Hoje eu acordei deprimido.
Sabe aquele dias que você abre os olhos e pensa: "o que é que vou fazer da minha vida?" pois é, estou pensando e repensando nisso agora mesmo.
Eu não sei qual o próximo passo dar e, muito menos, se devo dar um passo. Eu entrego jornais pela manhã e... Pronto. Tudo bem que agora eu tenho a Tess, mas, mesmo que seja terrivelmente doloroso de afirmar, ela não estará comigo para sempre.
Permaneço deitado na cama dura e ouço alguém bater na porta.
Com bastante esforço, levanto e abro a porta. Para a minha surpresa, vejo a minha mãe parada do lado de fora. Ela, como a mulher séria e formal que sempre foi comigo, o filho do meio, o preguiçoso e desinteressado, segura sua bolsinha vermelha combinando com o vestido e as unhas e pergunta se pode entrar.
Dou um passo para o lado, permitindo-lhe passagem, e ela entra toda pomposa.
Fecho a porta e a primeira pergunta que me vem à cabeça é:
- Como você sabia que eu estava aqui?
- A julgar pelo dinheiro que eu te dei, resolvi procurar pelo hotel mais barato da região.
- E como você sabia que eu não estaria com algum amigo?
Ela ri ironicamente e entorta o nariz ao olhar ao redor.
- Você não tem amigos - não tenho reação para essa resposta, por isso sento na cama e ela continua: - seu pai quis te denunciar pelo quê você fez. Ele disse que você precisa aprender a pagar pelos seus atos de moleque inconsequente.
- Obrigado pela sinceridade.
- São palavras dele, não minhas, mesmo que talvez eu concorde um pouco... Bom, eu o convenci a não fazer isso e deixar você com o carro.
- Hum... - balanço a cabeça. - e a Kim, como está?
- Se recuperando bastante bem, como era de se esperar. Mas eu não vim aqui para falar sobre isso.
- Então pra quê você veio?
- Você sabe que desde que eu e o seu pai estamos juntos, eu o convenci a fazer o jantar de ação de graças, e eu dou muita importância à ele. Por isso, vim te convidar.
- Eu não vou - respondo na mesma hora, sem nem parar pra pensar.
- Mas eu quero que você vá, Charlie - ela fala, a voz bastante firme. - seu pai já não está mais tão bravo com você, e a Kimmy vive perguntando quando você vai voltar para casa.
- Você pode, por favor, não chama-la assim? - Mike havia apelidado a Kim dessa forma, e ouvir outra pessoa dizer me incomoda.
- Seu pai realmente vai gostar se você for - ela fala, mentindo sem nenhuma vergonha.
- Vai sim, com toda certeza... Olha, porque ao invés de vir aqui só para tentar agrada-lo, você não dá um pé na bunda dele? Apesar de tudo, aquele cara não te merece.
- Infelizmente, não é assim que as coisas funcionam - ela senta-se ao meu lado. - Você não entenderia, de todo jeito.
- Você poderia ao menos tentar me explicar...
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[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess
Ficção AdolescenteEsse é o relato de uma garota com câncer que sabe que irá morrer, e de um garoto sem muitas expectivas na vida, cuja felicidade é encontrada nos olhos coloridos de uma menina ruiva. A contagem regressiva de Tess e Charlie é uma história sobre como...