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POV's Dulce

Eu senti dó dele. Algumas vezes olhava disfarçadamente para trás esperando encontrar um sorriso cínico ou até uma fisionomia brava, mas só encontrava um olhar cansado e talvez arrependido. E como eu não sou ruim, meu coração é tão bom aponto de até perdoar aquele que já me fez tanto mal e mesmo contra a minha vontade, paro já no começo da última escada e me viro para ele.

— Já sinto meus braços bem melhores, deixa que eu levo algumas. — disse firme enquanto ele respirava fundo, de olhos fechados e escorado na parede limpando o suor que caía de seu rosto. Após a minha afirmação, ele abriu os olhos e sorriu.

— Depois...que eu carrego...mais de quatro andares...você quer me ajudar? — pergunta com dificuldade.

— Eu não quero ajudar você! Só quero levar as MINHAS sacolas. — brando já nervosa e com raiva.

— Não seja modesta Dulce. Você quer sim me ajudar porque está com dó de mim. — ele afirma com desdém.

— Você é irritante! E não, eu não estou com dó de você. Agora pegue as sacolas do chão e me siga! — exclamo e prossigo na frente sem nem olhar para trás. Se a alguns minutos eu pensei em ajudá-lo, agora eu quero que ele morra.

Mais duas escadas e enfim, paramos no meu andar. Caminhei até a minha porta e a abri, olhei para trás e ele estava lá, espatifado na escada, com minhas sacolas ao seu redor.

Entrei dentro de casa e peguei um copo de água bem gelada, voltando para a escada - eu sou ruim, mas nem tanto. Lhe entreguei o copo sem falar nada e ele pegou tomando tudo em seguida.

— Ela tem coração! — exclamou ainda de olhos fechados, depois de beber toda a água.

— Muito engraçado. Você devia ser humorista.

— E você palhaça de circo arqueológico.

— Argh! Agora diz, se arrependeu de ter me tratado daquele jeito na empresa não é? — perguntei após pegar as minhas sacolas no chão.

— Não exatamente, mas preciso que você volte. — afirmou me olhando.

— Sinto muito. Mas não vou trabalhar no mesmo lugar que um homem mal educado e ainda por cima, recebendo ordens do mesmo. — Respondi sincera.

— E vai perder essa oportunidade que a vida está te dando? Fala sério, a empresa do meu pai é uma das melhores que tem em Londres.

— Falou certo, é UMA das melhores. Eu vou atrás de outra. — continuei firme.

— Mas Dulce, conseguir um estágio aqui é muito difícil. Ainda mais pra você que é tão nova. — ele continua a dizer. Me pego pensando nisso, quando sou interrompida por ele. — Então, vai voltar?

— E dar esse gostinho de vitória para você? Não mesmo. — disse ainda olhando em seus olhos.
Bufei, peguei o copo de sua mão e caminhei até minha porta.

— Passar bem, seu ogro.

E por fim, bati a porta com tudo.

Acho que demorei uns cinco minutos pensando nas palavras daquele grosso. Ele até poderia ter razão em questão do estágio e das empresas, mas se fosse para voltar, não seria tão facil assim.

×××

Passei a tarde todinha no meu apartamento sem fazer coisíssima nenhuma. Para ser mais exata, passei comendo besteiras e assistindo algumas séries na Netflix. Não era o que eu queria estar realmente fazendo, mas é o que me convém.
Assistia a mais um episódio de Orange is the new black, quando batem na porta. Nem me dou o trabalho de levantar por que já sei que deve ser Felipe ou Beatriz.

Querido Chefe - Vondy ♥Onde histórias criam vida. Descubra agora