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Duas semanas haviam se passado. Aí você se pergunta: "Mas duas semanas passou, então está tudo resolvido entre você e seus amigos." PEEEN - isso é pra ser um sinal de negação - E eu respondo a suposta pergunta: Não, não está tudo resolvido entre nós.

Então você se pergunta novamente: "E a empresa? É claro que você já resolveu esse assunto e está trabalhando feliz da vida." PEEEN de novo! Então respondo novamente: Não, eu não estou trabalhando.

Sinceramente, essas foram as minhas piores semanas em Londres. O que começou bem, se tornou um inferno propriamente dito. Além de está sem amigo, sem emprego e engordando cinco quilos todos os dias. Tenho que omitir para minha mãe que estou maravilhosamente bem, indo super bem no novo trabalho e aproveitando bem a cidade e a viajem com meus melhores amigos.

Minha vida se tornou um caos do dia para a noite.

Agora estou aqui, deitada no sofá do meu apê, com comidas largadas por todo o lado acabando de desligar o celular. Passei longos minutos conversando com Lunna. Minha menininha, tão meiga. Como estou com saudades dela.

Conversei com Maíte também, e ela me fez perceber que ficar lamentando da vida rodeada de comida e bagunça, não melhoraria nada a minha situação. E que eu tinha que agir, resolver isso o mais rápido possível.

Levantei daquele sofá, estralei minhas costas que estava acabada e me preparei para fazer uma faxina naquele apê - que sinceramente, estava um lixo. Logo após eu iria na empresa. Sim, eu vou ver o que eu faço, se vou atrás de outra ou se fico na mesma que meus amigos. O que será uma decisão um pouco difícil a se tomar.

Desligo a TV, e procuro o CD da minha diva pelas gavetas. Procuro, procuro mas não encontro. Até que lembrei que emprestei o CD da Demi para Beatriz. Suspirei e até pensei em ir pedir, mas não adiantaria nada já que ela não quer olhar na minha cara. Então optei pela segunda diva. Ligo o som e coloco já na minha música favorita: This Is What You Came For - Calvin Harris com a minha maravilhosa Rihanna.

Danço, canto, arrumo a casa e até faço algo para comer ao som de Rihanna. Em um ato animado, aumento o som no último volume. Estava pulando quando batem na porta, parei por um momento e encarei-a fechada. Respirei fundo, limpando o meu suor e abaixei o volume indo abrir a porta. Assim que aberta, vi Felipe com o rosto inchado, esfregando os olhos e sem camisa.

— Oi Dul. — diz e boceja. — Desculpa vim assim mas é que eu preciso de pó de café. Será que você tem aí?

Ele pergunta e sorri de leve. Passei meu olhar por todo o seu corpo, sinceramente, Lipe tinha um corpo de dar inveja. Subi até seu olhar e o vi sorrir. Corei e fechei meus olhos pedindo foco.

— É... T-tem S-sim. — gaguejei ainda sem ter coragem de o olhar. — EuVouPegarPraVocê. — falei rapidamente e sai dali deixando ele só. Cheguei a cozinha e respirei fundo.

Onde eu estava com a cabeça de olhar daquele modo o meu melhor amigo? Ele deve está me achando louca!

Respirei pela última vez e peguei o pote de café inteiro. Caminhei rapidamente e lhe entreguei.

— Mas não precisava ser o pote in... — ele dizia mas não o deixei terminar e fechei a porta em sua cara, podendo respirar em paz e sem aquela escultura a minha frente.

Mas que caralhos está acontecendo comigo? A carência passou dos limites.

Depois de me acalmar em todos os sentidos, continuo a fazer a comida que estava preparando: macarrão ao molho branco. Porém, para fazer o molho branco, eu precisava de Creme de leite. E em uma dispensa enorme dessas, não tem. Suspirei não acreditando no que estava acontecendo.

Movida pela fome e coragem, peguei dinheiro para ir ao mercado mais próximo. O elevador já havia sido reparado e estava funcionando de vento em poupa. Saí de casa e no mesmo instante Beatriz estava entrando no elevador, então ali, vi uma oportunidade única surgir em minha frente. Corri desesperada para que o elevador não fechasse e consegui entrar.

Fomos dois andares em silêncio, e tinha tudo para continuar se ela não chorasse na minha frente. A abracei instantaneamente, ela não retribuiu mas também não saiu do abraço.

— Eu...não sabia que você gostava do Felipe amiga. — sussurrei quase que sem coragem de ter começado aquela conversa que seria inevitável não acontecer mais cedo ou mais tarde.

— Eu que fui burra, inocente. Me deixei levar e quando vi, estava apaixonada por ele. — ela choramingava enquanto eu me sentia cada vez mais culpada. — Eu sei que não deveria culpar ninguém e se vocês quiserem ficar juntos eu...

Ela dizia enquanto eu a encarei confusa.

— Como é que é? — perguntei sem entender ainda o que ela dizia.

— Como assim "como é que é"? Não se faça de surda, louca e nem de santinha Dulce. — ela diz grossa enxugando as lágrimas e saindo do abraço. Eu ein.

— Beatriz, eu juro que não entendi e não sei do que você está falando! — falei mais grossa ainda.

Ela riu sarcástica e depois colocou uma fisionomia de tédio no rosto.

— Se nem você consegue enxergar o que está na sua cara, não sou eu que vou servir de base ou de pombo correio. — ela diz ainda grossa, penso até em responder mas o elevador se abre e ela sai.

Saio também e foco a pensar sobre o que ela disse. Mas nada, nada vinha em minha cabeça. Quer dizer, só algo que eu considerei inatingível. Afinal Felipe não seria capaz de...

Ah meu Deus! Será que Felipe...?
Não, eu devo está errada.

×××

Fui no mercado, voltei e continuei com a minha curta conversa com Bia na cabeça. Pensei em mil e uma maneira de falar com Felipe e tirar essa história a limpo.

Terminei rapidamente de finalizar o macarrão, tomei um banho longo e relaxante. Vesti um vestido florido e curtinho, coloquei alguns acessórios e passei uma maquiagem leve. Estava pronta. Suspirei e segui para a porta de Felipe. Eu iria convidá-lo para jantar e tirar aquela história a limpo de uma vez por todas.

Bati uma, duas, três vezes. Voltava para o meu apê, quando ele abre a porta ofegante e me encara.

— Dul? Pensei que estava com raiva de mim! — exclama confuso. — Eu estava treinando mas se quiser entrar...

— Não! — exclamei rapidamente o interrompendo. — E-Eu só queria saber se você...queria jantar lá em casa, pra gente...conversar.

Falei com dificuldade e vi um pequeno sorriso brotar em seu rosto. Sorri nervosa e ele me abraçou.

— É claro que eu vou. Eu senti tanto sua falta Dul. — sussurrou ao meu ouvido. Sorri me afastando.

— Ok! Te espero lá em casa então. — digo e saio praticamente correndo da sua porta.

Entro em casa não acreditando no que aconteceu. Eu nunca fui assim com Felipe. Eu nunca agi assim com ele, foi realmente bem estranho. Enfim, tudo isso estaria resolvido essa noite.

Se passaram dez minutos. Já tinha colocado a mesa, os pratos, talheres, tudo. E agora estou aqui, sentada nesse sofá, acabando com minhas unhas nesse silêncio tremendo.

A campanhia finalmente toca. E eu com todo o meu nervosismo, me levanto indo atendê-la.


Querido Chefe - Vondy ♥Onde histórias criam vida. Descubra agora