17 dias. Um novo ano.

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- Você vai visitar ela hoje? - pergunto à Kim, do outro lado da linha.

- É, eu vou... Eu e o papai vamos. Ele está querendo saber quando você volta.

- Eu e a Tess resolvemos ficar aqui para o ano Novo, mas amanhã pela tarde estamos aí.

- Certo... Feliz ano Novo, então!

- Pra você também, irmãzinha.

Nos despedimos e eu desligo.

A Tess já falou com a mãe dela sobre passarmos o ano Novo aqui, na Irlanda, e agora ela está sentada na cama, olhando através da janela.

- No quê está pensando? - pergunto, sentando ao lado dela.

- Em nada - Tess responde rapidamente. - falou com a Kim?

- É, falei... Vamos? Nossa estadia aqui acaba em exatos três minutos - digo, olhando no meu relógio de pulso imaginário.

Ela não ri.

Eu seguro sua mão e a puxo para que se levante.

Lentamente, caminhamos para fora do quarto e do hotel.

[...]

Já anoiteceu faz algumas horas e estamos sentados num banco de madeira no alto de um morro coberto de neve. Lá embaixo, vemos as casinhas aglomeradas de telhados, antes avermelhados, agora  cobertos de neve.

Meu braço está envolta do pescoço dos ombros da Tess, e ela está silenciosa. Isso me incomoda.

- O que está acontecendo, ein? E nem venha inventando desculpinhas. Seja sincera.

- Noite passada, pela primeira vez em muito tempo, eu... eu não me senti enjoada, não senti dores... me senti como uma pessoa normal - ela diz com a voz muito baixa, como se isso fosse algo ruim.

- E isso não é bom? - pergunto, olhando para ela, que encara os próprios pés, sujos de neve.

- Sim... isso é bom. Isso é ótimo, na verdade; mas... - Ela não continua a frase.

- Mas o que?

- Eu tenho medo de ficar realmente empolgada porque parece que esse remédio aparentemente está dando certo e aí... e aí eu morra mesmo assim.

- Tess, olha pra mim... - ela não se move - olha pra mim, Tess - insisto. Lentamente, ela vai levantando a cabeça. - tudo vai ficar bem, você vai ver... Essa melhora foi apenas o primeiro passo, ok? - me ajeito para poder encara-lá melhor. - Eu não sou o tipo de cara que cria esperanças, mas... eu realmente estou confiante dessa vez.

Ela força um sorriso fraco e eu beijo sua bochecha.

- Obrigada por continuar comigo - ela diz, como se o fato de estarmos juntos seja um favor que estou fazendo à ela.

- Eu juro que termino com você se me agradecer mais uma única vez.

- Desculpe.

[...]

- DEZ... NOVE... OITO... SETE... SEIS... CINCO... QUATRO... TRÊS... DOIS... UM!!!

Nós dois, sozinhos no alto daquele morro, fazemos nossa própria contagem o meu relógio de pulso e, quando o ano finalmente termina para dar lugar à outro, Tess se joga em meus braços e passa as pernas ao redor da minha cintura.

- Feliz ano Novo - ela disse, bem próximo ao meu ouvido. Em seguida, ela me beija com muita vontade e Eu a coloco no chão, apenas para podermos entrar na nossa barraca.

Acima de nós, os fogos colorem e iluminam o céu; mas eu não dou a mínima. Tudo o que me importa, está, nesse exato momento, deitado bem embaixo de mim.

Ela sorri. Cara, esse sozinha ainda me enlouquece.

Torno a beija-la e, com as mãos nervosas, ela tira os casacos e a blusa; beijo seu pescoço e seus seios e... bom, acho que todos nós já conhecemos o final dessa cena.

...

Ela adormeceu ao meu lado.

Seus olhos fechados tremelicam suavemente enquanto eu a admiro. E como eu a admiro.

Seus cabelos ruivos bagunçados, seus lábios finos meio abertos, seu rosto pálido... Tudo nela é... original. Quase mágico.

Apesar de querer admira-la para todo o sempre, visto uma blusa e o casaco, e saio da barraca para poder fumar.

Lá embaixo, as pessoas estão bastante animadas, apesar do frio. Cá em cima, eu também estou. Na verdade, eu provavelmente estou mais feliz que todos eles juntos; já que, a considerar pela mulher maravilhosa que eu tenho - e pelo que acabamos de fazer - eu não preciso de mais nada para ser o homem mais feliz do mundo. Eu já sou.

[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora