14 dias. 3 de janeiro de 1987.

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Faz dois dias que voltamos da Irlanda do Norte e agora eu estou sentada, na sala de espera do consultório médico, com a Eileen ao meu lado lendo uma revista sobre penteados na moda.

- O que você acha desse aqui? - ela pergunta, mascando um chiclete, e aponta para a revista, onde eu vejo uma mulher branca com as bochechas excessivamente rosadas os cabelos cacheados meio bagunçados.

- É legal - digo, sem muito interesse. Minha cabeça está concentrada no que poderá acontecer em alguns instantes. No que estou prestes a ouvir.

- Tess? - Dr. Geller me chama.

- Me espera aqui - digo à Eileen e levanto.

Prendendo a respiração, entro na sala.

...

Depois dos mesmo exames tediosos e cheios de ansiedade de sempre, eu e o doutor nos sentamos à mesa dele, que cruza os braços em cima desta e diz:

- Olha, seu tumor não regrediu... Mas também não piorou, e isso é um ótimo sinal. Nos últimos anos, a cada consulta que você vinha, ele estava um pouco maior, ou havia se espalhado em alguma outra parte do corpo, mas agora... dessa vez ele está exatamente como estava da última vez, Tess - ele sorri para mim e estende o braço para me tocar. Eu permito, e retribuo o sorriso. Dentro do peito, meu coração palpita nervosamente.

Eu vou viver por mais tempo... Realmente vou viver por mais tempo.

Finalmente, depois de tanto me privar, permito que a esperança e o otimismo tomem conta de mim.

- Eu nem sei o que dizer - falo para ele, um sorriso bastante abobalhado pregado no rosto. - na verdade, eu sei sim. Você pode me dar todo o seu estoque desse remédio, por favor?

O doutor ri e tira da gaveta de sua mesa apenas uma cartela. A mesma quantidade de sempre.

- Até a próxima consulta, Tess. Não exagere nos remédios, ouviu?

Balanço a cabeça e levanto. Saio da sala quase saltitando, de tanta felicidade.

[...]

Eu e a Eileen estamos tomando um café no mesmo lugar de sempre, quando a Sun surge de repente, bastante pálida. Ela arrasta uma cadeira fazendo bastante barulho, e senta-se à minha direita.

- O que aconteceu, Sun? - Eileen pergunta e em seguida da um gole em seu café.

Sun respira com afobação, mas logo fala:

- Eu... Eu fiz uma coisa... Uma coisa terrível... Preciso da ajuda de vocês... Eu... eu não posso confiar em mais ninguém...

- Que diabos você fez? - pergunto, a encarando.

Em silêncio, ela levanta as duas mãos que até então estavam enfiadas em seus bolsos e eu vejo que estão cobertas de sangue.

- Sun, por favor, me diz que esse sangue é seu - Eileen questiona, nervosa.

Para a nossa má sorte, Sun balança a cabeça negativamente.

- Vocês precisam vir comigo. Agora.

Ela não espera por uma resposta. Apenas levanta e sai do café. Com um pulo, eu e a Eileen saímos de nossas cadeiras e a seguimos.

[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora