minha noite tinha sido ótima. Várias selfies, vários presentes e várias lembranças em um só dia. Eu realmente adorei fazer aquilo, me fez esquecer do ogro de mais cedo por algumas horas.

Entrei em casa sem fazer barulho, mas quando adentrei por completo nenhum dos dois estavam ali. Suspirei e tranquei a porta. Troquei de roupa e fui até a cozinha fazer um lanche antes de dormir. Estava distraída preparando minha salada quando ouço algo cair no chão. Me estremeço todinha e então vejo uma sombra por trás do batente, suspiro com a mão no peito e olho diretamente para o local onde a tal pessoa correu. Me permiti gargalhar alto antes de dizer algo.

— Você já foi bem melhor nisso Felipe. — digo entre gargalhadas.
Ele levanta derrotado depois de alguns segundos e me olha indignado.

— Não funciona mais com você não é? — ele pergunta meio sem graça. Eu finjo pensar e nego rapidamente com a cabeça.

— Não mesmo! Arrume outra maneira de aparecer magicamente para mim. E nem tente voltar com aquela palhaçada de janela, porque aquilo quase te matou. — digo e ele suspira sorrindo em seguida.

— Já te falei que você é muito sem graça? — arqueia a sobrancelha.

— Convivência meu amigo.

Ele sorri e me abraça. Respiro e lhe dou um beijo na bochecha, ele se afasta e me fita dos pés à cabeça. Sorri envergonhada, afinal, Felipe nunca tinha me olhado daquele modo em sete anos de amizade. E aquilo mexeu comigo.

— Por que não me chamou para ir conhecer a cidade junto com você? — ele pergunta ao sentar na batente que separava a cozinha da sala.

— Você estava dormindo tão bonitinho. Não queria te acordar só pra andar por alguns lugares e chegar de madrugada. — digo após terminar de colocar minha salada no prato. — Servido?

— Não, obrigado. Mas então, seria uma honra te acompanhar madame. — diz e faz reverência. Sorri e me sentei em uma cadeira que tinha ali aponhando meu prato no batente.

— Foi a minha melhor festa de 15 anos. — digo pensativa sorrindo.

— Até porque foi a única não é? — pergunta e eu lhe dou um tapa.

— Ainda bem, meus pés doem até hoje. Se você não tivesse pisado no meu pé tantas vezes, hoje seria uma boa lembrança é claro; ele estaria menos dolorido.

Ele me olha indignado, tentei segurar o riso mas estava quase impossível. Felipe tinha se saído perfeito na Valsa, na época, era o príncipe mais cobiçado entre as garotas e o fato dele ter me escolhido como sua "princesa", fez nascer uma verdadeira amizade que se aflora até hoje.

— Não seja modesta, eu arrasei como príncipe. — responde ajeitando a gravata invisível de maneira enojada.

— Convencido. — resmungo sorrindo. — Tenho que concordar, fizemos uma ótima dupla.

— Ainda bem que você reconheceu. Fomos feitos um para o outro. — ele diz sério sem desviar nossos olhares. Sorri e ele também. De repente a campanhia toca sem parar.

— Quem será? — pergunto ainda viajando.

— Quem será Dul? Qual é a única pessoa que conhecemos aqui e que seria capaz de tocar a campanhia desesperadora desse jeito a essa hora da noite? — ele pergunta revirando os olhos.

— Grosso. — Lhe dou língua e vou em direção a porta. Abri a mesma, encontrando Bia totalmente descontrolada.

— Dul cadê o Lipe? Ele tá aqui? — ela perguntou desesperada. Arqueei a sobrancelha e saí da porta para que ela entrasse.

— Pode entrar. Ele está aqui sim. — afirmo e a vejo correr até Lipe.

— Lipe me salva! Tem uma barata enorme no meu apartamento, tira de lá por favor. — ela grita de uma forma exagerada. Sorri com a expressão de susto que Felipe fez.

— Eu posso ir lá pra você Bia. — digo suavemente. Ela me olha por um instante e nega rapidamente com a cabeça.

— T-tem que ser o Lipe. Ele entende de baratas melhor do que você. — diz gaguejando.

— Entendo? — Lipe pergunta confuso. Sorri mais ainda e ela o puxou.

— Vamos rápido Felipe!! Ela vai voar pela casa inteira. — diz ainda gritando. Lipe me olha e afirmo rapidamente para que ele a seguisse, não queria barracos na minha primeira noite aqui nesse apê maravilhoso, nessa cidade maravilhosa.

Confesso, era bem estranho um apartamento daquele porte ter baratas. Porém, resolvi não me intrometer no que fosse que Beatriz estivesse tentando fazer e/ou conseguir. Apenas arrumei a cozinha rapidamente e fui dormir, pois já começaria o estágio na empresa amanhã mesmo.

×××

Acordei na manhã seguinte sendo despertada pelo irritante e repetitivo despertador do meu celular. Levantei ao perceber que mais um minuto deitada ali, chegaria atrasada no meu primeiro dia.

Tomei um banho e me arrumei adequadamente. Coloquei alguns assessórios e alguns pingentes e saio do apartamento. Hoje não teria como tomar café em casa, então resolvi comprar um café no Starbucks e seguir para o trabalho já que provavelmente Beatriz e Felipe já foram. Ao contrário de mim eles são bem adiantados.

Caminhava rapidamente pelas ruas de Londres. Era incapaz andar por ali e não me encantar pelas lojas e decorações que estavam por ali. Sorri ao ver uma loja de decoração esplêndida - afinal, se caso a carreira de administração não desse certo para mim, decoração era a minha segunda opção certamente.

Distraída e encantada, caminhava até o Starbucks quando trombo com alguém já na entrada.

— Desculpa eu não... — pedia quando vi de quem se tratava.

— Você de novo? — perguntamos juntos. Ele logo colocou a sua melhor fisionomia de bravo no rosto e eu logo coloquei a minha de tédio.

— Não cansa de me perseguir não? — pergunto cruzando os braços.

— Não cansa de andar distraída por aí e quase morrer atropelada não? — ele pergunta ainda grosso.

Suspiro e rolo os olhos já impaciente, era sobrenatural já odiar uma pessoa sem ao menos conhece-lá.

— Argh! Sai da minha frente criatura. — digo o empurrando.

— Educação mandou lembranças. — ele diz ao me ver passar por ele.

— Devia ter mandando dinheiro. — rebati lhe mandando língua.

— Nada original. — Resmunga.

— Cala a boca. — Digo já estressada adentrado ao Starbucks.

Comprei tudo o que devia, um café e alguns biscoitos. Rezei para não dar de cara com o ogro mais cedo, caso contrário, arrancaria no tapa aquele rosto cínico e lindo daquele homem.

O que ele tem de grosso, tem de lindo.

Paguei tudo e segui até a empresa.

Querido Chefe - Vondy ♥Onde histórias criam vida. Descubra agora