39 dias. O Maldito Beijo.

66 8 0
                                    

Eu acordo muito mais cedo que o normal, sentindo a ansiedade crescer por dentro.

Tomo um banho rápido para ir ao café tentar novamente falar com a Tess. Faz três dias que não nos falamos e toda essa preocupação está me deixando maluco.

Saio de casa sem fazer nenhum barulho e quase congelo no primeiro segundo do lado de fora do prédio. Londres é literalmente uma massa branca coberta de neve.

Parece que estou dentro de um globo de neve.

Já conheço de cor o caminho até o café, pois passei os últimos dois dias indo para lá, na esperança de receber alguma notícia da Tess.

Chego ao café aquecido e pouquíssimo movimentado e Hannah vem me atender, com um grande sorriso nos lábios.

- Estou começando a achar que tudo isso é uma desculpa pra você vir aqui me ver.

- Sinto em desaponta-la, mas não é. Eu só preciso falar com a minha...

- Namorada?

- Esposa.

Ela arregala os olhos sem nenhum esforço para disfarçar a surpresa.

- Ela está grávida?

- Não, de jeito nenhum... Eu só a amo demais.

- Certo, você a ama demais... Ela te ama, né? Quer dizer, você não é nenhum daqueles psicopatas que algemam garotas indefesas nos porões de suas casas e as obrigam a aceitar seu pedido de casamento, né?

- Na verdade eu só apontei uma arma para ela mesmo... Algemar da muito trabalho.

Ela ri.

- Olha só! Eu sabia que por dentro você não era tão ranzinza.

- Esse é o melhor elogio que escuto em muito tempo, obrigada.

Um cliente entra e ela  vai o atender. Eu vou até o balcão e, quando ela termina, sem nem que eu peça, coloca o telefone na minha frente.

Sem muitas esperanças, ligo para a casa da Tess, que chama, chama e cai. Tento mais duas vezes antes de desistir e ir para a mesma mesa que fiquei nos outros dias, um café duplo com leite na mão.

Cadê você, Tess... Por que não fala comigo? Você tá bem? Que droga. Esse silêncio... Qualquer coisa dói menos que o silêncio*.

Eu bem que gostaria de poder fazer alguma coisa, mas com essa nevasca e sem um carro, fica muito muito difícil.

Eu discuto as possibilidades dentro da minha cabeça, tentando deixar a angústia de lado, quando vejo um carro vermelho estacionar na entrada do café e as duas portas da frente se abrirem. Baixo a cabeça para o meu café, imaginando que aquele deve ser apenas mais um casal saindo juntos.

Ouço a porta abrir e, ainda de cabeça baixa, ouço alguém pedir um café.

- O mesmo que ele, por favor - diz a voz de uma garota. A inconfundível voz da minha garota.

Levanto a cabeça e a vejo, seus braços cruzados em cima do balcão, os cabelos e os ombros salpicados de neve.

Dou um pulo da minha cadeira e vou até ela. A seguro pela cintura e a puxo para um abraço. O melhor abraço.

[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora