43 dias. Charlie se foi?

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- Preparada para a semana de provas? - me pergunta Eileen na hora do intervalo.

- Semana de provas? Ah, é. Acho que sim, sei lá - respondo, meio distraída com a minha comida.

Eu não falo com o Charlie desde ontem à noite, depois do jantar. Quando nos despedimos e eu cheguei em casa, minha mãe veio atrás de mim me perguntando sobre cada detalhe de como havia sido, fui para o quarto depois de conseguir me livrar dela e deitei na cama.

Mais ou menos uma hora depois, fui acometida por uma vontade súbita de falar com o Charlie, então levantei e desci para ligar para ele, mas a luz infelizmente acabou e eu não pude.

Então, sentindo o coração estranhamente apertado, voltei para a cama.

- Quer ir na minha casa depois do Colégio pra começar a estudar?

- Hum... É, pode ser.

Mas, quando o sinal toca liberando todos os alunos e eu saio do Colégio com a Eileen, encontro o John encostado no seu carro.

- O que você está fazendo aqui? - pergunto assim que me aproximo dele.

- Vim ver você. O que acha de darmos uma volta?

- Hum... Eu combinei de ir estudar com a Eileen.

- Ah, mas pense que nós dois não teremos muitas oportunidades em dar uma volta juntas, certo? E eu aposto que a Eileen não vai se importar - ele lança um olhar para ela, que quase derrete ao meu lado.

Eu reviro os olhos e digo:

- Tudo bem. Eileen, amanhã estudamos, ok?

- Certo - ela diz, da um tchauzinho meio abobalhado para o John e sai desfilando com suas duas tranças.

- Vamos?

Entramos no carro super chique dele cujo nome eu desconheço totalmente, e logo estamos na rua principal em direção a lugar nenhum.

- Seu namorado não vem te buscar no Colégio?

- Às vezes... E ele não é meu namorado, John...

- É, já sei, já sei, ele é o senhor seu marido. É que é muito estranho pra mim dizer isso.

- Entendo... Posso colocar música?

- Fique à vontade.

Eu não sei que tipo de música ele gosta, mas quando ligo seu toca fitas, começa a tocar Take on me do A-ha; minha mãe estava ouvindo essa música semana passada enquanto arrumava a casa e eu, inevitavelmente me lembrei do Charlie.

"Aceite-me, aceite-me,

Partirei em um ou dois dias.

Oh, as coisas que você diz,

É a vida ou apenas para espantar minhas preocupações?

Você é tudo que eu tenho que lembrar,

Você está se afastando

Estarei vindo para você de qualquer maneira..."

- Você pode virar a próxima à direita, por favor? - peço.

- Que foi?

- Nada não - digo, colocando o braço para fora e sentindo as gotas da chuva que começam a cair. - sua avó melhorou alguma coisa?

- Não - ele responde secamente e eu sinto que ele não quer falar sobre.

- Como é a vida lá nos Estados Unidos? Você tem alguma namorada?

- A vida lá é legal... Quer dizer, as pessoas são mais nervosas e às vezes meio mal educadas, mas com o tempo você se acostuma.

- Então já sei se onde você adquiriu sua nova característica - ele ri. - mas você não respondeu sobre a namorada.

- Ah, não, eu não tenho nenhuma namorada. No momento estou totalmente focado nos estudos para conseguir entrar numa boa faculdade.

- Onde você pretende fazer?

- Harvard.

- Como eu não consegui advinhar? Vira a esquerda aqui - aponto para a entrada da rua do Charlie.

Logo estamos parados em frente à casa dele.

- Me espera aqui.

Saio do carro e vou até a porta da casa dele, onde toco a campainha algumas vezes e ninguém me atende.

- Ei! - ouço a voz do John me chamar e viro. Ele aponta para um carro laranja que se aproxima da casa. É o pai do Charlie.

- Está procurando pelo Charlie? - ele pergunta, saindo do carro. Balanço a cabeça e vou até ele. - ele, a Meredith, a Kim e a Susan sumiram. Quer dizer, eles não sumiram, devem ter ido embora, mas eu não sei para onde foram.

Engulo em seco, minha garganta totalmente travada.

- O-o que você quer dizer com "devem ter ido embora"? O que aconteceu?

- Eu e a Meredith estamos... estamos passando por problemas, entende? E acho que, para se vingar, não sei, ela decidiu ir embora.

- MAS PARA ONDE ELE FOI? - berro desnecessariamente, pois sei que ele também não faz ideia. Minhas mãos e pernas começam a tremer e eu preciso sentar. Na verdade, eu preciso fazer alguma coisa. Preciso..  Preciso ir atrás do Charlie.

Dou as costas para o homem parado à minha frente e saio andando pela rua como se eu soubesse exatamente para onde estou indo.

Ando alguns metros até sentir duas mãos em volta dos meus braços frágeis. Fecho meus olhos e desejo, desejo com mais força do que jamais desejei qualquer coisa em toda a minha vida, que seja o Charlie. Obviamente, não é. É o John. Ele parece preocupado. Meus olhos se enchem de lágrimas e eu digo bem baixinho.

- Quero sair daqui - Eu não sei se é por causa de tudo o que estou sentindo, ou se tem só haver com meu câncer, mas parece que todo o sangue do meu corpo se esvai, sinto uma explosão de dor no meu abdômen e nas pernas e eu caio.

Diferentemente do Charlie, o John não me segura e eu bato o rosto no chão com força. Dessa vez, eu não apago, por isso acompanho todo o esforço que ele faz para me carregar e me colocar no carro.

- Tess? Você está bem? - ele tem a pachorra de perguntar. Meus olhos estão semicerrados e eu não tenho forças para abri-los.

- Me leva... pra ca... casa.

- Casa? Ah, certo, casa... Vou te levar pra casa, é - ele fala, Claramente atrapalhado e despreparado para tudo aquilo.

Fecho os olhos para ver se consigo adormecer e não sentir mais essa dor que me corrói por dentro. A dor do corpo e, a pior de todas, a da alma...
Ooh God, e agora? O que será  de nós? Bom, isso só saberemos no próximo capitulo. 💙💙💙💙⭐


[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora