[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess

19 dias. Boreal.

Antes que eu comece a narrar esse capítulo, gostaria de ter uma conversa bem direta com você. É, isso mesmo, você aí, que tá me achando a pessoa mais chata do mundo por não conseguir nem por um segundo parar de falar no quão apaixonada eu estou.

Certo, talvez você não tenha entendido, ou eu não tenha deixado claro logo no início, mas essa é uma história sobre amor. Tem drama? Sim. Minha vida é uma poça insecavel (essa palavra não existe, eu acho) de drama. Tem sofrimento? Bom, acho que essa eu nem preciso responder, né. Mas, apesar de tudo isso, essa história tem muito, muito amor e eu não quero e nem gosto de ficar falando sobre meu câncer o tempo todo por isso, nada melhor que uma boa dose de amor para nos afastar das feridas cotidianas.

...

Eu e o Charlie estamos no carro a caminho da Irlanda.

Já estamos chegando e, com isso, o frio e a ansiedade só fazem aumentar.

Fazer com que meus pais me liberassem para fazer essa curta viagem foi muito mais fácil do que eu pensei que seria. Talvez agora eles estejam se colocando no meu lugar.

"Mãe, posso ir para a Irlanda de carro com o Charlie?" perguntei-lhe. "Irlanda? O que vocês vão fazer na Irlanda?" " Tentar ver a autora boreal" digo. "Uau, que legal... Contanto que vocês tenham cuidado, tudo bem por mim. Fale com seu pai".

'Irlanda do Norte a 100 km. Próximo posto a 10 km.'

- Você precisa tomar os remédios - Charlie fala.

- Você falando assim, faz parecer que eu sou uma pirada da cabeça e que precisa tomar os remédios pra não se descontrolar e cortar a sua garganta com as próprias unhas.

- Sério? Que bom que eu estou conseguindo passar a mensagem certa - ele diz.

Dez minutos depois, Charlie para o carro no posto, e eu vou até a loja de conveniências comprar uma água.

O Charlie entra logo em seguida e para ao meu lado.

- Vou pegar alguma coisa pra gente comer. Quer alguma coisa?

Dou de ombros.

- Qualquer coisa.

- O que o casal está fazendo indo em direção à Irlanda nesse frio?

- Aurora boreal - respondo, sorrindo.

O vendedor sorri também.

- É mais comum no verão, mas essa época também há bastante pessoas em busca dessa maravilha.

- E você já ouviu alguém dizer que conseguiu ver uma aurora essa semana? - Charlie pergunta, colocando as coisas em cima do balcão.

O vendedor faz uma careta e balança a cabeça negativamente.

- Mas vocês terão sorte, tenho certeza.

- Obrigada. Espero que sim.

[...]

Daqui pra frente onde estamos, a neve é muito mais espessa e cobre quase completamente a estrada por isso, nos descemos com nossas mochilas e vamos andando.