65 dias. O resgate do Anglia

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Esse é o meu quarto dia na casa da Tess e, apesar de ter sido recebido muito bem, eu decido que não quero mais ficar aqui. Este não é o meu lugar.

A Tess, que havia faltado os dois últimos dias de aula para ficar comigo, entra no quarto de hóspedes com sua mochila no ombro e, antes mesmo de me dizer alguma coisa, ela vê que estou fazendo minha mala, franze o cenho e pergunta:

- O que você pensa que está fazendo?

- Arrumando as minhas coisas para ir embora.

- Como assim? Você não gostou de ficar aqui?

- Se eu gostei? - sim, eu gostei muito de cada segundo que eu e a Tess ficamos juntos, assistindo a filmes, sentados no chão do banheiro esperando que ela se sentisse menos indisposta, comendo pizza, deitados lado a lado no carpete da sala enquanto a Tess não sentias as próprias pernas... Maravilhosos momentos em casal. - sim, mas eu acho melhor ir embora. O dinheiro que a minha mãe me deu da pra pagar um quarto de hotel por um ou dois  e eu posso muito bem conseguir um emprego nesse meio tempo.

- E por que você não pode conseguir um emprego e continuar aqui? Eu gosto de ter você aqui, Charlie - ela entra e larga a mochila ao lado da porta.

- Eu também gosto, mas eu já fiz minha cabeça.

- Por que isso, ein? - ela pergunta, parecendo levemente aborrecida. - deve ter algum motivo. Meu pai falou alguma coisa com você?

- Não, ele não falou nada. Sério. Eu... Só não quero ficar mais.

"Não quero me acostumar a viver aqui e, quando você se for, continuar olhando para essa casa e pensando em você" isso é o que eu realmente quero dizer, mas não digo.

Contrariada, ela balança a cabeça.

- Mas antes eu quero uma ajuda - digo, pensando no plano que eu havia elaborado a noite toda.

- Que ajuda? - questiona, os braços cruzados. Sei que está furiosa comigo, mas não vou mudar de ideia. Espero que ela entenda logo.

- Vamos resgatar o meu carro - ela arqueia as sobrancelhas, sem entender o que eu quero dizer. - aquele Ford Anglia é meu por direito e quando eu saí de casa, não peguei as chaves.

- Vai lá e pede o carro de volta, então.

- Você acha mesmo que meu pai vai querer me devolver ele? - fecho minha mala e a coloco no chão. - Eu duvido muito.

- Tudo bem então, qual o plano Sr. Não quero morar com a minha namorada.

Arqueio as sobrancelhas com o que acabo de ouvir; ela percebe o que disse e fica vermelha na mesma hora.

- Ignore.

- Você sabe que eu não vou ignorar.

- Mas eu vou.

- Eu não.

- Hã? Do que você está falando? - ela se faz de desentendida. Eu dou risada e levanto.

- Certo, você vai me ajudar?

- É, pode ser.

[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora