Estou voltando para casa pela milésima duzentésima vez desde que comecei a contar essa história; estou sentada no banco de trás do carro da minha mãe enquanto ela dirigi e tenta me animar de alguma forma.
- Quer fazer alguma coisa hoje, querida?
- Cadê o Charlie, ein? - pergunto, ignorando totalmente o que ela acaba de dizer
- Eu não sei - ela responde.
- Não nos falamos ontem... Será que eu devo me procurar?
- Com o que, exatamente? - minha mãe para o carro na frente da nossa casa e olha pra trás.
- Sei lá, vai que ele encontrou uma garota mais bonita e peituda que eu e descobriu que a ama? - digo e três segundos depois eu solto uma gargalhada muito alta. - é claro que ele não faria isso. Aquele ali me ama.
Minha mãe sorri e tira o cinto.
- Fico realmente muito feliz por vocês dois.
- É, eu também - admito.
Ela sai do carro e vai até o porta malas, de onde tira a cadeira de rodas que nos foi emprestada pelo hospital.
Eu apenas fraturei a perna por conta da queda (teria sido muito pior se o Charlie não tivesse se acabado naquela escada comigo ), mas os médicos acharam melhor que eu não fizesse esforço na perna fraturada por alguns dias.
Com muito esforço, minha mãe me ajuda a sair do carro e me coloca na cadeira, onde me empurra pelo gramado até os degraus da varanda. Ela me ajuda a ficar de pé e novamente me ajuda a subir a escada de madeira.
Finalmente entramos e ela me empurra na cadeira de rodas até a sala, onde me ajeita em frente à TV.
- Quando seu pai chegar ele te leva lá pra cima.
- Que horas ele chega? - pergunto, ligando a TV.
- Depois do almoço... Ele quis muito ir te buscar, mas não pode sair do trabalho assim.
- Eu entendo, mãe, relaxa... Tá afim de ver um filminho hoje?
- Pode ser depois que eu preparar o almoço?
Balanço a cabeça, ela me dá um beijo na testa e vai em direção à cozinha.
Assisto por alguns minutos Doctor Who quando escuto a campainha tocar e minha mãe gritar:
- Deixa que eu abro! - ainda pegando o jeito com a cadeira, viro para a entrada da sala e espero para ver quem é, rezando desesperadamente para que seja o Charlie.
Não é.
É uma visita muito mais louca e que eu seria mais provável Jesus bater na minha porta do que essa pessoa.
- Olha só quem está aqui!!
- John? John?!! Que diabos você tá... JOHN?
John sorriu e veio de braços abertos para mim. Eu estou, no mínimo, perplexa.
Tá, agora você estar se perguntando quem diabos é John. Vamos lá: John costumava ser meu vizinho desde que eu tinha 4 anos e éramos melhores amigos; mas, no meu aniversário de 11 anos (esse dia é oficialmente marcado pelas piores notícias) ele se mudou para uma cidade no interior dos Estados Unidos e nunca mais a gente se falou. Até hoje.
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[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess
Dla nastolatkówEsse é o relato de uma garota com câncer que sabe que irá morrer, e de um garoto sem muitas expectivas na vida, cuja felicidade é encontrada nos olhos coloridos de uma menina ruiva. A contagem regressiva de Tess e Charlie é uma história sobre como...