O fim.

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O fim.
Hoje eu acordei com uma dor tremenda no coração. Não sei dizer bem ao certo o que foi, mas aquilo me incomodou. Quando desço para tomar café, meus pais e a Kim já estavam à mesa comendo silenciosamente.
- Bom dia pra vocês - digo, sentando-me ao lado da Kim.
- Dormiu bem querido? - pergunta a minha mãe, enquanto passa manteiga na torrada.
- É - respondo, ocultando a parte em que eu me senti mal quando acordei.
Tomamos café em silêncio e eu percebo que meu pai não olha para a minha mãe nenhuma única vez; talvez ele se sinta envergonhado por tudo o que fez e ainda faz.
Ajudo minha irmã a tirar a mesa e volto ao meu quarto.
Apesar do estranho conselho de não sair de casa hoje, me preparo para tomar banho e ver a Tess; depois de ontem à noite, quando eu meio que me exaletei, tudo o que eu mais quero é poder me desculpar devidamente.
  Tomo uma rápida ducha quente, me agasalho e saio. Talvez mais tarde eu me arrependa de não ter me despedido da minha família. Não sei porque penso isso, mas penso.
Entro no carro e dirijo direto para a casa da Tess mas, ao chegar lá e bater algumas vezes, sou atendido pela Joanne que me conta que a Tesa e a Eileen saíram para tomar um café.
Volto para o carro e dirijo, decidindo se vou procura-la ou se volto para casa. Decido que vou tentar a achar a Tess, e aí uma coisa acontece: ao parar no sinal vermelho, me inclino para o lado e, pelo canto dos olhos, vejo um carro encostar ao lado do meu. Levanto a cabeça e vejo dois caras no banco da frente e, no banco de trás, está Mary e aquela sua outra amiga.
Me agacho rapidamente para que eles não me vejam e permaneço assim até ouvir o som do motor se afastando.
Talvez você me chame de louco por saber o que estou prestes a fazer mas, num alto de total insanidade, eu decido os seguir.
Mantenho uma certa distância do carro e sinto meu coração bater com muita força; apenas quando já estamos próximos ao destino, percebo que ele dirigi para o colégio McGregor.
O carro à minha frente para no estacionamento do colégio e todos que estão dentro dele saem. Aproximo o carro assim que eles entram e me apresso. Que diabos essa gente está fazendo aqui?
Entro no colégio e olho para os dois lados: nenhum movimento. Vou para as escadas e começo a subi-las quando escuto uma voz inconfundível me chamar, bem atrás de mim.
- Charlie? O que você está fazendo aqui? - me viro e vejo a Tess segurando um copo de café.
- O que você está fazendo aqui?
- Vim com a Eileen pegar uns papéis para ela mudar de colégio.
- Vamos sair daqui.
- Por que? Eu vou esperar a Eileen.
- Então vá chama-la e vamos dar o fora. Depois eu te explico - digo, começando a descer os degraus. Mantenho os olhos fixos na Tess e a vejo abrir a boca, ao mesmo tempo que, atrás de mim, ouço uma arma ser engatilhada.
- Vocês não vão a lugar nenhum.
- Por favor.. - peço, ainda sem me virar. - a gente não quer se meter nisso.
- Tarde demais...
- Deixe pelo menos ela ir embora, por favor...
- Subam... AGORA! - ele grita e a Tess estremece.
Lentamente, ela se aproxima de mim e, juntos, subimos os degraus.
- Entrem na primeira sala - diz o homem ecapuzado.
Fizemos o que ele manda e, ao abrir a poeta da sala, vemos a maioria dos funcionários do colégio aqui. Eles estão sentados nos chão e muito até choram.
- Sentem.
Eu e a Tess vamos para o lado do Bill, o zelador só colégio e um antigo amigo. Bill está em silêncio, os braços e pernas cruzados, e os olhos distantes. Quando nos sentamos ao seu lado, ele lança um olhar a nós dois. Um olhar triste. Um olhar que eu nunca o havia visto dar antes.
- O que está acontcendo? - pergunto.
- Psicopatas - ele murmura em resposta. - outros já vieram aqui e conversam com eles. Riram da cara de todos aqui e logo depois saíram. A maioria são ex alunos e eu não entendo o porquê disso tudo.
- Nem eu... - olho ao redor à procura da Mary, mas não a encontro.
- Eu quero sair daqui, Charlie. Estou com medo - Tess sussurra e eu me ajeito para poder abraça-la. Ouço seus soluços baixos e preciso me controlar para não.chorar também.
- Calma, querida. Calma.
Alguns minutos se passam e isso só faz com que a aflição se alastre pela pequena sala. Agora ninguém mais chora, pois todos temos alguma esperança de sair logo daqui.
Mais alguns minutos depois e a porta se abre. Três caras entram, um deles encapuzado - provavelmente o que nos trouxe até aqui - e um deles se aprOxima mais do que os outros e diz:
