3 dias para o fim.

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Eileen está aqui em casa. Juntas, assistimos Dr. Who. Ela não disse muita coisa desde que chegou, e eu entendo, pois sinto a mesma vontade secreta de não dizer nada.

Meus pais estão lá em cima, se arrumando para sair e eu fico feliz pela felicidade deles.

Apesar de conhecerem a Sun desde pequena, eles não sentem tanto quanto eu estou sentindo. Mesmo que ela tenha sumido totalmente da minha vida nos cinco anos mais difíceis da minha existência, ela ainda significa muito. Mas eu acho que é sempre assim, não é? As pessoas só se importam e sentem dor quando a ferida lhes pertence. Não importa há quanto tempo você conhece determinada pessoa, quando você morrer ela sentirá a perda por um ou dois dias - talvez até mais - Mas quando esse prazo acabar, tudo voltará ao normal para ela, pois sua ferida não foi machucada. Em parte, isso é bom. Muito bom, na verdade. Quer dizer, imagina se sofressemos para sempre com toda morte que passou por nós? Ninguém viveria a própria vida, apogado da morte do outro. Mas isso também é ruim, pois mostra o quão egoísta somos. Sim, nós somos egoístas. O tempo todo, todo o tempo. Queremos que alguém sofra por nós; necessitamos disso. Se continuássemos a ter consciência após a nossa morte, você gostaria de ver, menos de um dia depois, alguém que você realmente ama sorrindo e não lembrando mais de você? Bom, se sua resposta for não, então significa que você é egoísta. Bem vindo ao clube. Se sua sua resposta for sim - Você gostaria de ver alguém que você realmente ama (como um namorado, por exemplo) sorrindo e amando um outro alguém - você é uma boa pessoa. Uma pessoa muito especial e que nunca deve deixar que os outros mudem que você realmente é. Parabéns, eu tenho orgulho de você.

- Tess - Eileen me chama de repente, me puxando para longe dos meu pensamentos. - Você não está nem um pouquinho curiosa para saber o que aconteceu?

- Estou - respondo com sinceridade. - Mas... não tem como saber.

- Tem certeza?

- O que você quer dizer com isso? - questiono, me ajeitando no sofá para olha-lá melhor.

- Podíamos... sei oá, tentar descobrir alguma coisa sobre isso.

- Mas não mudaria nada,  não é? A Sun continuaria morta.

- É, tem razão, mas... poderíamos, quem sabe, prender quem fez isso à ela.

- Olha, não é querendo justificar nada, mas pelo que eu pude entender, a Sun não era nenhuma inocente nessa história toda. Ela estava envolvida em alguma coisa, e tinha consciência dos seus atos. Ela matou aquele cara porque quis - Eileen balança a cabeça quando termino de falar.

Ouço passos no andar de cima e vejos meus pais descerem os degraus.

- Já estamos saindo. Tem comida na geladeira e, querida, se sentir qualquer coisa, o número dos Beadle estão na agenda ao lado do telefone.

- Bom jantar.

- Boa noite para vocês, meninas - meu pai me dá um beijo na testa e sai logo atrás da minha mãe.

- Mas ainda assim, você não quer tentar descobrir comigo? - ela insiste, após alguns segundos de silêncio.

- Qual o seu problema, ein? A vida não é um episódio de Doctor Who.

- É, eu já aceitei essa triste realidade...

- Tá, tudo bem. Por onde você quer começar?

- Pelo porão da casa dela.

- Hã?

- Você não prestou atenção no que a Sun disse antes de...bem, você sabe...ser atingida? Ela disse alguma coisa sobre o porão. Há alguma coisa no porão dela, Tess.

- Se eu me arrepender disso...

- Você não vai.

[...]

Depois de ligar para o Charlie e pedir que ele viesse até aqui para nos levar à casa da Sun, resumo para ele a fixação da Eileen com toda essa história, e sobre o fato de que há alguma coisa escondida no porão.

- Que loucura! - ele diz quanto me calo. É, isso definitivamente é uma loucura.

- Pode crer - fala Eileen do Banco de trás.

Charlie para o carro há alguns metros da casa da Sun e seguimos o restante do caminho à pé.

- Tem uma janelinha em algum lugar por aqui que leva ao porão - digo, circundado o perímetro da casa, à procura da tal janelinha.

A encontro logo em seguida e, com os truques que adquiri da Sun, consigo abri-la sem muitos problemas.

Sou a primeira a passar, Eileen e Charlie vem logo em seguida.

O porão está limpo e nada parece fora do lugar, mas isso não desencoraja Eileen, que claramente está disposta a encontrar alguma coisa que resolva todo esse mistério.

Começamos a procurar sem saber exatamente o que. Olhamos embaixo das cadeiras, no teto, embaixo da escada e...

- A Sun tinha algum fetiche obscuro por chão de madeira - comenta Charlie, quase quinze minutos depois de tanta procura.

- Por que?

- Tem alguma coisa aqui - ele agacha e puxa um pedaço da madeira do piso.  - uma caixa, para ser mais preciso.

- Uma caixa?

- Quem está aí? - ouço a voz da Sue, mãe da Sim, vindo do andar de cima.

- Pega a caixa, rápido.

Às pressas, torno a abrir a janelinha e me jogar para fora. Charlie me passa a caixa e sai do porão. A Eileen vem logo em seguida.

Sem olhar para trás, corremos desesperados em direção ao carro.

- Essa foi por pouco - fala Eileen, ofegante.

- É, bem por pouco - digo, respirando fundo.

- Mas pelo menos conseguimos isto - Charlie aponta para a caixa.

[...]

Estamos no meu quarto, segundos antes de abrir a caixa.

- Prontas? - balançamos a cabeça e ele levanta a tampa.

Além de dezenas de notas de libras e dólares, depois de vasculhar um pouco, Charlie encontra um único papel, dobrado perfeitamente em quatro partes.

Ele limpa a garganta e desdobra o papel, mas não lê nada. Vira a Folha para que possamos ver e diz:

- É um mapa.

[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora