P.O.V's Uckermann
Eu sei. Eu devia ter ficado no quarto quando Dulce me pediu pra sair. Mas, eu estava confuso, ela estava confusa. Nós precisávamos de um tempo e eu respeitei isso. Pode não ter sido a decisão mais adequada mas foi o que senti que deveria fazer. Dar um tempo.
Imaginei de tudo. Menos câncer. Dulce sempre foi cheia de vida, garanto que nem eu e nem ninguém imaginou que ela adquiria uma doença tão grave assim. E que pode matá-la.
Céus! Ela pode morrer.
Durante esse agitado e agoniante mês, procurei colocar minha cabeça no lugar. Minha pequena Priscila ainda estava na encubadora pelo fato de ter nascido antes do tempo previsto e ter pouca massa muscular. Então, eu sempre estive no hospital para acompanhá-la. Não só eu, mas meus pais também.
E é quase óbvio, ou melhor dizendo, é óbvio que eu queria muito ver Dulce. Sempre topava com seus familiares ou até com Annie e Poncho, mas eles sempre diziam a mesma coisa: "Ela está melhorando!". Será que eles não entendem que quero saber de tudo? Eu preciso saber como ela está realmente. E cheguei a conclusão que só saberia, se fosse vê-la com meus próprios olhos.
Me peguei pensando, como seria encará-la depois da mesma ter me mandado embora? Será que me expulsaria novamente? Certamente, eu não sei. Mas também não fiquei sem fazer nada esperando respostas.
Cinco dias depois do ocorrido em seu quarto. Lá estava eu indo em direção ao quarto dela novamente. Só de pensar que Dulce pode estar sofrendo, me dá uma agonia tão grande. E não está ao lado dela, dá uma agonia maior ainda.
- Senhor? Onde vai? - ouço uma voz doce dizer. Me viro e encaro a enfermeira a minha frente. Minha mão, que já estava na maçaneta do quarto de Dulce, se desvacilhou e foi parar nos meus cabelos.
- Er... iria visitar a minha... minha esposa. Sabe, ela está mal. Preciso vê-la. - falei sorrindo nervoso. Talvez, pela fisionomia da mesma, ela certamente sentiu desespero em minha voz.
A enfermeira encarou o número do quarto, olhou em sua prancheta e segundos seguintes me olhou compreensiva.
- Eu...eu sinto muito mas não está no horário de visita. - ela sussurrou audível. Suspirei e encarei a porta me lamentando silenciosamente por ter que ir embora. - Mas, eu acho que posso abrir uma exceção para o senhor que é marido. Mas, não tome medidas muito drásticas. Ela acabou de levar soro na veia.
Meu sorriso se alargava a cada frase que ela ditava. Concordei sucessivamente para a mesma e peguei em sua mão a beijando, eufórico.
- Muito obrigado. Você não tem idéia do quão bem está fazendo. - falei não deixando de sorrir.
- Tudo bem. Agora vá antes que te peguem rondando por aqui. - falou ainda compreensiva. Então, pela primeira vez, eu vi que não estava na área de quartos. E sim, em um ambiente mais frio. Quase que sem vida. E finalmente observei que ali é permitido somente a entrada de médicos e enfermeiros, por isso essa senhora veio me interrogar.
UTI. Dulce está na UTI. A minha Dulce está sofrendo e eu não posso fazer nada pra impedir isso.
Mas a pergunta que não quer calar é: Como vim parar aqui?
- Ela vai sair daqui quando? Você pode me dizer? - perguntei fitando o lugar.
- Eu ainda não sei senhor. Mas vai do grau de melhora dela. - a mesma respondeu e rapidamente abriu a porta do quarto. - Entre. Rápido.
Assim o fiz e ali eu a vi. Com vários aparelhos em volta da mesma. Ela dormia plenamente. Como se todos os problemas não existissem mais. O sorriso em seu rosto me fez perceber o quão forte Dulce María Saviñón é. E que pode demorar anos, mas ela vai sair dessa. E eu quero estar ao seu lado quando isso acontecer.
- Olha só onde estou... - comentei baixo pegando em sua mão que estava terrivelmente fria. - Você pode ser a mulher mais cabeça dura que já passou na minha vida mas garanto que vai ser a única. Mesmo que me xingue, mesmo que me mande embora mil vezes, eu nunca irei te deixar sozinha. Já passamos muito tempo longe um do outro. E acredite, eu quase enlouqueci. Enfim, não sei se pode me ouvir mas quero repetir mais uma vez o que o mundo inteiro já deve saber. Eu amo você demais para deixá-la lutar contra algo tão forte sozinha. Lembre-se meu anjo, eu vou estar sempre aqui. Mesmo que isso seja a última coisa que você queira.
