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POV's Dulce

Estávamos no carro à minutos. Desde quando entrei, não me atrevi a olhar no rosto de Uckermann. Eu sabia bem que ele estava me evitando, e o pior foi perceber que ele fez isso depois que nos beijamos.

— Chegamos. — ele diz na péssima tentativa de puxar assunto. Tentei abrir a porta mas ela estava travada.

— Que bom. Agora, será que você pode destravar a porta? — perguntei irônica. Ele sorriu e encostou a cabeça no banco do motorista.

— Antes, vamos conversar. — diz simplesmente. Me permito suspirar e cruzar os braços.

— O que falei sobre o fato de que eu tenho que assistir série? Não vim com você pra conversar. Então me deixa ir. — digo encarando o retrovisor.

— Eu sei que você está achando que tô te ignorando por causa do beijo. Mas não é por isso.

— Eu sei, é por causa da sua noiva. E pode deixar que ela já deixou bem claro que eu sou insignificante pra você e para todos daquela maldita empresa. — falei já nervosa e apertando o botão que destravava a porta. Sai do carro rapidamente e corri até meu portão. Meus olhos já marejavam. E ainda pude ouvir Uckermann gritando meu nome. Apertava o botão do elevador consecutivamente, entrei e acabei não segurando as lágrimas até chegar no meu andar. O elevador abriu e eu só pensava em entrar no meu apê o mais rápido possível.

— O que houve Dulce? Porque está chorando? — ouço perguntarem. Me virei e dei de cara com Felipe e Beatriz juntos. Abraçados. Felipe aparentava está preocupado e Beatriz estava sorridente. Fazendo questão de cruzar as mãos dos dois.

— Ah...não é nada Lipe. Pode ir aproveitar sua noite. — Sorri limpando meu rosto e entrando dentro do meu apartamento em seguida. Joguei a bolsa no sofá e peguei meu celular rapidamente, eu só queria ouvir a voz de alguém. Naquele momento eu só queria que aquela sensação de estar sozinha fosse embora.

Já era a terceira vez tentando falar com Maite, mas ela não me atendia. Tentei falar com minha mãe mas ela não atendia também. Suspirei jogando o celular no sofá e deitando no mesmo. O choro já havia cessado então me esforcei o máximo para conseguir tirar aqueles pensamentos negativos da cabeça.

Acabei dormindo. Só acordei com o interfone tocando. Levantei devagar e atendi. Era surpreendentemente um entregador. Estranhei por ser tarde, mas mesmo assim permiti que subisse. Fui ao banheiro lavar meu rosto, joguei algumas caixas de pizza no lixo e coloquei uma roupa confortável. A campanhia tocou.

— Dulce María? — o entregador perguntou me fitando. Apenas concordei. — Entrega para a senhorita. Só assinar aqui.

Ele me deu algum tipo de papel e eu assinei. Foi buscar a entrega que era grande. Me permiti observar confusa. Até ver que havia a forma de um tapete. Revirei meus olhos suspirando. Ele me entregou um cartão.

— Obrigada! — disse após ele deixar o tapete lá dentro e sair. Fechei a porta e abri o cartão mesmo sabendo que só poderia ter sido uma pessoa.

Não me julgue sobre o que Margo falou pra você. Eu não sabia de nada. quero que saiba que eu quero ser seu amigo. Se permitir é claro. Esse é um presente no qual eu quero que aceite de coração. Acredite, não foi fácil achar um tapete desses. Me perdoa por qualquer coisa.

Uckermann

Sorri ao ler o bilhete. Abri o embrulho e pude ver o tapete lindo que ali estava. No mesmo instante, a campanhia tocou novamente. Só que não ouvi o interfone tocar. Levantei e abri a porta.

— Desculpa não avisar. Mas peguei carona com um certo entregador aí. — Ucker disse passando a mão nos cabelos encostado na porta.

— Que coisa feia Senhor Uckermann. Aposto que o Cícero nem te viu entrar com o entregador. — falei debochada e dando passagem para o mesmo entrar.

— Acredite, ele liberaria minha passagem. — sussurrou antes de entrar de vez no apê. Sorri e fechei a porta.

— Ah, não precisava comprar o tapete.

— Precisava sim. Eu estraguei o seu e fiz com você quase desse um ADP. Isso me parece terrível. — ele diz afastando o sofá, suponho que para tirar o velho tapete dali.

— Você é um insensível. Não ache que só porque me deu um tapete que está tudo bem. — falei em seguida o ajudando a tirar o tapete.

— Acredite, eu não imaginava que Margo tinha te falado aquilo. Ou te tratado com desrespeito.

— Ah é claro. Ela precisa tratar os seus funcionários com respeito. Que namorada ruim ela seria se não fosse como você pensava que ela era, não é? — perguntei com um certo deboche no ar. Ele ficou calado. Levamos o tapete até a cozinha e ele me ajudou a colocar o outro.

— Margo só... estava com ciúmes. — respondeu depois de se sentar no sofá.

— De uma secretaria? Uckermann, não seja tão mesquinho.

— Esta insinuando que Margo não é quem ela diz ser? — pergunta grosso. Bufei o encarando.

— Eu não tô nem aí pra você ou para os seus relacionamentos. Eu já disse que sou só uma secretaria! — falei no mesmo tom, o encarando de perto. Uckermann passou a mão pelos cabelos castanhos e foi até a cozinha.

— Qual é, você não tem whisky aqui não?

— Tá achando que sou uma alcoolatra?

— Esquece.  — respondeu após voltar com duas taças de vinho na mão.

— Agora sim, você acertou em cheio. — falei degustando o vinho depois dele ter me entregado.

— Desculpa por te tratar daquele jeito.

— Idem.

— Afinal, eu não posso tratar mal minha funcionaria sendo que semana que vem vamos viajar para o Brasil e... — Uckermann dizia fazendo pouco caso. A aquela altura eu já estava assustada e confusa ao mesmo tempo.

— Espera. — gritei me levantando e o interrompendo. —Você está dizendo que vamos para o...

— Brasil. — completa se levantando. Sorri mais ainda. — Vamos a trabalho passar alguns meses. E você pode levar um acompanhante, se quiser.

Não me controlei com tamanha felicidade e me joguei nos seus braços. O abracei apertado e ainda deixando que algumas lágrimas caíssem. Uckermann pareceu ficar totalmente sem graça no começo mas logo se entregou ao Abraço.

Era tudo o que eu precisava para rever minha família.

— Daqui para o fim de semana te mando as passagens. Mas se decida logo se vai levar alguém. Preciso providenciar rápido. — Uckermann diz após eu deixar ele na porta. Sorri concordando.

— Obrigada. — falei simplesmente.

— Por que?

— Por tudo. Mas, você sabe o por quê. — respondi fechando a porta atrás de mim com um sorriso bobo no rosto.

E em menos de cinco minutos eu já estava surtando com o que levaria, a primeira coisa que faria, a primeira pessoa que visitaria, tudo. Eu preciso muito rever todos novamente.

Querido Chefe - Vondy ♥Onde histórias criam vida. Descubra agora