Faz cinco dias desde o incidente com a mãe do Charlie... Cinco dias que nós dois mal nos falamos, pois ele está fazendo o que pode e também o que não pode para encontrar um lugar legal e seguro para a mãe ficar. Depois da tentativa de suicidio, a Meredith foi diagnosticada com algum problema na cabeça que eu não lembro o nome, e também não faz diferença nenhuma. Agora o Charlie e os médicos que a estavam tratando, acharam melhor coloca-la em alguma clinica para que ela possa se recuperar melhor.
"Sinto muito se não estou sendo um bom marido nesses últimos dias, mas... você sabe, com tudo o que está acontecendo, eu só quero ajudar a minha mãe a sair dessa. Você me perdoa? Eu te amo muito" foi uma das últimas coisas que ele disse há dois dias, quando nos falamos pela última vez.
Agora eu estou sentada de frente para o meu médico, enquanto ele me preescreve algum novo remédio que está sendo testado e que, segundo ele: "está trazendo bons resultados".
- Mas você me disse que eu não teria muito mais que alguns meses, independente dos remédios.
- É, eu disse, mas eu não sabia da existência desse remédio. Nem eu sei como ele funciona direito, mas...
- Eu não tenho muito a perder, né? - completo para ele, que balança a cabeça.
- Você continuará com seus remédios normais, e só precisará tomar esses aqui antes de dormir.
- Com sorte eu paro de enjoar todos os dias feito uma grávida descontrolada.
- Olha, eu não quero ser muito otimista, mas... quem sabe você viva mais alguns anos...
Me permito dar um sorriso de esperança para ele, que retribui. Nos despedimos e eu saio da sala onde encontro minha mãe do lado de fora lendo a uma revista qualquer.
- E então... como foi?
Ela guarda a revista e se levanta
- Ele me indicou um novo remédio... parece que ele tem trazido bons resultados para quem os tomou e... bom, eu sou a cobaia da vez
- Não fala assim, filha! Imagina só, você ficando boa logo...!
- Mãe, eu nunca vou ficar boa, ok? No máximo, viverei mais alguns anos - digo, vendo o sorriso da minha mãe quase morrer. Quase. Ela me abraça e eu não posso deixar de sentir uma pontada, do tamanho de um buraco negro, de felicidade.
- Recebeu alguma noticia do Charlie? - minha mãe me pergunta, quando entramos no carro.
- Não... - respondo, meio triste por estar a tanto tempo sem falar com ele.
Eu até tenho vontade de passar na casa dele, mas tenho medo de dar uma de namorada grudenta e incompreensiva, por isso prefiro ir para casa com a minha mãe onde, sentadas nos degraus na nossa varanda, vejo Eileen e Sun, ao sair do carro.
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[CONCLUÍDA] A Contagem Regressiva de Charlie e Tess
Roman pour AdolescentsEsse é o relato de uma garota com câncer que sabe que irá morrer, e de um garoto sem muitas expectivas na vida, cuja felicidade é encontrada nos olhos coloridos de uma menina ruiva. A contagem regressiva de Tess e Charlie é uma história sobre como...