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Três horas haviam se passado. Dul assim que chegou no hospital, ligou para Anahí e para Felipe avisando do imprevisto.

Anahí disse que ficaria com Priscila e que avisaria a Ucker. E Felipe chegou no hospital uns dez minutos depois da ligação.

— Calma Felipe! Vai ficar tudo bem. — Dul sussurra tentando acalmá-lo.

— Mas... Está demorando. Se acontecer alguma...

— Não vai acontecer nada. — Dulce o interrompe. — o seu filho vai nascer bem e com saúde.

Felipe a encarou e sorriu, depois a abraçou.

— Que bom que está aqui. Tenho saudade da gente. Você sumiu e...

Felipe dizia quando um choro de bebê ecoa pela pequena sala em que os dois estavam. Dul abriu um sorriso e Felipe já derramava lágrimas.

— Meu moleque nasceu! — brandou feliz e abraçou Dul.

— Parabéns papai. — a ruiva sussurrou e se permitiu cair em emoção.

Felipe ficou que nem uma barata tonta esperando ser chamado pra ver o seu filho. Assim que o permitiram, o mesmo entrou e não segurou a emoção.

Ainda na sala de espera, Dulce sentia que não deveria estar ali.

Felipe continua sim sendo seu melhor amigo e por mais que Beatriz não mereça que ela se importe tanto, as duas viveram momentos que ela guarda com todo o carinho e é esses momentos que ela procura se lembrar enquanto espera.

Dul sentiu que Lipe não sabia do que andou acontecendo a alguns meses atrás. E, não estava disposta a dizer. Agora, Beatriz faz parte da história de Felipe - mais do que ela acha que fazeria - e, assim, é Beatriz quem deve dizer tudo o que fez. Antes que seja tarde.

— Meu amor! — ela escuta a voz preocupada e doce de Ucker soar pela sala. Dul se levanta e sorri limpando as lágrimas que caiam. Corre e vai abraçá-lo.

— Que bom que está aqui. — Dul sussurra e Ucker a aperta em seus braços.

— Você está...

— Não. Eu... não estou bem. Me tira daqui. — Dul suplica olhando em seus olhos. Ucker assente rápido e pega em sua mão. Os dois saiam da agoniante sala de espera quando Felipe a grita ofegante.

— Dulce... espera... Por favor. — Felipe diz. Dul se vira e vê o amigo com lágrimas em seus olhos. Logo, ela se solta dos braços de Uckermann e vai o abraçar.

— O que aconteceu Felipe? Me diz. O que houve com você?

— Eu preciso que vá falar com a Bia... com a Beatriz. — ele diz seco. — Preciso que se resolvam, você precisa disso e eu também.

— Mas... — sussurrou quando Felipe se levanta e a abraça novamente, de surpresa.

— Eu já sei de tudo. E daqui uns dias vão levá-la. — sussurrou. Dul o olhou com pena. Ela não queria, mas era inevitável. Com certeza, o momento em que Beatriz pisasse o pé em Londres, a polícia iria lhe pegar. Todos sabiam. Mas, o que mais assustou Dulce, foi Beatriz não ter contado a ele antes. Antes disso ter acontecido.

— Dul... Nós temos que ir. — Ucker sussurra pegando na mão da noiva. Dulce pode ver o quão Felipe está deprimido. O quão desolado ele está.

E não é para menos. Assim que Felipe entrou no quarto, pegou seu filho no colo e olhou para Beatriz, uns três policiais chegaram com um mandato em mãos. Apenas intimaram que daqui a alguns meses, ou dias, Beatriz será levada a penitenciária. A partir de então, o bebê foi levado a incubadora e Beatriz teve a difícil e necessária missão de contá-lo o que estava acontecendo.

— Eu preciso fazer isso meu amor. — Dul diz acariciando a bochecha de Ucker.

— Você tem certeza? Dul... ela não merece.

— Mas, eu preciso. Por mim Ucker, não por ela. — Dul sussurrou e o beijou. — Pode ir, vai pra casa e cuide da Priscila, daqui a pouco eu estou lá.

— Mas... — Ucker comenta com receio e olha para Felipe que continua desolado.

— Felipe é meu melhor amigo. Não faria nada comigo. Pode ficar tranquilo. — diz calma. Uckermann suspira e concorda.

Felipe olha pra Dul e lhe dá mais um abraço. Dulce suspira e entra no quarto em que Beatriz está.

