Hoje completa três dias que a Tess está aqui em Londres. A minha mãe ficou meio brava no início, mas depois aceitou numa boa.
Ontem fomos visitar o Big Ben e a Tess parecia uma criança indo pela primeira vez num parque de diversão super incrível; apesar do frio miserável, parecia que nós dois estávamos com uma pequena e particular lareira por dentro; tiramos fotos ao lado daqueles soldados idiotas de vermelho, tiramos fotos na neve e também em cima do Banco de madeira. Foi tudo muito incrível.
É como se finalmente estivéssemos vivendo a nossa lua de mel.
Mas hoje, ao levantarmos muito empolgados para planejar o que faríamos mais tarde, ficamos sabendo que a neve lá fora só piorou.
- E agora? - ela pergunta enquanto enfia um pedaço de torrada na boca. Minha mãe e Susan estão trancadas dentro do quarto aos cochichos desde a hora que acordamos, mas eu não ligo. - o que faremos hoje?
- Sei lá... Podemos ficar no quarto.
- Fazendo o que? - ela indaga distraída, enquanto passa geleia numa outra fazia de torrada.
- Como assim, fazendo o que?
- Ah, sei lá, eu queria fazer alguma coisa diferente, sabe... Quer dizer, não que eu esteja enjoada de fazer... - Kim entra na cozinha e Tess tosse compulsivamente. - coisas com você, mas... Vamos fazer outra coisa.
- Hum... Acho que já sei o que podenos fazer.
- O que?
- Não vou contar. Mais tarde você vai ver.
...
O inverno se aproxima e, com isso, o Natal. Como a Tess estava mais cedo clamando por algo diferente que pudéssemos fazer, eu tenho uma brilhante (nem tanto) ideia. Pego algumas coisas que fazem parte da decoração natalina no armário e, enquanto a Tess assisti Doctor Who, eu saio do apartamento e subo para o terraço com as coisas.
Lá está um frio infernal, até mesmo na metade do terraço que está coberta com uma lona para impedir que a neve se acumule; a outra metade, por não ter cobertura, está atolada de neve.
Eu começo pendurando os pisca-piscas nas paredes, depois coloco guirlandas nas duas portas de saída e em seguida prendo vários adereços - tipo papai Noel, renas e trenós - na parte inferior das paredes.
Eu não levo mais que vinte minutos na arrumação mas, quando acabo, vejo que tudo fica muito melhor do que eu poderia imaginar.
Desço de volta para o apartamento, bato na porta e a Kim é quem abre. Ela é pálida.
- A Tess... Ela..
Mas eu não quero ouvir o resto, a empurro para o lado e dou a volta no sofá, onde encontro a Tess deitada no chão, tremendo quase imperceptivelmente, os braços e pernas esticados e os olhos fixos no teto.
- Tess? Tess, fala comigo...
Ela abre a boca e parece que luta para pode dizer uma única frase:
- Minhas pernas... doem.
- Vou pegar seus remédios.
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[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess
Novela JuvenilEsse é o relato de uma garota com câncer que sabe que irá morrer, e de um garoto sem muitas expectivas na vida, cuja felicidade é encontrada nos olhos coloridos de uma menina ruiva. A contagem regressiva de Tess e Charlie é uma história sobre como...