Eu, a Tess e o George estamos esperando o trem que chegará a qualquer minuto para Londres. George fala ao telefone e eu lanço um olhar sutil à Tess, que encara os próprios pés.
- Esta tudo bem? - pergunto. Ela levanta a cabeça e sorri.
- Sim, só estou ansiosa.
- Eu também.
Menos de um minuto depois, ouvimos o som inconfundível de trem se aproximando sobre os trilhos.
- Preparada? - pergunto. Como resposta, ela assente e segura as alças da mochila com as duas mãos.
- Vamos - George nos chama quando trem pára na nossa frente e abre as portas. Os passageiros saem, apressados como se todos estivessem atrasados para algo realmente muito importante.
Entramos no trem e passamos pelo corredor à procura da nossa cabine. A encontramos segundos depois. Colocamos nossas bagagens no bagageiro e George diz:
- Vou ao banheiro.
Me sento à frente de Tess, que tem a cabeça virada para a janela.
- Pensando em alguma coisa super maneira?
- Não - ela fala calmamente. - só estou desejando que nada de ruim me aconteça nessa viagem.
- Nada vai acontecer - digo, tentando tranquiliza-lá.
- Não diga o que você não sabe.
O trem começa a andar e nos calamos; a paisagem à minha esquerda se torna embaçada e as casas e prédios vão desaparecendo e surgindo rapidamente.
Olho para a Tess e seus olhos estão fixos na janela. Ela tem um pequeno sorriso nos lábios e eu fico contente por vê-la descontraída.
- Olha, se você for ficar me encarando assim, feito um estranho, Eu vou sair daqui - ela fala, sem desviar o soltos da janela. Dou risada.
- Eu não estou te encarando feito um estranho, relaxa.
- Ótimo.
George volta à nossa cabine e senta-se ao lado da Tess, que ainda observa lá fora.
- Então quer dizer que a Susan está grávida - digo, lembrando de repente da "grande notícia" que o George disse que daria no jantar do dia anterior. - Eu já disse antes, mas parabéns pra vocês dois.
- Obrigado, irmãozinho.
- Parabéns, George - diz Tess, finalmente desviando os olhos da janela. - Espero que essa criança não dê metade do trabalho que o tio já deve ter dado.
George ri.
- Eu também espero. Esse garoto já deu muito trabalho, Tess. Você nem imagina.
- Acho que consigo ter uma noção - ela diz, semicerrando os olhos.
- Eu nunca tinha ouvido falar de você antes - George diz.
- É porque eu ainda sou nova na grandiosa vida do Charlie. Nos conhecemos há umas duas semanas.
- Hum... Então quer dizer que você é do tipo que viaja para casa de irmãos de recém-conhecidos.
Tess sorri e leva a mão ao queixo.
- Eu até teria medo de ser esfaqueada por um de vocês dois, mas eu não tenho muito a perder, então...
- Como assim...?
- Olha aquilo ali - interrompo o George, apontando debilmente para uma árvore do tamanho de uma casa. Não quero entrar nesse assunto. Não agora. Mesmo que a Tess pareça lidar muito bem com o fato de que pode morrer há qualquer momento, eu não posso dizer o mesmo.
- Humm... Uau! - exclama Tess teatralmente. - uma árvore! Aí meu Deus, George, como você pôde se mudar de Manchester?! Aposto que não se vê árvores como essa em Londres!
George da uma gargalhada com a encenação da Tess que, ao se calar, faz movimentos engraçados com as sobrancelhas.
O Sol logo se põe e ainda falta uma hora para o fim da viagem. George está dormindo com a cabeça no ombro da Tess e ela tem os olhos fechados, mas sei que não está dormindo, pois movimenta o dedo indicador num ritmo constante.
- Tess? - chamo e ela abre os olhos calmamente. - já tomou os remédios?
- Eu não preciso que você me lembre dos meus remédios - diz, num tom meio seco.
- Tudo bem, Srta. Auto suficiente. Só queria ajudar.
- Não precisa... Mas foi bom você lembrar, eu tinha esquecido deles - ela desencosta a cabeça do George e levanta, estendendo os braços em direção ao bagageiro.
E aí o tempo parece que desacelera.
Ouço uma grande batida e, um milésimo de segundo depois, tudo vai pelos ares, escuto uma explosão - seguida por gritos desesperados e esganiçados -, vejo a Tess ser arremessada para o lado de fora da nossa cabine, George é lançado na minha direção com tremenda força, sinto uma dor lancinante na cabeça e tudo fica escuro.
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[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess
Teen FictionEsse é o relato de uma garota com câncer que sabe que irá morrer, e de um garoto sem muitas expectivas na vida, cuja felicidade é encontrada nos olhos coloridos de uma menina ruiva. A contagem regressiva de Tess e Charlie é uma história sobre como...