P.O.V's Dulce

Beatriz estava olhando diretamente para a janela que ficava ao lado de sua cama. Fechei a porta devagar e me permiti não dar mais nenhum passo.

— Hoje... — ela começou ainda sem me encarar. — Eu estava disposta. Eu juro que estava. Eu ia contar tudo. Pra Felipe, pra você, pra todos. Eu queria evitar que isso acontecesse. Queria evitar que Felipe passasse por isso. Mas, eu não consegui.

Agora ela chorava. Ouço seu choro baixo.

— Eu sei que não vai me perdoar. Pra falar a verdade eu nem te chamei aqui pra implorar seu perdão. Se eu vou ficar longe do Felipe e do meu filho por anos é por minha causa. Por causa das minhas escolhas. Mas mesmo assim eu peço que me perdoe. Eu sei que nunca vou ser sua amiga novamente. Mas eu pretendo mudar e sei que vou conseguir. V-você é uma ótima pessoa Dulce María e eu fui imatura o suficiente pra perceber isso tarde demais. — ela desaba após falar todas essas palavras. Fechei meus olhos e encerrei quaisquer lágrima que ameaçasse cair. Já chega de tanto chorar.

— Por fim, eu te imploro que não deixe Felipe sozinho. Eu quis ter meu filho aqui porque sabia que ele teria você quando tudo desabasse. Ele e meu pequeno Júnior. Não os deixe, eu imploro que não os deixe. — sussurrou por fim. Abri meus olhos e suspirei.

— Eu nunca deixaria Felipe na mão. Eu até cheguei a me preparar para consolá-lo quando ele finalmente descobrisse quem você realmente é. Felipe é e sempre vai ser meu melhor amigo. E ao contrário do que você pensa, eu nunca quis roubá-lo de você. Sabe, chegou até um momento em que eu disse que vocês se "mereciam" mas você me mostrou que eu estava errada. Felipe é bem diferente de você. E você tem razão em algo sobre mim, o único fato que você sabe sobre mim, eu nunca vou te perdoar Beatriz. Pode até ser que eu chegue a te perdoar um dia. Mas esquecer? Isso não. Eu posso ser a pessoa mais maravilhosa que existe, mas esquecer o que aconteceu, isso não. — falei devagar e olhando em seus olhos. Beatriz fechou os olhos e deixou que caísse mais e mais lágrimas de seus olhos.

— Você tem razão. Eu não mereço. Eu não mereço nada de ninguém. — sussurrou.

— Mas, você tem um filho. Que está em umas dessas salas em uma encubadora esperando por você. E é por ele que você deve lutar e se redimir. É por aquela criança que você deve mudar. Não é por mim ou pelo Felipe. É pelo seu filho! — esbravejei tentando não demonstrar que aquilo estava me afetando de fato. Dei um último suspiro e abri a porta. — Não se esqueça que ele precisa de você. Cumpra a pena e mude, por ele.

Então fechei a porta deixando seu olhar. Eu não senti que a mesma estava completamente arrependida pelo que fez. E esse foi um dos motivos que levaram a eu dizer tudo o que disse. E de uma coisa eu tenho certeza, ela ama Felipe e mais ainda essa criança que acabou de nascer. Se Beatriz quisesse se redimir, tinha que ser com os dois.

— Como foi? — Felipe falou ofegante enquanto passava as mãos pelos cabelos.

— Calma. Vamos conversar. — falei pegando em sua mão. Ele apenas confirmou e saímos do hospital.

Durante toda a tarde, fomos conversando. A medida que as cartas foram sendo colocadas na mesa, sua reação era as mais imprevisíveis. Com certeza, Felipe não merecia estar na situação que se encontrava.

A noite caiu e ele precisou voltar ao hospital.

— Vou indo. Afinal, vou precisar ser pai duas vezes agora. — Sorriu de lado se levantando do banco que estávamos a horas.

— Se precisar de mim, é só ligar.

— Eu sei. Você sempre esteve nos momentos em que eu mais precisei. — sussurrou. Sorrimos e ele me deu um beijo na bochecha saindo em seguida.

Logo, Ucker foi me buscar. Durante todo o caminho até o meu apê não conversamos. Foi até necessário essa falta de diálogo. Preciso pensar. Está tudo acontecendo tão depressa.

Querido Chefe - Vondy ♥Onde histórias criam vida. Descubra agora