- O sorteio acabou de ser feito e... - ele levanta um pequeno pedaço de papel na mão direita. - número.sete.
Sinto um frio na barriga e me pergunto se sete é o número de pessoas que serà liberadas, quando...
- Sabe o que esse número significa? Que eu - fala o cara de capuz. - terei o prazer de matar sete de vocês.
Preciso respirar muito fundo para não vomitar. Seguro a mão da Tess com ainda mais força.
Os choros retornam e o desespero só aumentam e os caras não parecem gostar nem um pouco.
- Calem a boca! - um deles grita, mas ninguém obece.
Num ato de total fúria, o cara de capuz saca a arma e atira na direção oposta onde estou, mas eu tremo mesmo assim.
As pessoas seguram o choro e abafam os gritos, mas o pavor está estampado em aeua rostos. Ele matou alguém. Matou alguém sem hesitar.
- Agora faltam seis - diz, seu tom de voz meio sorridente.
- Você - ele aponta para uma mulher que está abraçada à outra. - venha aqui agora - ela balança a cabeça negativamente. - tudo bem então. Não me.importo de atirar com você aí. Quer dizer alguma coisa? - como ela não diz nada, ele atira.
No meio da sala, uma mulher não consegue segurar o grito, e isso atrai o olhar do cara sobre ela.
- Olá, número três. Quais serão suas últimas palavras?
- Eu tenho uma filha... - ela sussurra para ele, em meio a lágrimas. Para a nossa supresa, o homem tira o capuz e se agacha à frente dela.
- Eu também já tive um - e, colocando a arma na testa dela, ele atira.
Olho para a Tess e vejo que seus olhos estão fechados e ela profere algumas palavras silenciosas. Fecho meus olhos também e enfio meu rosto entre seu ombro e seu pescoço.
Número quatro.
Número cinco.
Ouço os desparos após a cruel pergunta: "quais serão suas últimas palavras".
Me arrisco em abrir os olhos e vejo o cara olhar na nossa direção. Abraço a Tess ainda mais apertado.
- Você - ele aponta; não para mim, mas para o Bill. - quais suas últimas palavras?
- Vai se foder - Bill fala alto e os outros caras dão risada. O homem com a arma também ri, mas atira mesmo assim, e o sangue respinga em mim e na Tess.
Não consigo olhar para o Bill, então torno a fechar os olhos.
- Você, de cabelo cacheado. Você mesmo, de olhos fechados.
Eu abro os olhos e o vejo apontar a arma para mim. Prendo a respiração.
- Quais suas últimas palavras? - ele pergunta mais uma vez. Pela última vez. Há um sorrisinho em seus lábios.
Antes que eu possa pensar em alguma coisa, ouço a voz dela dizer.
- Não o mate. Me mate. Me mate, por favor, mas não mate ele.
- Olha só, a namoradinha querendo salvar o grande amor - estou congelado demais para conseguir bolar uma frase. - se esse é o seu desejo - ele aponta a arma para ela. - quer falar alguma coisa?
- Tess... - finalmente consigo dizer.
Tudo acontece muito rápido; o cara engatilha a arma e eu me mexo. Agora o tempo desacelera. Vejo a bala sair de dentro da arma e voar na nossa direção. Não consigo ouvir mais nada.
A bala voa com mais velocidade e entra no peito da Tess, atravessa, e eu a sinto entrar no meu peito.
Uma dor lancinante percorre todo o meu corpo. Nós dois caímos, ainda de mãos dadas. Eu não a vejo, mas gostaria de poder vê-la. Cara, como eu gostaria de poder dar uma última boa olhada na minha garota. Na garota dos meus sonhos. Mas agora...acho que agora é tarde demais. Eu sei que vou morrer e é horrível pensar isso mas, ao menos estou morrendo ao lado da Tess e agora sei - tenho certeza - que poderemos passar toda a eternidade juntos.

 Geeeeeeeeeeeeeeeeeeeente, acabou :/ é como dizem, tudo que é bom dura pouco. Enfim, esse é o fim de mais uma história, e que foi muito importante pra mim, porque eu aprendi bastante - tanto na escrita, quanto no conhecimento sobre a minha época favorita. Escrever é sempre um desafio para mim; mas é aquele desafio gostoso, em que eu sinto prazer de aproveitar cada segundo, e cada dificuldade (quando a inspiração não vem, ARRRG). Eu provavelmente já disse isso, mas vou repetir: escrever é a coisa que mais gosto de fazer no mundo, por isso eu provavelmente nunca pararei de fazê-lo (a não ser que tirem meus dedos).  Eu tenho estado sem inspiração nessas últimas semanas, talvez por falta de animação, talvez por falta de incentivo. Eu não sei. Espero que tudo isso tenha passado, para que eu possa voltar a escrever.

[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e TessOnde histórias criam vida. Descubra agora