Abro os olhos lentamente e a Tess me observa; ainda está escuro, mas a luz da lua que invade meu quarto permite que eu veja seu rosto.
- Não consegue dormir?
Ela balança a cabeça e eu sei que não se sente bem.
- Preciso dos meus remédios.
- Que horas você costuma toma-los?
- Sete... Já são cinco... Preciso ir para casa.
- Não precisa ir... Quer dizer, você pode ficar, se quiser. Eu vou buscar eles pra você.
- Tudo bem então - ela diz e fecha os olhos. Eu faço o mesmo, e três segundos depois sinto ela se mexer. Abro os olhos e vejo que ela veste meu suéter azul.
- O que foi?
- Preciso de água.
- Eu pego pra você - me ofereço.
- Não precisa...
- Você não tem escolha querida, sinto muito.
- Então eu vou com você - ela fala firmemente.
- Certo - levanto da cama com algum esforço, tentando expulsar o resto de sono do meu corpo.
- Hum... Você meio que está...
Ela interrompe a frase no meio do caminho e, ao me dar conta do que ela está falando, eu dou risada. Estou totalmente sem roupa.
Visto minha cueca que está jogada aos meus pés e percebo que a Tess ainda me encara.
- Que foi?
- Nada não, só estou admirando a bela vista que é o meu esposo - ela diz, sorrindente, mas logo em seguida faz uma careta. - definitivamente preciso de água.
- Ah, sim - estendo a mão para ela, que entrelaça seus dedos aos meus e levanta. Absurdamente impróprios, ela apenas de suéter e eu só de cueca, saímos do meu quarto.
- Sinto muito interromper seu sono.
- Você nunca, nunca, nunca interrompe.
Descemos os degraus lentamente, pois ela não consegue ir muito rápido; ao chegar na cozinha, ela se encosta da bacada e eu encho um copo com água.
- Quer mais? - pergunto quando ela me devolve o copo vazio.
- Não.
- Vamos voltar lá pra cima e dormir mais um pouco... Mais tarde eu vou buscar seus remédios.
Traçamos o caminho de volta e eu deixo que ela passe na minha frente ao subir os degraus. Na metade da escada ela para e baixa a cabeça; eu paro logo atrás e, antes que pudesse perguntar o que ela tem, o corpo da Tess se inclina lentamente para trás e cai em cima do meu; me desequilibro por conta do peso e caímos da escada, nossos corpos de embolando e batendo com força em cada degrau, até que, finalmente, chegamos ao chão.
Apesar da dor, eu tenho uma única preocupação na cabeça: a Tess. Me arrasto para mais perto e ela está desacordada. Meu coração bate muito forte e muitas partes do meu corpo doem.
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[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess
Teen FictionEsse é o relato de uma garota com câncer que sabe que irá morrer, e de um garoto sem muitas expectivas na vida, cuja felicidade é encontrada nos olhos coloridos de uma menina ruiva. A contagem regressiva de Tess e Charlie é uma história sobre como...