- Senhor? Preciso que saia agora. - ouço a voz da enfermeira. Apenas assinto limpando a lágrima que caiu do meu rosto. Dei um beijo na testa da mesma e saí do quarto.
Lembro como se fosse hoje, quinze dias depois, recebi a melhor notícia da minha vida, Dulce havia saído da UTI. Lembro que aquele mesmo dia, eu fui a visitar de madrugada em seu quarto. Naquele mesmo quarto. O maldito quarto. Com as piores lembranças. Encostei perto da sua cama onde ela dormia tranquila. Porém, diferente de como a vi na UTI. Seu rosto agora estava sem brilho. Muitos tubos ainda estavam em seu corpo.
Naquela madrugada, lembro que passei a grande parte da minha noite com minha mão colada na sua. Percebi que já estava amanhecendo quando ouvi barulhos perto do quarto, era Mai e Annie. Antes de sair, dei um beijo na testa de Dulce e segui rápido em direção à sala de recém nascidos. Minha filha tem sido minha refugia neste momento. A melhor refugia.
-♡-
Inspira. Expira. Diversa vezes. Repetidamente.
Ela está chegando.
Ela está vindo me encontrar.
- Cara, cê tem certeza? - Poncho abre a porta me pegando de surpresa.
- Poncho? O que tá fazendo aqui? - perguntei suspirando.
- Christopher Von Uckermann, isso é uma loucura! Cara, você não é um adolescente. O que pensa que está fazendo? - ele grita batendo a porta.
- Eu errei demais Alfonso. Não vou perder Dulce de novo. Mesmo que ela queira me chutar. - Garanti bufando e encarando os seus olhos. - E por mais que essa minha atitude seja de um adolescente imaturo, todos sabem que não sou. Essa foi a única maneira de tê-la comigo. Perto de mim. Eu preciso dela, cara.
- Eu sei, eu sei. Eu fui uma das pessoas que vi o quão vocês lutaram para permanecerem juntos mas...
- Mas o quê? Não me decepcione. Você não. - o interrompi me jogando no pequeno sofá.
- Eu tenho medo que se machuquem mais. Você e Dulce... vocês são as melhores pessoas que conheci... Depois de Annie é claro... e por mais que eu pareça estar sendo hipócrita, eu só estou com medo. Com medo dos dois sofrerem. - Poncho diz exaltado e dá um murro na parede. Me levantei sem deixar de o encarar.
- Não precisa se preocupar, cara. Eu sei como é isso. Sei que só está querendo ajudar. Mas, se vai dar certo ou não, só eu e Dulce vamos saber. E tentar, vai nos permitir isso. Então, eu estou disposto a correr esse risco. Por ela. - Falei sincero e o vi me olhar. O mesmo parece me encarar com orgulhoso.
- Quem diria. O poder dessa Srta. Saviñón, uma simples secretaria, em te transformar em um homem maduro, apaixonado. Dulce mudou a sua vida. Vocês merecem tudo. Vocês merecem o mundo todo. Juntos, vocês são mais fortes do que pensam. - confessa dando leve tapinhas em meu ombro.
Neste exato momento, seu celular toca freneticamente. Poncho se afasta e encara o aparelho. Ele atende e logo um sorriso enorme se transforma em seu rosto.
- Ela está chegando. Sua garota está vindo, cara. - Diz eufórico desligando o celular.
De repente, não senti minhas pernas. Minhas mãos tremiam e eu fiquei sem fala. Sabe aquele momento no primeiro encontro em que você não sabe o que fazer? Este momento resume tudo. Eu, com um buque enorme na mão, esperando a mulher da minha vida atravessar uma porta. Filme. Seria cômico se eu não estivesse quase desmaiando.
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Finalmenteeee um capítulo novo. Enfim, desculpem a demora. Prometo que não vou demorar tanto outra vez. Até o próximo capítulo. ♡
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Querido Chefe - Vondy ♥
Fanfiction"É errado querer você. Mas eu sempre tive uma queda por erros." Dulce é uma estagiária que sonha em trabalhar fora do País. Já trabalha na empresa Venture a mais de dois anos. Como sempre foi uma ótima e elogiada funcionária, ela recebe uma propost...